Vanessa Rouvier

Ceo & Founder Le Scarpin, empreendedora, líder focada no encorajamento da mulher.


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Vanessa Rouvier

Queimou o arroz ou salvou a empresa?

Sempre vai ter algo em que vai falhar ou não vai conseguir se doar 100%. E tudo bem!

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Foto Pixabay
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Quantas vezes ao longo desses meses de home office você largou seu computador para desligar o fogo que o arroz estava queimando? 

Segundo a Revista PEGN, mais de 80% dos negócios liderados por mulheres fecharam ou funcionaram parcialmente durante a pandemia.

Essa é a realidade da maioria das mulheres em nosso país, mesmo daquelas que não tem o seu negócio, mas que também não puderam manter os seus empregos pois não tinham com quem deixar as crianças. 

O que isso significa?

Uma pesquisa da RME mostra que as mulheres, em sua maioria, quando empreendem buscam territórios chamados de áreas de conforto. Estética, moda, beleza, alimentação, seja em casa, em restaurante. E esses foram os setores mais afetados pela pandemia. Tudo bem, faz sentido essa explicação. Também podemos justificar que mulheres, também como maioria, têm negócios off-line e eles também foram atingidos pela pandemia. Ou ainda, segundo Dani Junco, fundadora da Be2Mamy, falta habilidade mesmo, técnica, de falar “vou transformar a aula que dou aqui pro digital, vou transformar a venda do que eu faço aqui pra onde?”

Mas além de todas essas justificativas, devemos conversar sobre outras questões importantes, que estão mais a nosso alcance no curto prazo. A questão mais profunda e importante que é a nossa cultura, o costume de fazer as coisas como nossos avôs faziam. Por que o emprego do homem continua sendo mais importante que o da mulher? Por que a criação dos filhos continua sendo responsabilidade da mulher? Quantas mulheres permitiram que seus maridos assumissem a aula online dos filhos? 

Isso mesmo, você leu certo, permitiram. Porque o que nós fazemos é assumir tudo, nos obrigamos a dar conta de tudo e, quando vemos, estamos esgotadas e simplesmente com a vida totalmente desequilibrada. 

Claro que eu sei que existem composições familiares que são diferentes e que o equilíbrio funciona melhor, mas infelizmente não na sua maioria. E o que eu estou trazendo aqui é que precisamos entender de uma vez por todas que isso tudo só acontece porque nós conduzimos desta forma. Não é culpa dos homens! É nossa responsabilidade, somos responsáveis por nossas escolhas e atitudes. 

Dividir e equilibrar

Eu posso dar o meu exemplo, na minha família buscamos nos dividir, meu marido está feliz em exercer o papel dele de pai. Todas as vezes que o desequilíbrio acontece é porque eu atropelo e assumo mais do que eu posso. Quais as consequências disso? Esgotamento! E a verdade é que esgotadas e cansadas não conseguimos cuidar das nossas famílias. Já tem um tempo que eu entendi isso e tenho buscado delegar mais, aceitar que as coisas podem ser feitas de outras formas. E tudo bem!

Todas as vezes que tenho a oportunidade de conversar com grupos de mulheres para contar a minha trajetória ou contanto como a vida se divide entre família, empresa, mentorias e meus trabalhos voluntários, escuto a pergunta. E como você da conta? Como você consegue fazer tudo isso? 

A minha resposta é:

Eu não consigo! Não dou conta de tudo. Não sou boa em tudo. Sempre vai ter algo que vai falhar ou não vou conseguir me doar 100%. No dia que quero ser 100% mãe a empresária vai ficar de lado. Quando escolho me dedicar ao casamento, pode ser que os filhos sintam e por aí vai… E tá tudo bem! 

Você conhece a síndrome do impostor?

A outra questão que eu queria trazer a luz é a síndrome do impostor que de uma maneira ou de outra atinge muitas mulheres também. Você conhece essa síndrome? Já se sentiu assim? 

Esse é um dos maiores motivos pelo qual a mulher é menos promovida em seus empregos que os homens. A mulher dúvida dela, não acredita que esta pronta, preparada. Segunda uma matéria da Você S.A, as mulheres só se candidatam a uma vaga de emprego ou a uma promoção quando se sentem 100% prontas. 

E precisa ser assim?

A síndrome da impostora pode acometer qualquer pessoa, mas parece que as mulheres têm certa tendência a se sentir dessa forma. Pelo menos é o que aponta uma famosa pesquisa feita pela companhia de tecnologia HP em 2014.

O levantamento mostrou que a maioria das funcionárias da empresa só se candidataria a uma vaga se preenchesse 100% dos pré-requisitos. Entre os homens, ter apenas 60% das competências já seria o bastante para concorrer à posição.

Embora tenha sido desvendado há seis anos, esse comportamento feminino parece continuar ecoando nos dias atuais. Tanto que, segundo um levantamento divulgado pelo LinkedIn, com base nos dados de mais de 610 milhões de membros da rede social em 200 países, as mulheres são 20% menos propensas a se candidatar a um emprego em comparação com os homens.

E sabe o que essa pesquisa mostrou também? Que as mulheres têm 16% mais chances de serem contratadas que os homens após uma entrevista de emprego. 

Você deve estar se perguntando, então por que isso acontece? Por que as mulheres se sentem assim? Por que eu me sinto assim? 

Uma resposta conhecida

Uma das explicações ainda é a nossa cultura, ainda estruturalmente machista e que influencia, mesmo inconscientemente, a forma como as mulheres são criadas — e o modo como se comportam quando ingressam no mercado de trabalho.

Segundo especialistas, isso ocorre porque os meninos são, em geral, educados para ser ousados e correr riscos. Já as mulheres são encorajadas a ser sensíveis e a apostar no que é seguro.

E aí? Como você se sente diante desses fatos? O que podemos fazer para mudar essa realidade? 

Eu pensei muito escrevendo esse artigo, e o que eu penso é que todas as conjunturas funcionam desde que todos os envolvidos estejam felizes com os acordos e combinados. O que não dá é a gente viver reclamando e não fazer nada pra mudar.

E quando digo que podemos fazer algo, digo começar olhando pra dentro e pensando o que podemos mudar dentro de nós em nossas atitudes. Como eu disse eu tenho que conseguir delegar, aceitar que existem outras formas de fazer além da minha. Me cobrar menos, saber minhas qualidades e conhecer meus defeitos para que eu me sinta segura diante dos desafios e não perca oportunidades pela síndrome da impostora. 

E que acima de tudo que a gente se ame e se respeite e que a gente possa honrar nossas escolhas todos os dias. 

“Seja a mudança que você quer ver no mundo” Mahatma Gandi

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