Política Compartilhar
Licença

Desembargador do Paraná tira licença após afirmar em sessão que ‘mulheres estão loucas’

O corregedor nacional de justiça, Luis Felipe Salomão, instaurou uma reclamação disciplinar contra o desembargador

• Atualizado

SBT News

Por SBT News

Luís César de Paula Espíndola, desembargador da 12ª Câmara Cível do TJPR (Tribunal de Justiça do Paraná), tirou licença de quatro semanas após dizer, em sessão da Corte, que “mulheres estão loucas atrás de homens”. A informação foi confirmada pelo tribunal nesta quarta-feira (10).

Na sexta-feira (5), o corregedor nacional de justiça, Luis Felipe Salomão, instaurou uma reclamação disciplinar contra o desembargador. O procedimento será conduzido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), cujo objetivo é apurar se houve ilícitos éticos ou funcionais na fala polêmica.

“Chegou ao conhecimento da Corregedoria Nacional de Justiça que, em sessão da 12ª Câmara Cível ocorrida no dia 03/07/24, o desembargador Luis César de Paula Espíndola teria proferido fala de conteúdo potencialmente preconceituoso em relação à vítima menor, além de ter tecido comentários inadequados e de conteúdo aparentemente misógino”, escreveu Salomão.

Após instaurar a reclamação, Salomão abriu prazo de 15 dias para que Espíndola se manifeste. Na sequência, o corregedor deve concluir o relatório indicando se o desembargador deverá ou não ser submetido a um Processo Administrativo Disciplinar (PAD).

O PAD resulta em sanções administrativas, como advertência, remoção ou aposentadoria compulsória. O processo tramitará sob segredo de justiça.

Entenda o caso

Luís César de Paula Espíndola, desembargador do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), afirmou durante sessão de audiência da Corte que julgava o caso de uma menina de 12 anos que se sentiu assediada por um professor, nessa quarta-feira (3), que “as mulheres estão loucas atrás de homens”.

Em nota, ele disse que não tinha intenção de menosprezar o comportamento feminino.

A adolescente relatou ter medo de frequentar a disciplina, pois em uma ocasião, o professor teria mandado uma mensagem para ela durante o horário da aula com elogios, além de piscadas e olhadas maliciosas.

Espíndola não concordou em condenar o acusado, além de afirmar que não se passava de ego de adolescente. Confrontado por uma desembargadora presente no julgamento, ele rebateu dizendo que os argumentos apresentados por ela eram alegações do “discurso feminista”.

“Se vossa excelência sair na rua hoje em dia, quem está assediando, quem está correndo atrás de homens, são as mulheres, porque não tem homem. Esse mercado está bem diferente. Hoje em dia, essa é a realidade, as mulheres estão loucas atrás de homens, porque são muitos poucos. É só sair a noite, eu não saio muito à noite, mas eu tenho funcionárias, tenho contato com o mundo. A mulherada está louca atrás dos homens”, fala Espíndola

O desembargador continua dizendo que não há homem suficiente e que as mulheres “estão loucas para levar um elogio, levar uma piscada, uma cantada educada, porque elas é que estão cantando, elas que estão assediando”.

Ele continua disparando que, devido à falta de opções masculinas, as mulheres têm recorrido aos animais, citando especificamente os cachorros e que a paquera é algo sadio, normal e que sempre existiu.

“A atração é coisa dos sexos, agora dizer que é uma afronta à sexualidade, um desrespeito… nunca foi […] Ninguém está correndo atrás de mulher, porque está sobrando. É só andar por aí, no dia a dia”, pontua

Em nota, Espíndola diz que “não teve a intenção de menosprezar o comportamento feminino”, argumentando que sempre defendeu a igualdade entre os homens e as mulheres na vida pessoal e em suas decisões.

“Lamento profundamente o ocorrido e me solidarizo com todas e todos que se sentiram ofendidos com a divulgação parcial do vídeo da sessão”, pontuou.

O Tribunal de Justiça do Paraná e a Ordem dos Advogados do Brasil do Estado também se pronunciaram. Em nota, o TJPR revelou que “não endossa os comentários feitos pelo desembargador” e que uma investigação preliminar foi aberta.

A Corte aponta que o Espíndola terá prazo de 5 dias para se manifestar.

> Para mais notícias, siga o SCC10 no TwitterInstagram e Facebook.

Quer receber notícias no seu whatsapp?

EU QUERO

Ao entrar você esta ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

Fale Conosco
Receba NOTÍCIAS
Posso Ajudar? ×

    Este site é protegido por reCAPTCHA e Google
    Política de Privacidade e Termos de Serviço se aplicam.