Ciro Gomes diz que “sonho é reconciliar o Brasil” e critica polarização “odienta”
Durante sabatina no Jornal Nacional, pedetista ainda disse que pretende governar com plebiscitos
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O candidato ao Planalto Ciro Gomes (PDT) criticou a polarização “odienta”, fez duras críticas aos candidatos que lideram a corrida presidencial, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), e disse que pretende reconciliar o país. As declarações foram dadas na noite desta terça-feira (23), em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo.
A democracia foi tema da primeira pergunta ao presidenciável. Indagado sobre os discursos duros contra os adversários políticos, o que poderia agravar ainda mais a tensão e a polarização, Ciro afirmou que apesar de ter que confrontar os candidatos, vai reavaliar os discursos e xingamentos. “Meu sonho é reconciliar o Brasil”, ponderou.
Em tom pacífico, ao contrário do que tem mostrado com ataques públicos aos dois adversários, o pedetista insistiu que pretende unir o Brasil ao redor de um projeto. “Eu pretendo unir o Brasil ao redor de um projeto e esse projeto tem um diagnóstico. O Brasil vive hoje a mais grave crise, se nós tomarmos em atenção os números do desemprego e da fome, 33 milhões de pessoas estão com fome, 120 não fizeram as três refeições hoje e há pessoas e grupos políticos responsáveis por essa tragédia. E eu acho, francamente, que a maior ameaça à democracia é o fracasso dela na vida do povo. Mas eu vou me esforçar para unir o Brasil. Unir o Brasil, reconciliar o Brasil”, afirmou.
“Estou tentando mostrar ao povo brasileiro que essa polarização odienta, que não ajudei a construir, pelo contrário, eu estava lá em 2018, tentando advertir que as pessoas não podiam usar a promessa enganosa do Bolsonaro para repudiar a corrupção generalizada e o colapso econômico gravíssimo que foram produzidos pelo PT, agora está tentando reproduzir uma espécie de 2018”, acrescentou.
Na área econômica, Ciro defendeu uma renda mínima de R$ 1.000 por família, e a taxação dos “super ricos”. “Vou taxar os 58 mil brasileiros que têm renda acima de R$ 20 milhões.” O presidenciável acredita que cobrar impostos mais altos dessa parcela da população seria um dos caminhos para garantir receita para programas sociais e outros projetos.
Coalizão
De uma chapa presidencial conhecida como ‘puro sangue’, que não conta com alianças com outros partidos, Ciro defendeu a sua governalidade mesmo sem apoio no Congresso, por meio de um novo modelo de governança política. Disse que o diálogo com o Congresso Nacional terá intermédio de governadores e prefeitos, e que, se eleito, deseja “transformar a eleição num plebiscito programático”. “É tentar transformar a minha eleição numa eleição de ideias. Eu represento um movimento abolicionista num movimento escravista, é basicamente o que estou tentando fazer”, afirmou.
Ciro também usou parte dos 40 minutos de entrevista para criticar a política dos governos de Lula e Bolsonaro. Criticou a condução do atual presidente nas áreas econômicas e no enfrentamento à pandemia de covid-19. Citou também o que classificou de medidas econômicas equivocadas aos longo das últimas décadas, que segundo ele, potencializaram o desemprego, a desigualdade e a corrupção estrutural.
“A crise brasileira esta instalada faz 30 anos. O Brasil tinha 34% da sua riqueza da indústria, hoje está com 10%, destruíram a indústria. A informalidade está mandando para velhice 50 milhões de brasileiros que não terão nenhuma cobertura previdenciária”, disse Ciro.
O candidato adiantou que, se eleito, não deseja concorrer à reeleição e pediu um voto de confiança aos eleitores para pôr fim à polarização entre Lula e Bolsonaro. “Eu não sou corrupto, eu resolvi fazer uma vida republicana”, disse. Frisou ainda que traz propostas inovadoras no combate à corrupção e aos acordos duvidosos no âmbito do Congresso: “A minha diferença é que o Bolsonaro denunciou isso e fez o oposto do que denunciou, o PT fez nas mesmas bases. Vou governar sem o toma lá dá cá e sem a roubalheira”.
Meio ambiente e segurança
Ciro Gomes também apontou como o meio ambiente pode ser tratado em uma possível gestão pedetista. Sobre a violência e invasões em terras indígenas, por exemplo, defendeu rigor na punição. “Falta mesmo mão firme e a algema vai voltar a funcionar no primeiro dia do meu governo”, afirmou.
Na segurança pública, Ciro pontuou que o combate às organizações criminosas deve ser feito com inteligência, tecnologia e aparato: “Temos apenas 11.600 policiais, um terço do orçamento é investido em segurança pública”.
Defendeu também a federalização de algumas figuras penais, como crime organizado, narcotráfico, contrabando de armas e crimes de colarinho branco, a partir da investigação até a prisão. “Deve ser feito o combate de fora pra dentro. O enfrentamento das organizações criminosas e das mílicias não será feito localmente.”
Por último, Ciro pediu oportunidade aos eleitores. “A ciência de errar é repetir as mesmas coisas do passado e achar que vai ter resultado diferente. Não vai. Você que vota no Bolsonaro porque não quer o Lula de volta, me dá uma chance. Você que vota no Lula porque não quer mais Bolsonaro, há um país para governar, me dê uma chance”, arrematou.
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