Ex-chefe da PRF nega ter atuado para prejudicar Lula no 2º turno
Na CPMI do 8/1, Silvinei Vasques citou dados das blitzs em rodovias na eleição e diz que é fake news ação no NE pró-Bolsonaro
• Atualizado
O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques apresentou dados sobre a Operação Eleições 2022, em depoimento à CPMI dos Atos Golpistas do 8/01, nesta terça-feira (20), para confrontar as suspeitas levantadas contra ele de que teria usado a instituição para favorecer o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno da disputa, nas blitzs realizadas em rodovias, em especial, na região Nordeste.
“Se falou muito que a PRF, no segundo turno da eleição, direcionou a sua fiscalização pro nordeste brasileiro, mas isso não é verdade.” Vasques abriu a fase de depoimentos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI).
Vasques abriu seu depoimento com a afirmação de que a CPMI era a “primeira oportunidade de esclarecer” os fatos, após oito meses. “Então agradeço muito.” Por cerca de 20 minutos, fez uma fala inicial antes de iniciar a fase de perguntas dos parlamentares.
Com um dossiê de defesa de mais de 300 páginas, com informações de “bancos de dados da PRF e instituições de segurança do Brasil”, o ex-chefe da PRF de Bolsonaro defendeu a polícia.
O ex-chefe da PRF de Bolsonaro citou dados para confrontar as afirmações divulgadas no noticiário de que houve direcionamento das ações no Nordeste, explicou o alto efetivo na área, falou sobre sua relação com o ex-presidente, sobre a origem das suspeitas de direcionamento das ações, sobre a reunião que teve no dia 30 de outubro com o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), entre outros.
Segundo Vasques, a operação da PRF nos dias de votação é padrão e o alto número de equipes e gastos no Nordeste se deve a dimensão da região. “(A) maior quantidade de unidades da PRF estão no estado do Nordeste, onde também se encontra o maior efetivo da instituição.”
Vasques classificou as suspeitas levantadas contra a atuação da polícia nas eleições de “maior injustiça que foi realizada contra a PRF”. Segundo ele, “não existe, até o presente momento, qualquer registro de que um cidadão brasileiro, apenas um, que deixou de votar no dia 30 de outubro pelo trabalho de fiscalização da Polícia Rodoviária Federal”. “Não existe nos registros.”
Com os documentos impressos trazidos por ele e defesa, Vasques negou que a PRF “trabalhou para prejudicar” o então candidato e atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“A PRF operou em 618 pontos no Brasil, em 310, segundo dados agora de abril TSE, Lula venceu, em 318 venceu o presidente Bolsonaro. Então a PRF atuou mais nos locais onde o presidente Bolsonaro venceu do que nos locais que o presidente Lula ganhou”
O ex-chefe da PRF citou ainda políticos e policiais que teriam iniciado no dia 30 de outubro as notícias de que havia uma ação para prejudicar eleitores de Lula e disse que foi ele quem foi ao TSE no fim da tarde do dia 30 de outubro, para se reunir com Moraes e apresentar os dados da operação e a falta de impedimento de que ônibus prosseguirem aos locais de votação.
Após sua fala inicial, Vasques passou a ser inquirido pela relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), autora inicial do pedido de depoimento.
Convocados
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro aprovou a convocação do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Marco Edson Gonçalves Dias, e do coronel Jean Lawand Júnior. Na semana passada, foram divulgadas mensagens de teor golpistas entre Lawand e o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid. Outro convocado foi o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura da Cunha.
Na quinta-feira (22), a CPMI deve ouvir mais dois depoimentos. O primeiro, será o perito da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) Renato Martins Carrijo, que assinou o laudo pericial da bomba deixada no Aeroporto Internacional de Brasília, no dia 24 de dezembro. Na sequência, deve ser ouvido o principal acusado pela tentativa de atentado a bomba, George Washington de Oliveira Sousa.
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