“Fiquei indignado“: Governador de SC se manifesta após acusação de saudação nazista em telhado
Veja a carta aberta ao povo catarinense escrita pelo governador
• Atualizado
O caso de uma acusação de saudação nazista em telhados de casas em Urubici, na Serra Catarinense, resultou em uma carta do governador Jorginho Mello, nessa quarta-feira (24). No texto, o chefe do executivo criticou o erro da jornalista do jornal Folha de São Paulo. O governador diz na carta que se revoltou com o erro: “fiquei indignado“.
A jornalista viu a palavra “Heil“ escrita nos telhados e associou a palavra com a saudação nazista “Heil Hitler”, salve hitler, em português, e escreveu uma coluna fazendo a associação da palavra com o fascismo. Entretanto, o escrito no telhado nada mais é do que os sobrenome dos proprietários das casas.
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“A pretensa jornalista que veio passear com a família onde – em Santa Catarina, na nossa linda Urubici – escreveu que havia saudações nazistas em telhados de casas, o que não a surpreendia por estar em um estado onde as pessoas elegeram um fascista. A moça ainda conta que confirmou aos filhos a fake news“, escreveu o governador.
O governador diz no texto que o escrito no telhado é uma tradição da família proprietária das casas. “Fiquei indignado de uma jornalista escrever sem apurar. Ela não sabia que escrever nome da família no telhado já era uma tradição de mais de 30 anos dos Heil, justamente para facilitar aos turistas a localização da pousada, quando não havia internet. Que esse sobrenome foi carregado por ilustres catarinenses“.
Jorginho finaliza o texto pedindo que a jornalista se informe antes de escrever e também que, em caso de alusão ou escritos, realmente, relacionados ao nazismo, o Governo do Estado é combativo contra esse tipo de pensamento: “que fascismo e nazismo são crimes imperdoáveis. Que Santa Catarina tem uma Delegacia de Repressão ao Racismo e Crimes Hediondos“.
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Artigo: Carta ao povo catarinense
Quem vos escreve é Jorginho Mello, governador de Santa Catarina, nascido e criado aqui, conhecedor dos 295 municípios que formam nosso Estado e eleito por 71% de vocês. Quando me dirijo ao povo catarinense estou falando com você, que é descendente de alemães, com os que carregam sangue italiano, com a colônia japonesa, a açoriana, a venezuelana, a haitiana, a russa e a ucraniana. Com os vizinhos gaúchos e paranaenses que vieram pra passear e fincaram raízes aqui, com o paulista, o nordestino, o goiano. E também com quem nasceu em Santa Catarina, entre eles os caboclos do Meio Oeste, com quem me identifico.
A gente se orgulha de viver aqui, né? Um estado pequeno em território, mas gigante em tanta coisa. Nossos indicadores reconhecem a nossa grandeza na qualidade de vida, na natureza, no turismo, na indústria, no comércio, na gastronomia, na segurança e por aí vai. É de encher o peito de orgulho quando a gente vê a pequena Santa Catarina nos pódios.
Mas parece que estamos incomodando. Vez ou outra tem alguém falando mal, colocando rótulo, inventando história. Quando é comigo eu fico bravo, mas deixo passar. Sei que homem público está sujeito a essas coisas, e desde os 18 anos estou na política.
Agora, quando falam mentiras sobre o povo catarinense, é minha obrigação sair em defesa de vocês.
Começou com uma notinha aqui, um post ali, e em pouco tempo foi se criando uma narrativa de que o catarinense é nazista. O auge dessa ofensa ao nosso povo veio em forma de um artigo em jornal de circulação nacional.
A pretensa jornalista que veio passear com a família onde – em Santa Catarina, na nossa linda Urubici – escreveu que havia saudações nazistas em telhados de casas, o que não a surpreendia por estar em um estado onde as pessoas elegeram um fascista. A moça ainda conta que confirmou aos filhos a fake news.
Fiquei indignado de uma jornalista escrever sem apurar. Ela não sabia que escrever nome da família no telhado já era uma tradição de mais de 30 anos dos Heil, justamente para facilitar aos turistas a localização da pousada, quando não havia internet. Que esse sobrenome foi carregado por ilustres catarinenses. Que fascismo e nazismo são crimes imperdoáveis. Que Santa Catarina tem uma Delegacia de Repressão ao Racismo e Crimes Hediondos.
O povo catarinense fica chateado com essas coisas. Mas a moça pode continuar vindo aqui passear com a família, porque nós estamos de braços abertos para todos. Só pedimos que, da próxima vez, se informe antes de escrever. O nazismo começou justamente por quem impunha suas ideias à força.
Nós aqui não somos assim. Somos um povo que sorri, acolhe, gosta de festa, alegria e trabalho. Por isso, volte sempre, moça. Só não toleramos a intolerância.
Jorginho Mello, governador de Santa Catarina
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