“Depois do estado e das leis, mídia é a base para qualquer democracia”, diz bisneto de Mandela em entrevista ao SCC
Siyabulela Mandela está no Brasil pela primeira vez e é palestrante confirmado do Empreende Brazil Conference 2022
• Atualizado
Siyabulela Mandela tem nome de gratidão, quase que literalmente. A palavra siyabulela, do dialeto Xhosa da África do Sul, significa ‘obrigado’ em português. Palavra escolhida a dedo para uma pessoa que tem como objetivo espalhar pelo mundo o legado do vencedor do prêmio Nobel da Paz e ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, seu bisavô.
Mandela, ou Madiba, como gosta de ser chamado pelos mais próximos, é doutor em Relações Internacionais e Resolução de Conflitos pela Universidade Nelson Mandela, na África do Sul. Também é diretor da ONG Journalists For Human Rights, que atua em 29 países para treinar jornalistas a denunciarem situações de violação de direitos humanos.
Segundo o ativista social, há um crescimento, principalmente na Europa, das ondas de atitudes discriminatórias, racistas e que defendem regimes opressores. O que, consequentemente, aumenta as violações de direitos humanos.
“É importante observar que nessas atitudes há altos níveis de supressão da mídia e ataques a jornalistas. Isso preocupa, porque depois do estado e das leis, a mídia é a base para qualquer democracia. É responsabilidade da mídia colocar fatos na balança e mostrar como a lei está funcionando no país”, afirma o bisneto de Mandela.
Ele está no Brasil pela primeira vez e é palestrante confirmado no evento Empreende Brazil Conference 2022, que ocorre no sábado (28). Em sua palestra, Doutor Mandela vai abordar o empreendedorismo de impacto social e dividir com o público sua experiência como líder da ONG. O ativista social comenta que o Brasil e a África do Sul poderiam competir qual é o pior país no quesito desigualdade social e que faltam líderes éticos que busquem combatê-la.
“Na falta de líderes assim, nós precisamos que a sociedade civil organizada esteja mobilizada com os seus recursos para achar a melhor maneira de traçar uma trajetória de desenvolvimento. Os negócios precisam ter um papel relevante no desenvolvimento social e na forma de lidar com os problemas que a sociedade enfrenta. Para mim, isso é a importância de participar do Empreende Brazil”, conclui o ativista.
Legado de Nelson Mandela
Durante entrevista com o portal SCC10, Siyabulela Mandela conta que uma das formas de seguir os passos de grandes líderes como Nelson Mandela é reconhecer que há força na diversidade e reconhecê-la é essencial para a sustentabilidade.
“Eu empresto a minha cultura para você e você empresta a sua cultura para mim, assim vemos potencial nas nossas identidades. Desse jeito nós podemos juntar as nossas diversidades e nos tornarmos mais fortes, criativos, capazes de nos mover a favor de um desenvolvimento em comum. Mas hoje nós vivemos em uma sociedade muito exclusiva, onde talentos de comunidades são excluídos. Quando o meu talento, por exemplo, é excluído, isso significa que as comunidades estão perdendo oportunidades. Quando eu falo do meu talento, falo do talento da maioria dos talentos negros que são excluídos, marginalizados da participação diária da economia”.
Uma frase conhecida de Nelson Mandela diz que “ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor da pele, pela origem ou pela religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender. E, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar”. Seu bisneto segue o mesmo caminho e a referência em suas conversas e palestras: “eu e você, quando nascemos, não nos odiamos. Ódio é algo que foi colocado em nós enquanto nós crescemos. É algo que é ensinado e que pode ser desconstruído e desaprendido. O amor vem naturalmente para os humanos”.
Assista à matéria completa do SCC Meio Dia:
Leia também:
>> Para mais notícias, siga o SCC10 no Twitter, Instagram e Facebook.
Quer receber notícias no seu whatsapp?
EU QUERO