Geral Compartilhar
INÉDITO

Show de drones, motores no limite, luta de boxe e clima de espetáculo

Evento inédito acontece em Santa Catarina após investimento milionário

• Atualizado

Kaíky Goede

Por Kaíky Goede

Show de drones, motores no limite, luta de boxe e clima de espetáculo – Imagem: Kaíky Goede
Show de drones, motores no limite, luta de boxe e clima de espetáculo – Imagem: Kaíky Goede

Carros de competição correm lado a lado, em meio a manobras radicais. De repente, pilotos de moto cruzam o céu, fazendo acrobacias. No meio da fumaça, ouve-se apenas o barulho dos motores. Pneus fritam no asfalto, e o cheiro é de borracha queimada misturado com gasolina. Labaredas de fogo saem de escapamentos superesportivos. Pista quente! Ao anoitecer, um “enxame” brilhante de drones aparece. Uma luta acontece. Homens e mulheres, vestidos em trajes de gala, desfilam cheios de estilo e curtem muito rock n’ roll.

Parece filme, mas é o resumo de um evento milionário realizado no Speedway Music Park, em Balneário Camboriú, no litoral catarinense.

A iniciativa reuniu carros de diferentes categorias, como drift, NASCAR Brasil, Porsche Cup e endurance, além de motos de freestyle, luta de boxe com Popó Freitas e show da banda Raimundos. Houve ainda uma apresentação futurista, com centenas de drones coordenados que formaram imagens no céu.

Sexta-feira, 19 de dezembro, marcou a realização de uma ideia que surgiu há seis anos e custou cerca de cinco milhões de reais para ser executada. Jonathan Neves, campeão brasileiro de drift e dublê de filmes em Hollywood, é piloto há mais de 15 anos e CEO do Desafio Jota Racing, que nasceu ousado e pretende crescer ainda mais.

“Foram meses de dedicação, literalmente noite adentro. A gente tinha muita coisa para resolver e resolveu. Quando vimos o espetáculo, valeu cada gota de suor, não só meu, mas de toda a equipe. Muita gente apoiou, vestiu a camisa mesmo e fez acontecer. Superou as minhas expectativas, e muito!”, comemora JJ, como é conhecido o piloto.

Jonathan Neves realiza projeto que parecia ousado demais – Imagem: Kaíky Goede

“Pra quem gosta de carro, é sensacional! Arrepia, é algo extraordinário”

Balneário Camboriú entra no mapa mundial do entretenimento automotivo – Imagem: Kaíky Goede

“A galera aqui vibrava a cada momento com os carros. E a gente sempre tem nossos preferidos, né? Então, cara, a gente berrou desde o começo até agora”, contou Samuel Júnior, que chegou uma hora antes da abertura dos portões e ficou até o final. “Foi uma loucura. Meu filho ficou emocionado, e conseguimos tirar foto com o JJ. Também foi a primeira vez da minha esposa em eventos assim. É muito bom curtir com a família e com os amigos, é sensacional”, valorizou o fã. A proposta do Desafio era justamente essa: unir diferentes tribos em um ambiente seguro e divertido.

Pronto para o apocalipse e para as pistas

Trator é autêntico e foge de qualquer padrão- Imagem: Kaíky Goede

Um Valmet com motor MWM (de fragata!) biturbo. Maicon Brochier criou todo o conceito do Trator Mad Max e é o responsável por domar a fera nas pistas. Segundo ele, o resultado ficou tão bom que a máquina parece um carro de dirigir.

“Eu sempre fui mecânico. Meu pai era mecânico, e eu sempre quis ter alguma coisa V8. Não sei mexer com gasolina, então fabriquei um trator V8. É um brinquedão: tu faz o que tu quiser, amansa ou deixa brabo. É a primeira vez que eu fiz drift; a gente só faz arrancadão, mas, ano que vem, ele vai vir brabo, brabo mesmo, e a gente vai fazer drift!”, projetou Maicon.

Feito no Brasil: protótipo com 700 cv se destaca em provas de endurance

Protótipo AJR é um dos mais rápidos do Brasil- Imagem: Kaíky Goede

Essas corridas são voltadas à resistência, tanto do veículo quanto dos pilotos e da equipe. Um exemplo são as 12 Horas de Tarumã, já vencidas pelo campeão brasileiro de Endurance, Alexandre Finardi. A bordo do seu AJR #80, um protótipo nacional com 700 cavalos de potência, o piloto fez uma demonstração em Balneário Camboriú. Apesar do espaço curto, afinal, carros assim são feitos para pistas com longas distâncias, o público pôde ver de perto como tecnologia e força bruta se comportam na pista. “Em Interlagos, esse carro alcança 282 quilômetros por hora. Ele é, em média, 12 segundos mais rápido do que o Stock Car modelo novo. É um carro, realmente, bem rápido. Depois do Fórmula 1, esse é o mais rápido que tem hoje disponível no Brasil”, pontuou Alexandre.

Disputa no asfalto, parceria nos boxes

Diego Higa está confirmado na Fórmula Drift 2026 – Imagem: Kaíky Goede

Oito vezes campeão da Super Drift Brasil, campeão da série Hyperdrive, da Netflix, e piloto da Fórmula Drift, o campeonato mundial da categoria. Este é Diego Higa, que frisou o espírito de amizade entre os participantes do Desafio Jota Racing: “estar aqui é uma confraternização imensa. Ainda mais fim de ano, já estamos todos em clima de festas. No final do dia, é muito mais diversão do que qualquer outra coisa”.

Título catarinense: Silvio Morestoni leva a melhor com Porsche GT3 RS

Apesar da união entre os competidores, no fim da noite apenas um subiu ao lugar mais alto do pódio, o blumenauense Silvio Morestoni, piloto da Porsche Cup Brasil e bicampeão da Porsche Club Drivers Cup 23/24. As disputas, no formato mata-mata, começaram durante a tarde e seguiram ao longo de todo o dia. Na final, Silvio Morestoni garantiu o título sobre Dudu.

Em uma batalha de identidadesescolas, o Porsche GT3 RS venceu o Nissan Silvia S15. “É um estilo de competição que tem muito no exterior, em que você acaba cruzando uma volta com a outra. Isso gera uma dinâmica diferente para quem está assistindo, porque, no começo, parece que está todo mundo separado. Mas, no final, todo mundo se junta para uma disputa que dá bastante emoção. É um modelo muito legal que o Jota Racing adotou para esse evento. E, é claro, eu estou muito contente de estar onde estou, em primeiro lugar. É sempre uma honra enorme, respeitando todos os pilotos que competiram comigo”, disse o campeão.

Para todas as idades, dentro e fora da pista

Valentina Piaz é uma das promessas do automobilismo nacional – Imagem: Kaíky Goede

“É muito gratificante estar aqui representando uma nova geração que está vindo: tantas crianças, muitas meninas também, que estão começando e se inspiram em mim. É muito gratificante porque eu posso mostrar para elas que também podem estar aqui, sabe? Ter essa representatividade para as mulheres e mostrar que elas podem estar aqui junto, batalhando com os caras porta a porta. Então é muito legal, muito gratificante”, comenta Valentina Piaz, de 17 anos, piloto de drift e campeã Drift Fight 2022. A jovem começou aos 11 anos de idade e hoje disputa provas em todo o Brasil.

Ele começou em uma Kombi e hoje pilota um Porsche de cinema

Como se não bastasse ser um carro totalmente modificado para captar imagens de alta qualidade em movimento, o camera car presente no Speedway era um Porsche Cayenne. Responsável por takes famosos do cinema, como em Velozes e Furiosos: Operação Rio, a equipe presente no Desafio deu um show à parte durante as filmagens das apresentações.

O piloto José Luiz de Paula acumula 40 anos de experiência com camera cars e enfatiza a atenção necessária para conseguir A Cena: “você precisa obedecer aos comandos, prestar atenção no monitor e avisar. Poste, se estiver na rua; árvore, tomar cuidado com pedestres, não exceder o limite de velocidade. Apesar que, com esse equipamento, você pode atingir até 100 quilômetros por hora, que ele faz o 360, o que nós fizemos hoje aqui na pista. Entramos a 80 quilômetros no final da reta. É emocionante. Você tem que desligar. Se você for pensar no que tem aqui, você não faz. Você tem que ser frio, mas com responsabilidade”.

Artistas destemidos sobre duas rodas: “a moto precisa de gasolina e a gente precisa do público”

Andre Luiz, Jeff Campacci, Natan Azevedo e Raphael Arnellas só não voaram mais alto do que os drones sobre a pista. Os quatro são pilotos de freestyle motocross e chamaram a atenção pela ousadia das manobras no ar. “A gente treina muito. Conforme você vai treinando, você vai controlando o medo, mas é bom ter medo, às vezes, também, porque ele controla a sua emoção”, explica Andre. E Natan complementa, “a gente chega a treinar mais de 200 vezes uma manobra, pra depois efetuar ela no show. Porque é como se fosse automático, a gente entra no salto e não pensa na manobra. Tem que já vir com ela pronta pra fazer, porque a gente tem aproximadamente de 2.8 a 3 segundos nesse salto de 22 metros”.

Além de muita prática, os riscos são calculados e todos os pilotos usam equipamentos de segurança. O principais são capacete, colete de proteção, protetor cervical, óculos, luvas, cinto abdominal, joelheiras e botas. “Basicamente, usamos uma moto de motocross, mas preparada para o freestyle. A gente altera a suspensão, para aguentar tanto o impacto na rampa, quanto o impacto de pouso na recepção. O guidão é um pouco mais alto, pra gente poder se posicionar melhor. Tem uma alavanca, que a gente chama de flip lever, que é pra poder posicionar o piloto e ter um ponto de apoio. E tem o rebaixo do banco com o furo na lateral, para fazer o seat grab, que é aquela pegada na traseira da moto”, detalha Jeff.

A apresentação é em grupo, e toda a equipe precisa estar bem alinhada. “Tem que ter uma sintonia, por isso a gente treina junto com muita frequência. Todo mundo já sabe, já consegue, com pequenos sinais, identificar o que o outro piloto vai fazer. E a sintonia tem que funcionar muito bem. Quanto mais o público agita, melhores são as manobras”, afirma Raphael.

Popó sobe ao ringue dentro do circuito

Popó Freitas e Jean Romanel fazem sparren intenso – Imagem: Kaíky Goede

Tão logo os motores pararam de roncar, soou o gongo. Popó Freitas e Jean Romanel fizeram um sparring de boxe, e os espectadores vibraram a cada golpe. “Você vê essa garotada aí, muita gente jovem que veio assistir, alguns por curiosidade. E, a partir dessa curiosidade, surge o desejo, aparece até um dom que a pessoa nem sabia que tinha e começa a aflorar por meio desses eventos. É muito legal essa junção do drift e do boxe, que é muito rápido, além da emoção de estar em cima do ringue. Acho que é tudo muito legal. A combinação foi muito boa”, celebra o tetracampeão mundial.

Plateia tira o pé do chão e canta alto com Raimundos – Imagem: Kaíky Goede

Um show de rock dentro do espetáculo. A banda Raimundos encerrou a noite de sexta-feira, em BC, com uma apresentação intensa, repleta de músicas que marcaram época.

>> Para mais notícias, siga o SCC10 no InstagramThreadsTwitter e Facebook.

Quer receber notícias no seu whatsapp?

EU QUERO

Ao entrar você esta ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

Fale Conosco
Receba NOTÍCIAS
Posso Ajudar? ×

    Este site é protegido por reCAPTCHA e Google
    Política de Privacidade e Termos de Serviço se aplicam.