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“O Palmeiras amadureceu demais com as eliminações anteriores”, diz Raphael Veiga

Prestes a enfrentar o Santos na final da Copa Libertadores no próximo sábado, no Maracanã, o jogador demonstra tranquilidade

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Estadão Conteúdo

Por Estadão Conteúdo

Foto: Reprodução, Instagram
Foto: Reprodução, Instagram

Focar nos treinos e conter a ansiedade dos familiares têm sido a rotina nos últimos dias do meia Raphael Veiga, do Palmeiras. Prestes a enfrentar o Santos na final da Copa Libertadores no próximo sábado, no Maracanã, o jogador demonstra tranquilidade e garante que após o clube alviverde ter disputado as quatro últimas edições do torneio, o aprendizado com as derrotas ajudou a evoluir do elenco. O confronto, que acontece às 17h, será transmitido pelo SCC SBT.

Em entrevista exclusiva ao Estadão, Veiga comentou sobre a rotina final de treinos para a final, a preocupação com o descanso e até sobre a expectativa de entrar para a história do clube do qual o pai e o irmão são torcedores fanáticos. O jogador de 25 anos participou de nove partidas do Palmeiras nesta Libertadores e anotou dois gols. Confira os principais trechos da entrevista:

Sua família é toda palmeirense. Como eles têm agido antes dessa final?

Está todo mundo ansioso, querendo que sábado chegue logo. A expectativa é grande. Eles não falam dessa ansiedade para mim, mas eu conheço o comportamento deles. O meu pai e o meu irmão são os que mais estão na ansiedade.

E como faz para conter a expectativa?

No Palmeiras a gente se cobra bastante. Mas pela quantidade de jogos, nós sempre tínhamos de pensar sempre em qual era o próximo jogo. Então, nem pensamos tanto na final. A família procura não ficar falando comigo toda hora disso. Eles respeitam o meu momento também.

Mas dá para dormir bem dias antes de uma decisão como essa?

É lógico que a gente fica ansioso. Mas tenho procurado fazer tudo o que fiz até agora. Tenho dormido bem e me alimentado muito bem. A ansiedade é boa também, porque traz uma proteção, um foco e uma concentração. O frio na barriga é importante. Quem não sente isso, não sabe o valor do que está vivendo. Não vou mudar o que faço no dia a dia.

Você foi campeão da Sul-Americana com o Athletico-PR em 2018. O quanto essa bagagem te ajuda?

Eu tive um ano muito bom lá no Athletico-PR. Tive jogos difíceis na Argentina, contra o Peñarol, no Uruguai, e isso me traz um amadurecimento dentro de campo e também na questão emocional. Hoje eu me sinto muito mais preparado pelo que passei em 2018. Ganhamos um título nos pênaltis em cima do Junior Barranquilla. O time deles ainda perdeu um pênalti no segundo tempo da prorrogação. Foi muita coisa em um dia só.

O Palmeiras persegue a Libertadores há anos. O time está mais pronto agora?

O elenco foi amadurecendo ao longo desses anos. Tudo o que a gente passa na vida traz aprendizado. Nas últimas edições da Libertadores o time não teve, infelizmente, a chance de chegar à final. Mas essas eliminações na Libertadores trouxeram um amadurecimento para mim e para todos os outros atletas também. Estamos valorizando muito mais agora essa oportunidade de estar em uma final.

O elenco atual está a um jogo de ser campeão da Copa Libertadores. O que os jogadores comentam sobre essa final?

Todo mundo quer fazer história no Palmeiras. Mas para fazer história, a gente sabe que é preciso ganhar. A gente se cobra, temos conversado, falado da importância do que temos vivido. É uma ajuda mútua para que todos vençam juntos. Todo mundo espera ter o seu rosto na foto de título. Quando estou na Academia de Futebol eu vejo as fotos dos times campeões no passado e desejo que um dia eu esteja na parede também. É um momento único.

O Raphael Veiga de hoje é diferente do jogador que chegou ao Palmeiras?

Muito diferente. A primeira Libertadores que disputei foi em 2017. Sou praticamente outra pessoa hoje. Em 2017 tudo aconteceu muito rápido para mim. Eu tinha 21 anos. Eu tinha ido ao profissional do Coritiba no começo de 2016, comecei o ano treinando separado para poder ser emprestado e fiz o meu primeiro jogo como titular no meio do ano. Em questão de meses a minha vida mudou. Já passei por muitas situações que me fizeram amadurecer. Hoje estou muito mais preparado fisicamente, técnica e na questão mental.

Por ser uma final contra um time paulista, isso deixa o jogo mais imprevisível?

Estamos acostumados a nos enfrentar. Mas não será um jogo igual ao que foi no Campeonato Brasileiro ou Paulistão, por tudo o que representa. Será uma grande partida, porque os dois times chegaram com méritos à final. Quem ganha com isso é o futebol brasileiro. Será com certeza um jogo muito difícil. Nossa expectativa é fazer uma grande partida.

Será muito estranho jogar uma final tão relevante mas sem torcida?

Nunca será normal jogar uma final de Libertadores sem torcida. O Abel (Ferreira, técnico) até comparou uma vez que jogar sem torcida é como comer picanha sem sal. Dentro de tudo o que está acontecendo, dá para entender. A gente queria o Maracanã cheio, lotado, com barulho. Temos de nos adaptar. Estamos fazendo bem isso. Temos de estar concentrados no que vamos fazer dentro de campo.

O Abel Ferreira pode ser campeão pela primeira vez na carreira. Ele está mais ansioso do que o elenco?

Ele é um cara que chegou ao Palmeiras com uma filosofia um pouco diferente. É detalhista demais, cuida de tudo. Ainda que esteja no começo da carreira, tem tudo para dar certo. Vai atingir os objetivos dele, porque é um grande técnico. Ele tem me ajudado muito. Espero que ele possa ganhar o primeiro título agora. Até porque começar com uma Libertadores no currículo não é nada mal, né?

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O Palmeiras veio de uma maratona intensa de jogos. Como você faz para conseguir descansar?

Eu brinco que a cabeça cansa mais do que o corpo. A gente não tem folga, tempo livre, e o pouco que tem eu procuro encontrar minha família e ver minha namorada. Se não tem tempo, faz ligação de vídeo, conversa. É importante essa recuperação entre um jogo e outro. Porque não é só a partida em si, as viagens também desgastam.

O Rony foi seu companheiro no Athletico-PR e demorou a engrenar no Palmeiras. O que achou dessa reviravolta dele?

Eu tinha jogado com ele antes, sabia o que ele era capaz de fazer. Na Sul-Americana ele foi decisivo para o Athletico-PR. Toda mudança de clube tem um tempo de adaptação. No começo as coisas não estavam acontecendo, mas nunca duvidei dele. Eu sabia do que ele era capaz de fazer. Estou feliz pelo momento dele.

Quais lições a semifinal complicada diante do River deixa para a final?

Eles fizeram um gol no começo e acabou mexendo com a gente. Para esse jogo com o Santos, temos de estar concentrados principalmente no começo. É preciso aproveitar as oportunidades que tiver. Decisões assim são detalhes que terminam quem vence.

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