Conselho da Alesp aprova cassação do mandato de Arthur do Val
Os nove integrantes da comissão votaram a favor do relatório do deputado Delegado Olim (PP)
• Atualizado
O Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou nesta sexta-feira (12), por unanimidade, o pedido de cassação do mandato do deputado estadual paulista Arthur do Val (UNIÃO). Os nove integrantes da comissão votaram a favor do relatório do deputado Delegado Olim (PP).
São eles, Enio Tatto (PT), Adalberto Freitas (PSDB), Barros Munhoz (PSDB), Maria Lúcia Amary (PSDB), Wellington Moura (Republicanos), Erica Malunguinho (Psol), Campos Machado (Avante) e Marina Helou (Rede), além de Olim.
Agora, o pedido de cassação deve seguir para votação no plenário da Alesp. Ele foi feito por causa dos áudios, divulgados no mês passado, em que Arthur do Val faz declarações sexistas a respeito de refugiadas de guerra ucranianas.
Na sessão do Conselho de Ética em que foi aprovado, nesta terça-feira, 12, a deputada Isa Penna (PCdoB) disse que a responsabilidade da comissão seria de “fazer história”. “E a cassação do Arthur do Val não vai me deixar com alguma sensação negativa. Pelo contrário. Vai lavar a minha alma. Porque essa assembleia legislativa então vai abrir um precedente. Violência contra a ulher é uma to que é passível para cassação”, pontou.
Ainda de acordo com ela, no ano passado, no caso em que o deputado Fernando Cury (UNIÃO) apalpou seus seios, não teve direito “à pena que era justa, que era a casssação do Fernando Cury, mas as mulheres ucranianas merecem a cassação do Arthur do Val”.
A deputada Carla Morando (PSDB), por sua vez, pontuou: “É muito triste nós termos que estar aqui hoje, ao invés de fazer uma discussão em torno de um projeto para beneficiar a população, mas para fazer um julgamento de uma coisa tão horroroza que aconteceu. Isso é muito triste. Eu espero não precisar mais ter esse tipo de momento no parlamento”.
Em suas palavras também, “mulheres pobres, ricas, de qualquer classe social não são fáceis”. “E isso foi acho que o mais agressivo que eu ouvi nos áudios. Tudo foi bastante agressivo, mas as mulheres são pobres, por isso são fáceis? Não, as mulheres pobres não são fáceis.
E isso é o que a gente tem que deixar bastante claro: nós mulheres temos o direito a ter o respeito de todos, nós temos o direito a poder falar, a poder sair, a poder fazer o que os homens fazem, a poder ter a voz da mesma forma”.
Já Marina Helou afirmou que não seria intimidada “por gente gritando” em sua página nem por “moleque” lhe ameaçando, “porque a democracia precisa ser mais do que isso”.
Ela disse acreditar que a vitação seria os deputados “fazerem diferente” e entenderem que estavam fazendo na comissõa “uma política de adultos, definido o que pode ou não ser aceitável numa democracia, o que pode ou não ser aceitável na política”. “Qual é o tratamento que a gente acha aceitável para mulheres”.
De acordo com o deputado Carlos Giannazi (Psol),defender a cassação do mandato do ‘Mamãe Falei’ significa pedir a cassação também do machismo, do ódio às mulheres”.
Na sessão ainda, Arthur do Val voltou a pedir desculpas por suas declarações nos áudios e admitir ter errado ao fazê-las, mas criticou a forma como se deu a análise do caso no Conselho de Ética: “Eu tenho dúvidas de que vai ser de dez a zero [a aprovação do relatório]. A gente viu o pessoal correndo com uma urgência que está fora do regimento. O regimento foi atropelado aqui”.
Segundo Arthur, o processo de cassação estava sendo feito não por seus erros, mas por suas virtudes e que todos na comissão tem ódio em relação a ele. “Esses fatos menores de eu não usar carro, de eu não usar motorista, de eu não usar verba de gabinente, de eu não usar fundo eleitoral, isso tudo já irrita todo mundo. Agora, eu ser o responsável por não conseguirem aqui aumentar R$ 4 mil por mês para alugar carro, eu sei que isso incomodou muita gente. Eu sei que os funcionários de vocês muitos também me odeiam, porque fui eu que cortei o ‘auxílio-peru’ aqui de muitos de vocês que ganham muitas vezes acima dos R$ 8 mil. Eu sei também que eu sou odiado pela casa institucionalmente porque fui eu que barrei um contrato de propaganda aqui de R$ 30 milhões”, declarou.
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