Dados da Bolsa de Valores apontam a importância da diversidade nas empresas
Os dados trazem uma fotografia que aponta para infinitos desafios e possibilidades.
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Assim que cheguei no Web Summit Rio fui direto à palestra da B3: Diversidade e inclusão em empresas Brasileiras. A partir de 2023 é regra na B3 (Bolsa de Valores) que todas as empresas listadas terão que aumentar a diversidade de gênero e a representatividade de grupos minorizados em cargos de alta liderança, inclusive nos conselhos administrativos. Caso contrário eles precisarão explicar o que inviabiliza os avanços e qual o prazo para avançar. Eles chamam de “Pratique ou Explique”.
É um grande avanço para impulsionarmos a diversidade nas empresas. Afinal é B3 falando, não é mesmo. A palestra foi baseada em dados. Dados vindos de um levantamento realizado em 2021 com empresas participantes ISE B3 (índice de sustentabilidade da B3).
- Apenas 11% (sim ONZE!) de pessoas pretas em cargos de diretoria e alta administração;
- 61% das empresas não tem NENHUMA mulher entre seus diretores estatutários;
- 37% não tem mulher no seu conselho de administração
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Outros dados mostram a importância da diversidade nas empresas. Dados mostram como a diversidade é lucrativa! Sim tem como vincular o humano com lucratividade. Todos ganham. Empresas com diversidades são:
- 21% mais propensas a terem lucratividade acima da média;
- Empresas com maior diversidade étnico racial pode lucrar 33% a mais que concorrentes;
- e tem 17% a mais de engajamento com suas equipes
Dados importante da apresentação foi: 72% do consumo brasileiro é realizado pelos grupos minorizados (pessoas pretas, mulheres, lgbtqiap+(…))
Ou seja, a cada 100 reais, 72 são consumidos por estes grupos extremamente representativos, mas socialmente marginalizados. As empresas existem para servir e tornar a vida das pessoas melhor. Fica a pergunta: por que ainda somos tão resistentes a trazer diversidade nas empresas, nos produtos? Creio que não temos mais desculpas para não acolher, cuidar e nutrir a diversidade nas empresas.
Minha ressalva é que a palestra foi feita por homem e mulher brancos, cis e heteros. Enquanto nos serviços (entrega de pipoca, distribuição de fone) estavam pessoas pretas. Quando fui conversar com eles, os mesmos afirmaram que não se sentiram representados pela palestra e que dados sem ação são apenas dados. Temos que trazer a diversidade na prática, na vivência e lutar para não dizer. Acho que realmente temos que usar o “Pratique ou Explique”.
Por um universo verdadeiramente diverso e acolhedor e não apenas dados. A reflexão é que os dados trazem uma fotografia que aponta para infinitos desafios e possibilidades. Mas dados sem ação não passam de boas intenções e poucas realizações. Esse fenômeno é conhecido como a procrastinação de transformação cultural que gera impacto e inclusão reais.
Diário de Bordo de CFO de primeira viagem como: CFO e participante do Web Summit Rio!
A ansiedade era grande para chegar, para participar, para ter conexões e aprender! Afinal, estamos dentro do maior evento de inovação do mundo. Confesso que pensei muito sobre o evento! Sobre a representatividade da minha participação: uma mulher, preta de pele clara, lésbica, perto dos 40 anos e, agora, CFO. Esses marcadores (características que me alocam em alguns espaços da sociedade ) vão afunilando meu acesso e de pessoas que têm as mesmas interseccionalidades que a minha.
Hoje faço parte do 1% de mulheres pretas e lésbicas no cargo de C level. Sim, hoje sou parte de uma estatística muito triste e meu propósito é aumentar esse e outros % restritos a grupos tidos como minoritários. Cheguei com grande expectativas!
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