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Heróis

Bombeiros Voluntários: pessoas que doam seu tempo em prol do próximo

O Corpo de Bombeiros Voluntário de Presidente Getúlio recebeu apoio de munícipios vizinhos no auxílio à população.

• Atualizado

Viviane Abreu

Por Viviane Abreu

Equipe dos Bombeiros Voluntários de Joinville. Foto: Divulgação
Equipe dos Bombeiros Voluntários de Joinville. Foto: Divulgação

Na madrugada da quinta-feira, 17 de dezembro, fortes chuvas atingiram Santa Catarina. Uma das cidades mais prejudicadas foi Presidente Getúlio, no Alto Vale do Itajaí. Desde o início da enxurrada, foi possível perceber que o local foi atingido como nunca antes. A chuva destruiu completamente o bairro Revólver e, em todo o Estado, 21 pessoas morreram. O Corpo de Bombeiros Voluntário de Presidente Getúlio recebeu apoio de munícipios vizinhos no auxílio à população. No total foram 377 bombeiros, de 19 corporações de regiões próximas, envolvidos nas ações de resgate.

Mesmo com tantas notícias, muitas pessoas podem não entender como funciona o trabalho de um bombeiro voluntário. Esse modelo é utilizado pelo mundo afora e, no Brasil, o trabalho foi mais difundido em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Embora algumas cidades não possuam uma corporação de bombeiros voluntários, existem municípios com um trabalho consolidado, como Joinville, que tem a corporação mais antiga de Santa Catarina, com 128 anos de atividade na cidade.

Os voluntários são pessoas da comunidade que, por meio de capacitação, desempenham a função de bombeiros.
Em sua maioria, essas pessoas exercem atividades remuneradas à parte do trabalho voluntário, mas dedicam um pouco de seu tempo livre para prestar serviços voluntários à comunidade. Cada bombeiro voluntário precisar fazer pelo menos 24 horas de plantão por mês.

O custo operacional de uma unidade de bombeiros voluntários é bem menor que de uma unidade dos bombeiros militares, pois a principal ferramenta é a mão de obra voluntária. A unidade de Pomerode possui apenas seis bombeiros contratados, em contrapartida são 65 bombeiros voluntários em atividade e mais 11 alunos em formação.

Corporação de Pomerode atingida por enxurrada em 2011. Foto: Carlos Ricardo

Carlos Ricardo, comandante da Corporação de Pomerode contou ao Portal SCC10 como funciona o trabalho voluntário e como foi a atuação de sua equipe no desastre em Presidente Getúlio.

O comandante explica que desde sexta-feira (18), sua corporação estava empenhada no auxílio em Presidente Getúlio, e apenas no sábado à noite conseguiram retornar a suas casas. Mas, mesmo após o retorno para suas famílias, os chamados podem surgir a qualquer momento.

Cheguei em casa e fui dar uma atenção para as crianças e pra esposa, tenho dois filhos, um menino de 11 meses e uma menina de 7 anos. Fui me deitar já passava das 23hrs, quando as 23h37min me ligaram informando que havia uma ocorrência de incêndio de grandes proporções em Jaraguá do Sul. Levantei, minha esposa buscou o fardamento na lavação, troquei de roupa e fui pra Jaraguá do Sul, onde atuamos em conjunto com equipes de diversas cidades. Nossa equipe retornou a base por volta das 5hrs da manhã e eu cheguei em casa já era 6h15min.

Carlos conta como a família acaba se voluntariando também. “Minha esposa no domingo já pegou todo o fardamento usado em Presidente Getúlio e em Jaraguá do Sul, lavou pra deixar a disposição caso surgisse nova necessidade”, afirma.

Sonho de muitos anos

Jairo Machado, sub-chefe de equipe da Corporação de Joinville, também contou sua experiência e o porquê escolheu se voluntariar. Assim como muitas crianças, Jairo sempre quis se tornar bombeiro, e viu a oportunidade no projeto de bombeiros mirins, para iniciar sua jornada dentro da área. Desde então, já são 28 anos trabalhando como bombeiro, e doando seu tempo para ajudar a comunidade.

Atuando na corporação, Jairo conheceu Luciana, que também é bombeira e atua como motorista. Os dois se casaram e tiveram uma filha, que hoje em dia também é aspirante a bombeira.

Jairo junto da esposa Luciana, e a filha Amanda.

Jairo conta que na madrugada de quinta-feira (17), estava de serviço na corporação, onde ocorreram duas chamadas. Ao terminar seu turno, mesmo sem dormir, o bombeiro se deslocou para o exercício de sua profissão remunerada. Quando finalmente chegou em casa para descansar e ficar com a família, Jairo foi chamado para trabalhar em um resgate, no qual atuou durante quase toda a noite e na sexta-feira (18), partiu para Presidente Getúlio, sem que fosse possível se despedir da família. Noites consecutivas sem dormir passaram a ser rotina na vida do bombeiro, que se mantém a postos para atender a comunidade.

Durante a operação em Presidente Getúlio as corporações se dividiram e fizeram buscas e atendimento em diversos bairros. Jairo conta que eles passavam nas casas atingidas para verificar se as pessoas precisavam de ajuda, e que em um dos bairros, os bombeiros acabaram cedendo até mesmo a água que haviam levado para consumo próprio, pois a população estava necessitando.

A força-tarefa estava preparada para passar três dias realizando buscas e enquanto estavam na cidade, as equipes ficaram alojadas em uma creche. O clima era de tensão e mesmo durante os momentos de descanso e refeições, os bombeiros estavam em alertas para qualquer chamado.

Jairo e os colegas ficaram admirados com as pessoas que emprenharam uma força determinante nesse desastre, ajudando uns aos outros. Muitos vieram de outras cidades para ajudar na limpeza dos bairros. Moradores que não foram tão prejudicados também auxiliaram levando água e alimentação para aqueles que estavam incansavelmente trabalhando. “Aquele alimento, não só nos sustentava mas também alimentava nossas almas, foi muito gratificante todo nosso esforço”, afirmou.

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