8/1: atos golpistas completam 1 ano com prejuízos que passam dos R$ 20 milhões
O Supremo Tribunal Federal (STF) lidera os gastos, em uma conta que passa dos R$ 12 milhões, com impacto em quase mil itens
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Os atos golpistas de 8 de janeiro completam 1 ano nesta segunda-feira (8) com prejuízos que ultrapassam a casa dos R$ 20 milhões. Os gastos levam em conta ações cometidas contra obras artísticas e estruturas das sedes dos Três Poderes, em Brasília. Mas a conta ainda pode ser maior. A revitalização da maior parte de peças do Palácio do Planalto não foi contabilizada. Enquanto isso, o Supremo Tribunal Federal (STF) lidera os gastos, em uma conta que passa dos R$ 12 milhões.
A Corte foi um dos principais alvos de vandalismo, com impacto em quase mil itens. O edifício-sede precisou passar por reparos, que custaram mais de R$ 8,6 milhões. Entre as ações estiveram a reconstrução do plenário, com troca de carpetes e cortinas. O Supremo contabiliza 951 objetos furtados, quebrados ou completamente destruídos.
Até o momento, 116 itens foram restaurados. Na lista estão esculturas (22), telas e tapeçarias (21), galerias de retratos, móveis e objetos, como vasos e lustres. Parte do acervo ainda não foi reconstituída, pelo processo de aquisição de materiais, além dos que ainda estão em fase de estudo para conclusão do processo. Os custos levam em conta material e mão de obra.
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“Foram perdidos 106 itens históricos de valor imensurável, como esculturas e móveis que não puderam ser restaurados e não podem ser repostos”, diz nota encaminhada pelo Supremo à reportagem. “Diante desses dados, não há como estimar o custo individual de cada restauração”, aponta em outro momento.
O Congresso Nacional, por sua vez, teve gastos que superam os R$ 6,7 milhões. Tanto a Câmara dos Deputados quanto o Senado tiveram peças artísticas afetadas. Na Casa Alta, um painel em madeira com figuras do artista plástico Athos Bulcão foi alvo de danos por estilhaços de vidros. A tapeçaria de Burle Marx, de 1973, que fica no Salão Negro, também foi vandalizada. Devolvida ao Congresso em outubro, a obra teve um custo de R$ 250 mil. Ela havia sido arrancada da parede e suja com urina e pó de extintor de incêndio.
Hoje, a partir das 14h, o SBT News exibirá uma cobertura especial sobre o evento.
Na Câmara, o acervo cultural, que reúne itens como pinturas e esculturas, teve um impacto de R$ 1,4 milhão. Há, ainda, a identificação de que alguns itens seguem desaparecidos. Como um presente do Catar, direcionado ao então presidente da Câmara, ex-deputado Rodrigo Maia (PSDB-RJ), avaliado em R$ 5 mil, além de itens patrimoniais – cartões de memória, microfones, capacetes e escudos. Entre os objetos desaparecidos, ou que não podem ser reparados, há um prejuízo que passa de R$ 100 mil.
Danos no Planalto ainda não calculados
Com ataques à obras e estruturas, os gastos do Palácio do Planalto ainda não foram totalizados. Ações para corrigir os danos de estrutura, como troca de vidros, bancadas e pintura de espaço, tiveram um impacto de R$ 297 mil aos cofres públicos. A maior despesa, no entanto, deverá ser relacionada às peças artísticas, sob avaliação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan).
Após o atentado, o instituto antecipou que, apenas uma pintura, terá um gasto que ultrapassa os R$ 3 milhões. Trata-se da peça sobre tela “As Mulatas”, de Emiliano Di Cavalcanti. Obra considerada histórica, a tela de 1962 estava exposta como um mural, no Salão Nobre do Palácio do Planalto, e foi perfurada por faca sete vezes.
Entre os reparos que ainda serão contabilizados está a recuperação do relógio histórico Balthasar Martinot Boulle, que pertenceu a Dom João 6º, no século XVII. O dano cometido contra a peça é considerado grave: uma estátua de Netuno, no topo do relógio, foi arrancada. Assim como os ponteiros e números. A ação para recuperação será feita em parceria com a Suíça.
Ao todo, treze peças de arte ainda serão revitalizadas pelo Iphan. Ao SBT, o presidente do instituto, Leandro Grass, destaca a importância histórica e cultural da restauração das obras. “Primeiro, nós temos o valor cultural em si, o valor estético e o valor político, democrático dessas obras de arte. E recuperá-las, além de um gesto de cuidado e apreço pela cultura, pelas obras de arte, é também uma resposta no sentido de valorizar o que elas representam, sua simbologia democrática quanto à identidade do país enquanto uma república e uma democracia”, diz.
Obras danificadas serão reexibidas
Parte das obras danificadas há um ano será novamente apresentada nesta segunda-feira. A ação faz parte do ato em defesa da democracia, que marca a lembrança dos ataques às sedes dos Três Poderes. O evento contará com a presença de autoridades, no Congresso Nacional. Entre os itens previstos para entrega está a réplica da Constituição Federal, que ficava exposta no STF e foi furtada no dia dos ataques.
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