Consciência plural: a sociedade que floresce da cor

Na semana em que comemoramos o Dia da Consciência Negra nos confrontamos publicamente com um triste episódio de racismo durante um jogo de futebol em nosso estado. É em momentos como esse que cabe a cada um uma reflexão mais profunda sobre esse grave problema e as muitas formas de superá-lo.
Santa Catarina é um estado singular, onde a convivência sempre foi compartilhada entre inúmeras etnias, que aqui se encontraram para a construção de uma sociedade plural e diversa. E essa singularidade precisa ser cuidada, preservada e contada para que os direitos prevaleçam e para que cada pessoa tenha seu espaço. Este é o nosso espírito: o espírito de uma cidadania plena, em que cada um tenha seu lugar, seja respeitado e incluído.

Se por um lado Santa Catarina revela hoje um retrato europeu, por outro revela que os passos e as presenças negras atravessam nosso estado com maestria. Antonieta de Barros e Cruz e Sousa não nos deixam mentir. E é esse universo rico que, ao longo dos últimos anos, vem se revelando também no empreendedorismo.

Conhecer a própria história contribui para que o desenvolvimento seja progressivo e permanente. E, quanto mais linear, mais todos ganham. Santa Catarina, já reconhecida como um dos estados em que o empreendedorismo é referência no Brasil, também se destaca pela taxa de empreendedores negros, correspondente a 15,7%.

Ao apoiar negócios comandados por pessoas negras, estamos criando oportunidades e construindo um futuro mais inclusivo. Nossa atuação está centrada em promover a igualdade e o crescimento para uma parcela significativa da população.

Esse trabalho vem sendo exercido de forma sistemática pelo Sebrae, especialmente na orientação para acesso ao crédito e, com isso, na superação das adversidades naturais de um sistema que não foi feito para esses empreendedores. Essa missão é crucial para que os negros e negras que optaram pelo sonho de ter o próprio negócio possam prosperar e ter longevidade.

Os empreendedores negros no Brasil alcançaram, em 2024, um recorde histórico na renda domiciliar per capita e registraram aumentos de rendimento maiores do que os observados entre os brancos em quase todas as faixas de renda. É o que aponta um estudo feito pelo Sebrae, a partir de dados da PNAD Contínua Anual. O levantamento reúne dados desde 2012 e mostra que, apesar desse crescimento, a renda média total dos donos de negócios negros ainda é 35,7% menor que a verificada entre empresários brancos.

O empreendedorismo é uma ferramenta de inclusão social e produtiva no nosso país. A criação desses negócios gera impactos positivos, ampliando o acesso a emprego e renda.

A pesquisa mostra também que a participação de negros diminui conforme a renda per capita aumenta. Na faixa dos beneficiários do Programa Bolsa Família, eles representam 81,1% dos empreendedores. Essa participação cai para 72,9% na faixa de renda menor ou igual a meio salário-mínimo, e é ainda menor na faixa de renda superior a três salários-mínimos, onde os negros são apenas 28,2%.

É por isso que o Brasil investe cada vez mais em ações de inclusão e de resgate da maior parcela empreendedora do país, para transformar a realidade apontada pelo estudo.

Os negros (pretos e pardos) empreendedores já somam mais de 16 milhões de donos de negócios no país, um crescimento de 28,3% nos últimos 10 anos. Em contraste, os brancos totalizam cerca de 14 milhões de empreendedores, com crescimento de 18,4% no mesmo período.

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