Boate de “diversão adulta” anuncia que vai patrocinar time e gera polêmica; entenda
Anúncio da parceria foi divulgado pela empresa, mas clube ainda não se manifestou sobre o acerto
• Atualizado
Uma boate de “diversão adulta” anunciou nesta quarta-feira (29) que será a nova patrocinadora máster do Paraná.
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O acerto foi divulgado nas redes sociais da empresa. O Paraná não se manifestou sobre a veracidade do acordo. Mesmo sem a confirmação do clube, a torcida feminina Gralhas da Vila repudiou a eventual parceria.
Em nota, as adeptas divulgaram uma série de dados sobre prostituição no Brasil, incluindo o fato de que o país ocupa o segundo lugar no ranking mundial de exploração sexual de crianças e adolescentes. O Paraná atualmente disputa a Divisão de Acesso do estadual.
Veja a nota da Gralhas da Vila na íntegra:
“- O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking de exploração sexual de crianças e adolescentes, estando apenas atrás da Tailândia.
– Brasil é o primeiro lugar em exploração da América Latina.
– Turismo sexual estimula a exploração sexual infantil no Brasil.
– Segundo a UNICEF, em dados de 2010, cerca de 250 mil crianças estão prostituídas* (exploradas) no Brasil.
– Meninas se prostituem por R$2,00 em Roraima.
– Mulheres se prostituem por R$5,00 no Nordeste.
– Em regiões sem eletricidade, mulheres se prostituem em troca de óleo diesel.
– Menores de idade são exploradas sexualmente por R$20,00 na zona leste de SP.
A prostituição não é reconhecida como emprego, no Brasil.
Então, de fato, e inclusive por não haver regulamentação, a pessoa em situação de prostituição não tem direitos trabalhistas.
Esses são apenas alguns dados relacionados à prostituição no Brasil.
Quando aceitamos que alguém estampe em nossa camisa algo que é favorável a tudo isso, estamos validando a exploração e objetificação de corpos, em sua maioria ? e nesse caso, talvez até de forma total ? femininos.
O coletivo Gralhas da Vila surgiu em um movimento nacional para lutar pelo espaço da mulher no estádio e em qualquer outro lugar. Temos como objetivo mudar uma realidade machista, que sexualiza o corpo da mulher a todo momento.
Lutamos contra agressões e assédios, contra a falta de espaço e fala, precisamos pensar até mesmo em qual roupa utilizar em dias de jogos por medo do que pode acontecer.
Como torcedoras, além de nos sentirmos constrangidas, sentimos também vergonha.
Quando falamos sobre o clube ter consciência sobre sua responsabilidade social, sobre como influencia diretamente o pensamento de seus torcedores desde pequenos, quando pedimos para que sejam mais do que apenas postagens em datas comemorativas, estamos falando sobre isso.
É inaceitável que o Paraná Clube não leve em consideração a luta diária de suas torcedoras e de todas as mulheres. É inaceitável que o clube seja conivente com um patrocinador que traz o corpo feminino como produto.
Se esperam silêncio de nossa parte, saibam que não vamos nos calar.
Estaremos sempre aqui pelo Paraná Clube.
Mas seguiremos lutando contra uma sociedade que acredita que a mulher nasceu para servir ao homem, que acredita que nosso corpo é puramente um pedaço de carne e que homens podem nos tratar como objeto sexual.”
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