Burnout: aprender a dizer não sem medo é um bom começo para prevenir a síndrome, afirma psiquiatra
Psiquiatra Julia Trindade explica que o aumento da carga de trabalho e falta de tempo são pontos de atenção para o início dos sintomas
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Você já teve aquela sensação de que tudo veio de uma só vez, as demandas do trabalho parecem ter aumentado ou acumulado e não está mais dando conta do recado, se sentindo esgotado? Talvez você possa estar com alguns sintomas da Síndrome de Burnout. A psiquiatra Julia Trindade, que atua em Florianópolis, destaca que em tempos de pandemia, de trabalho home office, é perceptível o aumento de casos.
“A gente tem percebido que muita gente está se sentindo esgotada. E é preciso diferenciar o que é cansaço e o que pode se enquadrar em sintomas da síndrome”, diz a médica.
Julia explica que Burnout é caracterizado por um esgotamento mental e físico, combinado com uma sensação de despersonalização – quando a pessoa não consegue mais se conectar com amigos, colegas ou funcionários no trabalho, aliado a uma insatisfação profissional.
E para ela, algumas profissões como jornalista, atendente de telefone, profissionais da saúde, aqueles que trabalham com demandas e prazos para entregar e se relacionam com pessoas, podem ter uma predisposição maior para o desenvolvimento da síndrome.
A psiquiatra destaca ainda que pessoas que são mais perfeccionistas, bem como as mulheres que chegam a ter três ou mais jornadas por dia – ser mãe, dona de casa, esposa e trabalham fora, também apresentam uma tendência maior de desenvolver essa condição que afeta a saúde, e que só a pouco tempo foi reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
“É importante destacar que nem todo mudo vai sofrer dessa síndrome, no entanto, é preciso estar atento em algumas situações”, explica a médica.
Julia comenta que muitas pessoas nem conhecem o Burnout, e que é muito difícil admitir que o trabalho pode deixar as pessoas doentes. Especialmente quando o profissional atua com algo que gosta muito, torna tudo ainda mais complicado.
“Mesmo quando percebo que não estou mais dando conta ou que já não suporto mais essa sensação que o trabalho me traz, ainda assim é muito difícil compreender que isso pode ser uma condição que está afetando a minha saúde e então pedir ajuda. É comum que a pessoa saia de férias, tenha momentos tranquilos e quando retorna ao trabalho começa a sentir as mesmas sensações de antes”, explica a médica, que alerta a importância de se fazer um atendimento clínico para se ter o diagnóstico se a pessoa está ou não com Burnout.
Aprender a dizer não, faz bem
“O trabalho faz parte da nossa vida, mas não pode ser a nossa vida”, enfatiza a psiquiatra. Julia reforça que não é favorável aquela glamourização de que para que a pessoa “chegue lá” seja preciso ficar sem fazer as refeições corretamente ou perder horas de sono.
De acordo com a médica, o trabalho tem diversos aspectos positivos, seja pela satisfação ou renda que ele proporciona, no entanto, é primordial ter outras fontes de prazer e felicidade. Caso contrário, a expectativa em relação ao trabalho será ainda mais alta.
Mas, e como prevenir que essas condições afetem a nossa saúde?
“A primeira delas é aprender a dizer não! É claro que não é fácil mudar de uma hora para outra, mas é preciso ter um equilíbrio. E isso pode ser possível com terapia, considerando que falar com a pessoa certa pode ajudar muito, momentos de lazer e atividades física”, ressalta a médica.
Julia completa que quando a pessoa consegue equilibrar momentos de lazer, seja assistindo uma série que gosta, um filme ou cozinhando, ter uma rotina de atividades físicas, buscar se conhecer, entendendo o que gosta ou não gosta, o que consegue ou não fazer, aí sim será possível alinhar uma boa qualidade de vida com sucesso profissional.
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