Autor do ataque em creche de Saudades é condenado a 329 anos e quatro meses de prisão
O Tribunal do Júri levou cerca de três horas para definir a pena do assassino de duas professoras e três crianças
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828 dias depois de entrar na creche Aquarela, em Saudades, e assassinar Murilo Massing, Sarah Luiza Mahle Sehn, Anna Bela Fernandes de Barros, Mirla Renner e Keli Adriane Anieceviski, o autor do crime foi condenado a prisão pelos cinco homicídios triplamente qualificados – por motivo torpe, uso de meio cruel e por impossibilitar a defesa da vítima – e por outra 14 tentativas de homicídio. As penas somadas totalizam 329 anos e quatro meses anos de prisão, iniciantemente em regime fechado, sem direito de recorrer em liberdade.
O conselho de sentença, composto por seis mulheres e um homem, levou cerca de três horas para decidir sobre o futuro do réu.
A condenação soma 40 anos de prisão pela morte de cada uma das três crianças e 30 anos de prisão pela morte de cada uma das duas professoras assassinadas. Uma das crianças que ficou ferida gravemente resultou na pena de 26 anos e 4 meses. As outras 13 tentativas de homicídios, resultaram em 10,8 anos de prisão por criança vítima e de 8 anos para cada tentativa contra profissionais.
Condenado terá que pagar quase R$ 3,5 milhões em indenizações
O Conselho de Sentença também condenou réu ao pagamento de mais de R$ 3,4 milhões em indenizações para as famílias das vítimas fatais e dos ataques.
A Justiça definiu que as famílias das crianças assassinadas vão receber indenização de R$ 500 mil cada uma, a mesma quantia foi estabelecida para as famílias das professoras mortas. Se somados os valores que devem ser pagos aos familiares da vítimas mortas, as indenizações alcançam os R$ 2,5 milhões.
O menino que ficou gravemente ferido no ataque será indenizado em R$ 400 mil. Já as outras 13 vítimas de tentativas de homicídios, entre elas crianças e professores, devem receber R$ 40 mil cada.
O julgamento
O Tribunal do Júri iniciou na manhã de quarta-feira (10), no Fórum de Pinhalzinho, cidade vizinha de Saudades. Durante a manhã, três vítimas e uma testemunha de acusação foram ouvidas. As profissionais da unidade de ensino relembraram o dia do crime e contaram detalhes da tragédia. Uma das testemunhas contou que machucou a mão ao tentar segurar a porta tentando impedir a entrada do réu à sala de aula.
Para encerrar a manhã do primeiro dia, o primeiro bombeiro militar a chegar na creche no dia 4 de maio de 2021 relatou aos jurados o que encontrou na cena após crime. Foram expostos detalhes da situação de saúde das vítimas e do condenado. “Durante o atendimento ele chamou as armas de amigas e pediu para cuidarmos delas”, relembrou a testemunha
Segundo o bombeiro, o acusado também perguntou quantas pessoas ele tinha matado e afirmou que escolheu a creche pelo fácil acesso e vulnerabilidade das crianças. O acusado não teria demonstrado arrependimento. “Ele queria ter matado mais”, complementou. O autor também afirmou que os filhos das pessoas presentes seriam “as próximas”.
Já no período da tarde e início da noite prestaram depoimento duas testemunhas de defesa e três de acusação. A defesa e a acusação focaram em abordar questões ligadas a sanidade mental e problemas psicológicos do réu. Em alguns momentos aconteceram discussões entre o advogado do acusado e os promotores de justiça.
Na manhã desta quinta-feira (10), a defesa e a acusação realizaram a argumentação. Cada um teve o direito há uma hora e meia de fala. No momento da argumentação, o Promotor de Justiça, Bruno Poerschke Vieira, se emocionou ao contar que ao deixar o filho na escola pensou em tudo que ocorreu na creche Aquarela, no dia 4 de maio de 2021.
Pessoas presentes no Tribunal do Júri relataram que um dos momentos mais marcantes da manhã foi quando a acusação afirmou que não há palavras para descrever a perda de um filho apenas “Saudades”, em referência ao nome da cidade.
O crime
Na manhã de 4 de maio de 2021, o réu, na época com 18 anos, invadiu com uma arma branca a creche na cidade de Saudades. Dentro da unidade e com uma adaga que havia comprado pela internet, o acusado matou duas professoras e três bebês, identificados como:
- Murilo Massing, 1 ano e 9 meses
- Sarah Luiza Mahle Sehn, 1 ano e 7 meses
- Anna Bela Fernandes de Barros, 1 ano e 8 meses.
- Mirla Renner, de 20 anos
- Keli Adriane Anieceviski, de 30 anos
Ele ainda tentou matar outras 14 pessoas, entre educadoras, funcionárias e crianças. Uma criança, de menos de anos, foi socorrida e encaminhada em estado grave ao hospital. Após o ataque ele ainda tentou tirar a própria vida e foi detido por populares e entregue às autoridades.
Depois de passar dias internados, o acusado prestou depoimento à polícia e confessou ter cometido o crime. O réu foi descrito como uma pessoa introspectiva, de poucos amigos, e antes de ter cometido os assassinatos teria afirmado para a família, ao comprar duas armas, que iria utilizá-las para maltratar o animal de estimação da irmã.
Na época do crime, o delegado Jerônimo Marçal Ferreira, responsável pelo caso, descreveu o acusado como um “jovem problemático”.
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