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Trama golpista

Entenda o passo a passo do plano golpista para sequestrar Alexandre de Moraes

Segundo a PF, esquema foi organizado para acontecer no dia 15 de dezembro de 2022

• Atualizado

SBT News

Por SBT News

Foto: Reprodução/SBT News
Foto: Reprodução/SBT News

O jornalismo do SBT reconstruiu o plano de sequestrar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após a vitória do então candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022. A equipe foi até os locais onde os passos do magistrado foram monitorados pelos militares envolvidos na trama golpista.

Segundo as investigações da Polícia Federal (PF), Brasília por pouco não foi palco do sequestro de um ministro do STF no dia 15 de dezembro de 2022. A semana da diplomação dos eleitos para a Presidência da República foi escolhida pelo grupo – formado por militares e integrantes do governo de Jair Bolsonaro (PL) – para colocar o plano em ação.

Seis militares das Forças Especiais do Exército estavam em pontos estratégicos da capital federal. O Parque da Cidade era um desses locais, situado na área central de Brasília, onde dois agentes estavam posicionados em um estacionamento, em frente a um restaurante.

Os homens que estavam responsáveis pela captura de Moraes se comunicavam por um grupo chamado Copa 2022. Cada integrante se identificava pelo codinome de um país. O cruzamento das mensagens levou a PF a encontrar outros dois pontos de ação dos militares: o STF e o apartamento funcional do ministro, na Quadra 312 da Asa Sul.

Planejamento

escolha dos locais e a elaboração do plano de sequestro começaram a ser feitas no Palácio do Planalto, mais de um mês antes do dia escolhido para a ação. Segundo a PF, no dia 09 de novembro de 2022 – poucos dias após a vitória de Lula nas urnas – o então número dois da Secretaria-Geral da Presidência, o general Mário Fernandes, escreveu e imprimiu o plano Punhal Verde e Amarelo. Minutos depois, o militar deu entrada no Palácio da Alvorada, onde estavam Bolsonaro e seu ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid.

O plano descrevia a necessidade de se estudar os locais frequentados pelo ministro, as rotas mais utilizadas, horários e agendas. O monitoramento deveria acontecer por, no mínimo, duas semanas, tanto no Distrito Federal, quanto em São Paulo – estado natal de Alexandre de Moraes.

Em 21 de novembro, a vigilância foi iniciada. Para evitar o rastreamento, os chips que seriam utilizados na comunicação do grupo criminoso foram comprados em Minas Gerais. As linhas telefônicas foram habilitadas com uso de dados roubados de pessoas que sequer vivem no DF. Um dos envolvidos na ação foi até uma farmácia no centro comercial do bairro Sudoeste, em Brasília, e colocou crédito nas linhas. Mais uma vez para não deixar rastros, o pagamento foi feito em dinheiro.

Em outra frente, segundo a PF, o então presidente Bolsonaro se reunia com os chefes das Forças Armadas e membros do alto comando do Exército, em busca de apoio para concretizar o golpe de Estado.

O dia do sequestro

De acordo com as investigações, no dia da execução do plano o tenente-coronel Rafael de Oliveira, que utilizava o codinome Japão, estava posicionado no STF. “Gana” estava na residência do ministro. “Brasil” e “Áustria”, no Parque da Cidade. “Argentina”, em uma região entre esses dois últimos pontos. “Alemanha”, apontado como o líder do grupo, não teve a localização identificada.

O grupo estava posicionado por volta das 20h30. Desde o início da tarde, Alexandre Moraes estava no prédio do STF participando de uma sessão com os demais ministros da Corte. Quase às 21h, o suposto líder do grupo do sequestro compartilhou a notícia de que a reunião do Supremo havia sido interrompida e o julgamento adiado. A operação de captura de Moraes, então, foi abortada.

Segundo os investigadores, não foi somente o adiamento da sessão no STF que evitou que o ministro fosse sequestrado e, possivelmente, assassinado pelo grupo. A recusa dos comandantes do Exército e da Aeronáutica em aderir ao plano golpista também contribuiu para o fracasso da operação.

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