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Neonazismo

Supremacia à meia-luz: os terríveis caminhos do neonazismo em Santa Catarina

Conheça as principais operações e descobertas dos últimos três anos

• Atualizado

Izabela Piazza

Por Izabela Piazza

Paulo Henrique

Por Paulo Henrique

Foto: SCC SBT | Imagem ilustrativa.
Foto: SCC SBT | Imagem ilustrativa.

Nesta reportagem você irá conferir:

  • Uma linha do tempo com os últimos três anos, explicando as principais operações interligadas ao combate do neonazismo em Santa Catarina;
  • O que se sabe até o momento sobre células neonazistas;
  • Os limites da liberdade de expressão e do discurso de ódio previstos na Constituição Federal;
  • O significado de alguns dos principais símbolos do nazismo. 

Das operações à ideologia

Ao todo, nos últimos três anos foram deflagradas 10 operações, 40 mandados de busca e apreensão, 17 mandados de prisão e 19 indiciamentos envolvendo grupos extremistas. Confira os detalhes na reportagem a seguir:

Segundo dados apurados pela antropóloga Adriana Dias, há 8 anos eram 72 células em todo o país. Seis anos depois, o número subiu para 530 células identificadas. No ano passado, o número dobrou para 1.117 células espalhadas pelo país. 

Setembro de 2021: Fábrica neonazista 

Objetos que referenciam Adolf Hitler são encontrados em Timbó, no Vale do Itajaí. Pelas investigações da Polícia Civil, haviam moldes para fabricar objetos como a águia sobre a cruz suástica

A investigação teve início após chegar ao conhecimento da Polícia Civil que um site de uma empresa de artigos militares estaria comercializando objetos alusivos ao nazismo.

Foto: Polícia Civil de Santa Catarina.

Dezembro de 2021: Operação Bergon

Um grupo extremista é identificado por meio de quebra de sigilo telefônico e de dados, autorizados pela Justiça. Durante as ligações, foram identificados a existência de grupos que se autodeclaram nazistas e ultranacionalistas.

Gráfico: Izabela Piazza | Informações: Polícia Civil de Santa Catarina.

Abril de 2022: Operação Hórus

Dois homens foram presos em São Miguel do Oeste, no oeste de Santa Catarina. Eles estavam com bandeira nazista, drogas e até manual de criar armas.

Na residência foi localizado diversos materiais como: balança de precisão, maconha, manual de criação de armas em impressoras 3D, estojos de calibre 9mm, uma bandeira símbolo do Nazismo e outra do “Kekistan” (usada em fóruns de jogos), uma apostila de curso de Russo e sementes de maconha.

Foto: Polícia Civil de Santa Catarina.

Outubro de 2022: “A nova SS de Santa Catarina”

Seis pessoas foram presas suspeitas de integrarem uma célula neonazista em Santa Catarina. As prisões foram cumpridas em Florianópolis, São José, Joinville, Maravilha e São Miguel do Oeste. 

O delegado do caso esclareceu que quatro dos integrantes são estudantes do ensino superior. E a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) lançou uma nota respondendo ao caso, confira um trecho:

“A Administração Central da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) tomou conhecimento através da Imprensa do envolvimento de estudantes com movimentos neonazistas. Ao tempo em que cumprimenta a ação da Polícia Civil na investigação, oferece colaboração para o total desvendamento e punição a este crime. A UFSC repudia toda e qualquer ação racista e que atente contra os direitos humanos e o patrimônio ético, científico e cultural da instituição”.

A Polícia Civil revelou, por meio da Operação Gun Project, que o grupo se reunia em um sítio para treinamento com armas de fogo e discussão sobre ideário antissemita.

Novembro de 2022: Encontro de neonazistas

Oito pessoas foram presas e autuadas em flagrante pela prática dos crimes de associação criminosa e racismo em São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis. Tratava-se de um encontro anual de uma célula neonazista interestadual.

Março de 2023: Lobo solitário

Um jovem de 19 anos foi preso preventivamente pela Polícia Civil, em Porto Belo, após investigações apontarem que ele fazia apologia ao nazismo e disseminava ódio contra pessoas negras e judeus na internet.

A apuração indicou que o indiciado possui inclinação ao extremismo e a todo momento procurava, consumia e difundia conteúdo de ódio. Com especial interesse por “ataques terroristas de lobo solitário”.

Junho de 2023: Operação “Sine Odio”

A operação apreendeu instrumentos eletrônicos e materiais relacionados a um possível ataque armado a um templo religioso, por propagação de ideais neonazistas.

A investigação apurou a possível existência de comunicação entre dois adultos e um adolescente, residentes em três estados: Santa Catarina, Bahia e Paraná.

Julho de 2023: Operação Gun Project

A Polícia Civil de Santa Catarina deflagrou uma operação interestadual de combate ao Neonazismo e cumpriu mandados em SC, SP, PR E RJ.

Ao todo, foram 15 mandados de busca e apreensão pela manhã. Em SC foram cumpridos nos municípios de Florianópolis, Blumenau, Joinville, Curitibanos, em Santa Catarina.

Essa operação é um aprofundamento das investigações da Operação Gun Project. De acordo a Polícia, os encontros aconteciam de maneira presencial, havia produção de propaganda do nazismo, rituais de culto à doutrina Hitlerista.

Gráfico: Polícia Civil de Santa Catarina.

Julho de 2023: Operação Pessinus

São cumpridos cinco mandados de busca e apreensão e dois mandados de internação provisória em Biguaçu (SC), Ilha Grande (PI), Lucas do Rio Verde (MT) e Macaé (RJ). 

Investigações do Cyber Gaeco encontraram perfis em redes sociais que tinham a intenção de cometer atos graves de violência, incluindo estupros e mutilações, massacres em estabelecimentos de ensino, culto e enaltecimento a símbolos ligados ao nazismo.

É crime

A Lei Nº 7.716, de janeiro de 1989, define apologia ao nazismo como crime com pena e multa. 

O que significam esses símbolos?

No auge do partido alemão e da crença do nazismo, vários símbolos foram utilizados para reforçar a ideologia pregada. Conheça alguns dos principais:

  • Suástica: É um dos símbolos mais marcantes quando se fala de nazismo, foi bastante utilizada pelo partido de Hitler e nos uniformes dos militares alemães.
  • Kolovrat: É uma versão alterada da suástica e deriva-se de um símbolo pagão que representava o sol.
Foto: Reprodução redes sociais.
  • Totenkopf: Palavra alemã para crânio e ossos cruzados que virou símbolo e foi apropriada pelo nazismo, principalmente pela SS. 
Foto: Marne Menezes.
  • Sol Negro: Representado por um sol em cor preta, o símbolo têm 12 raios e se assemelhava a suástica de forma mais expandida. 
Foto: Marne Menezes.
  • Águia: A ave foi símbolo de força, poder e autoridade do partido alemão, além de reforçar a ideologia de supremacia ariana.
Foto: Marne Menezes.

*Denúncias de grupos ou atividades que façam apologia ao nazismo podem ser realizadas pelo telefone 181. Todas as informações foram apuradas com a Polícia Civil.

*A reportagem procurou a plataforma Telegram para falar sobre o assunto, mas até o momento da publicação desta matéria não houve retorno.

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