Nem toda cobra bota ovo: entenda caso de sucuri grávida que explodiu 100 filhotes em rodovia
O biólogo Kayron Passos explicou que a sucuri-verde não bota ovos por ser aquática
• Atualizado
Uma uma sucuri-verde grávida morreu ao ser atropelada nesta segunda-feira (6), no Mato Grosso. Devido ao impacto, a cobra pariu mais de 100 filhotes, que não sobreviverem, segundo informações do Uol. O caso gerou curiosidade entre os brasileiros, levantando a questão: existe cobra que não bota ovo?
Leia Mais
Sucuri-verde não bota ovos
Ao Uol, o biólogo Kayron Passos explicou que a sucuri-verde não bota ovos por ser aquática.
“O ovo com casca que a gente conhece é permeável e por ele passa oxigênio. Em contato com a água, o embrião morreria afogado. É por este mesmo motivo que as tartarugas saem do mar para botarem seus ovos na areia”, explica.
As sucuris são vivíparas, assim como os humanos. Isso significa que os filhotes se desenvolvem dentro desses animais, sem a necessidade de que ele bote um ovo.
“Ela tem vários miniovinhos que eclodem dentro dela e depois saem pela cloaca. É como se fosse uma bolsa amniótica de uma grávida”, diz Passos. A cada ninhada, podem nascer mais de 70 filhotes após um período de gestação, que dura de seis a sete meses”, diz o biólogo.
Assim como as sucuris, jiboias, jararacas e cascavéis também não colocam ovos, mesmo não sendo aquáticas. O biólogo explica que isso ocorre devido ao fenômeno de convergência evolutiva, no qual indivíduos de espécies não relacionadas desenvolvem características semelhantes, para solucionar problemas parecidos.
“Elas começam a cuidar dos filhotes de forma mais próxima para evitarem a cadeia predatória”, conta.
Quantidade de ovos
Inicialmente, acreditava-se que a serpente atropelada teria uma ninhada de aproximadamente 40 filhotes. No entanto, o fiscal Josias Campinas, da Vigilância Sanitária de Porto dos Gaúchos (MT), esteve no local e informou ao UOL que encontrou pelo menos 106 filhotes.
“O normal são gestações de 20 a 30 ovos. Mas pode chegar a 70”, conta Passos.
Ele interpreta a grande quantidade de filhotes da sucuri-verde que foi atropelada como uma “estratégia de manter a espécie”, já que, segundo ele, apenas 10% desses filhotes conseguem sobreviver.
“Ninguém diz que um filhote de sucuri que é tão pequeno e frágil pode se transformar em uma serpente de seis ou sete metros de comprimento”, aponta.
Causas para a alta mortalidade
De acordo com o biólogo, os desafios são: predadores (onças, jacarés e até peixes que comem os filhotes); digestão lenta, que os deixa vulneráveis depois que comem; recuperação a machucados muito lenta, podendo durar meses; competição com outras serpentes; dificuldade em capturar alimento.
Além disso, ele conta que, ao contrário de outras serpentes vivíparas, a sucuri só consegue se reproduzir através do acasalamento com um macho e tem um único período de reprodução no ano, fatores que dificultam a reprodução.
*Com informações do Uol.
>> Para mais notícias, siga o SCC10 no BlueSky, Instagram, Threads, Twitter e Facebook.
Quer receber notícias no seu whatsapp?
EU QUERO