Seleção brasileira perde no pré-olímpico em meio ao luto,”exemplo de coragem”
Causa da morte de Waleska é investigada
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A Seleção Brasileira de Vôlei feminino perdeu a invencibilidade no pré-olímpico diante da Turquia por 3 sets a 0 na manhã de sexta-feira (22), em Tóquio, no Japão, com parcias de (21/25, 27/29 e 19/25). As brasileiras entraram em quadra com braçadeiras em homenagem à central, Waleska Oliveira, que morreu aos 43 anos, na noite de quinta-feira (21) após cair do 17° andar do apartamento em que morava, em São Paulo.
No Pré-Olímpico, o Brasil está no grupo B ao lado de Argentina, Peru, Bulgária, Porto Rico, Turquia, Bélgica e Japão. As equipes jogam entre si e as duas mais bem classificadas garantem um lugar nos Jogos de Tóquio. O Brasil volta à quadra neste sábado (23), às 4h (horário de Brasília), contra a Bélgica.
Depois das cinco primeiras rodadas, as brasileiras aparecem na terceira colocação, com 11 pontos (quatro vitórias e um resultado negativo). O Japão lidera com 15 pontos, seguido pela Turquia, que também tem 15, mas um saldo de sets pior do que as japonesas.
Campeã olímpica, Waleska Oliveira
Waleska Oliveira nasceu no dia 1º de outubro de 1979, na capital mineira, Belo Horizonte, e alcançou feitos que poucos conseguiram. Entre os títulos estão o ouro olímpico em Pequim, 2008, o primeiro do vôlei feminino brasileiro, medalhista de bronze em Sydney, aos 21 anos, prata no Mundial de 2006 e em duas edições da Copa do Mundo, os Jogos Pan-Americanos de 1999, Copa das Campeãs de 2013 e tricampeã do Grand Prix com a seleção.
A ex-atleta, além de defender a seleção brasileira, jogou pelo Osasco, Minas e Praia Clube. Fora do país, atuou por equipes da Itália, Espanha e Rússia. No último país, Waleska jogou entre 2008 e 2011; ao fim do contrato, foi um momento em que ela priorizou a família em vez da profissão. Em 2012, ela decidiu trocar a medalha olímpica conquistada pela seleção para ficar mais tempo com a família.
“Eu tinha um contrato com a Rússia de três anos, mas precisava conciliar. Vi que estava perdendo um pouco a vida com a minha família, porque morava fora do Brasil e quando vinha, três dias depois eu estava em Saquarema treinando com a seleção. Então, tive que tomar uma decisão, e minha família era a prioridade. Resolvi deixar a seleção para continuar desbravando o vôlei fora do Brasil, que era o que me alimentava naquele momento”, contou a ex-jogadora ao programa Bola da Vez da ESPN.
Desde então, Waleska fez apenas uma aparição jogando pela seleção em 2013, na Copa das Campeãs, onde conquistou a medalha de ouro. A jogadora então decidiu jogar apenas em competições nacionais, terminado a carreira em 2021 pelo Praia Clube.
Seleção se despede de Waleska
Após a derrota para Turquia no pré-olímpico, algumas jogadoras da seleção foram entrevistadas e se emocionaram ao falar sobre a despedida precoce da ex-atleta:
“A Wal foi um exemplo de coragem, de resiliência, uma mulher forte. Ela fez parte de uma geração que me fez querer ser jogadora de vôlei. Estivemos com ela há pouco tempo em Barueri e, mais uma vez, ela deixou uma mensagem de incentivo muito forte. Queremos continuar esse legado que ela deixou para nós”, afirmou a ponteira Gabi após o jogo, em entrevista ao Sportv.
“Está doendo muito. Sabíamos que tínhamos que disputar esse jogo, nos juntamos e deixamos para chorar depois da partida. Foi difícil conter as lágrimas na nossa oração de pré-jogo. Temos mais dois jogos importantes para a classificação e hoje deixamos a desejar em algumas situações. Agora vamos sentir esse luto. Quando cheguei na seleção a Wal era uma das mais experientes. Aprendi muito com a postura dela. A Wal foi um espelho pela educação, o charme e a resiliência. Ela representou o Brasil lindamente. O esporte perde um grande ícone, uma representante de muito amor pelo voleibol”, disse Thaisa, central.
José Roberto Guimarães, treinador do Brasil e ex-treinador de Waleska, também se emocionou: “é um momento muito difícil, de muita tristeza. A Walewska foi um exemplo de dedicação, comprometimento, ela tinha tudo de bom que uma atleta pode ter. Ela sempre se cuidou muito, ajudou seus times, desde muito nova. Ficamos sem chão. Temos que deixar passar esse momento triste. Eu conheci a Walewska e sei que se ela tivesse aqui ela pediria para jogarmos por ela. A Walewska deixa um legado como atleta e ser humano. Ela foi uma atleta que todo o treinador gostaria de ter no seu time”.
Com supervisão de Mariana Pedrozo
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