SC anuncia ações para ajudar na reconstrução do Estado após chuvas
Em um intervalo de 60 dias, 70% dos municípios catarinenses foram atingidos pelas chuvas
• Atualizado
Santa Catarina é um dos Estados do País mais afetados pelo alto volume de chuvas gerados pelo El Niño durante outubro e novembro. Em um intervalo de 60 dias, 70% dos municípios catarinenses acabaram sendo atingidos pelas chuvas, o que corresponde a 209 cidades: 195 prefeituras decretaram situação de emergência e outras 14 estão em estado de calamidade pública.
É nesse contexto de prejuízos familiares, com pessoas que perderam a própria casa, e econômicos, com empresas paralisando suas atividades, que o Governo de Santa Catarina agiu em respostas emergenciais de resgate e de retomada econômica. Nesta quarta-feira (29), foi a vez de atender, em um segundo pacote de ações do Programa Recupera SC, os produtores rurais catarinenses e as prefeituras com suporte para a recuperação da infraestrutura dos municípios.
Em um grande esforço conjunto, o Governo de Santa Catarina e os Poderes, representados pela Assembleia Legislativa (Alesc), o Tribunal de Justiça (TJSC), o Tribunal de Contas (TCE) e o Ministério Público (MPSC), aportaram recursos para a realização de repasses diretos às prefeituras. Serão R$ 150 milhões investidos nessa ação.
A Alesc contribuiu com R$ 30 milhões, o TJSC com R$ 13 milhões, o TCE também com R$ 13 milhões e o MPSC com R$ 10 milhões. O governo estadual completa a conta com R$ 84 milhões. No total, 55% tem como fonte de repasse o Executivo e 45% os demais Poderes. Além dos líderes de cada instituição, o evento reuniu secretários de Estado, prefeitos, vice-prefeitos, deputados e demais lideranças políticas no Teatro Pedro Ivo, em Florianópolis.
Mais ações de resposta contra as chuvas
Os recursos serão destinados à reconstrução das estruturas públicas danificadas, estradas vicinais e para a compra de equipamentos que ajudem no trabalho de recuperação. “São recursos emergências para as prefeituras para darmos qualidade de vida para os catarinenses. Nosso estado vai superar mais essa situação difícil”, disse o secretário da Infraestrutura, Jerry Comper.
Na agricultura catarinense, o Recupera SC – 2ª etapa investirá cerca de R$ 120 milhões. Com o aporte, o Governo de Santa Catarina irá viabilizar cerca de R$ 1,5 bilhão para as ações e em linhas de crédito para os produtores rurais.
O setor econômico mais afetado pela quantidade excessiva de chuvas e pelas enchentes foi o agronegócio. O prejuízo estimado pela Epagri e Secretaria de Estado da Agricultura chega a quase R$ 3 bilhões até o momento. Para minimizar as perdas e permitir a retomada, o Governo lança e reforça cinco ações para o setor: Pronampe Agro Emergencial, Reconstrói SC, pagamento de indenização por animais mortos nas enchentes, prorrogação de parcelas do Fundo Estadual de Desenvolvimento Rural (FDR) e ampliação do Programa Terra Boa.
Somadas, as duas etapas do programa Recupera SC anunciadas em outubro e novembro irão injetar R$ 2,5 bilhões na recuperação da economia estadual. “Cada real que compõe essas ações não significa apenas R$ 1. Significa esperança, um novo tempo, um investimento na fibra do povo catarinense”, disse o secretário de Planejamento, Edgard Usuy, que apresentou um balanço do que foi realizado pelo Estado nas ações de resposta à catástrofe climática.
O coronel Fabiano de Souza, comandante geral do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, foi porta-voz da explicação do critério de distribuição para os municípios. “Foram cinco critérios analisados, que incluíram até os atendimentos de emergência, as ações para reparar a infraestrutura danificada e também o atendimento humanitário enviado para as cidades. Foi provavelmente o maior evento climático enfrentado por Santa Catarina em 40 anos, menor apenas do que o que aconteceu em 1983”, explicou.
Recuperar o campo de SC
No campo, os prejuízos atingem 176 municípios catarinenses e 52.736 estabelecimentos, principalmente aos pequenos e médios produtores. As maiores perdas foram em lavouras temporárias, com destaque para as culturas de fumo e cebola, trigo e arroz, milho, soja e das hortaliças e fruticulturas.
“Estamos garantindo um apoio para os agricultores e suas famílias nos municípios que entraram em situação de emergência ou estado de calamidade pública”, explicou o secretário da Agricultura, Valdir Colatto.
Diante desse cenário, a Secretaria da Agricultura lança o programa PRONAMPE Agro Emergencial, uma linha de crédito de até R$ 100 mil por propriedade com juros subsidiados pagos pelo governo para ajudar os produtores rurais catarinenses. Por meio do FDR/SAR, a subvenção será de 3% sob a operação de crédito contratada pelos agricultores. O programa será operado em duas linhas, projetos de custeio e projetos de investimento.
O programa Reconstrói SC segue a mesma linha de ação e permite até R$ 12 mil por família para atendimento emergencial às propriedades rurais e pesqueiras. É possível realizar investimentos para recuperação de estruturas, máquinas ou equipamentos destruídos ou danificados. Atende às famílias que se enquadram no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), com prazo de pagamento de até cinco anos, com 50% de desconto para pagamento das parcelas em dia, sem juros.
A Agricultura também irá reforçar dois programas já existentes. No Programa Terra Boa, a pasta acrescentou 50.000 sacas de sementes de milho para o atendimento de aproximadamente 12 mil agricultores. A medida permitirá o replantio de mais de 50 mil hectares, recuperando áreas produtoras destruídas pela lama das enchentes. Houve um reforço também do programa de indenização aos criadores que comunicarem perdas de animais devido às chuvas, seja por afogamento, seja por soterramento.
Outra iniciativa é a prorrogação do prazo para amortização das parcelas dos contratos do Fundo de Desenvolvimento Rural. Para acessar todos os programas, os produtores devem procurar o escritório local da Epagri para receber as orientações.
Postergação de ICMS para contribuintes dos municípios atingidos pelas chuvas
A exemplo do que ocorreu em outubro, a Secretaria de Estado da Fazenda garantirá aos contribuintes prejudicados pelas chuvas de novembro a opção de postergar o pagamento de ICMS. Serão beneficiadas as empresas do Regime Normal de Tributação localizadas nos 94 municípios que declararam situação de emergência ou calamidade pública. Será possível postergar o pagamento do tributo por 90 dias durante seis meses.
Contribuintes enquadrados no Simples Nacional também poderão recorrer à postergação do ICMS se estiverem nos 14 municípios que decretaram calamidade pública. Nesse caso, a postergação do pagamento será viável por seis meses, abrangendo o mês corrente e os dois meses seguintes ao evento climático.
As projeções mostram que o impacto da prorrogação do pagamento do imposto para os contribuintes do Regime Normal e do Simples Nacional deve ser de pelo menos R$ 39,5 milhões, considerando as postergações dos eventos climáticos de novembro.
Outra medida definida pela Fazenda consiste na suspensão temporária da obrigatoriedade de utilização dos portos de SC para fins de fruição do benefício fiscal da importação. A Fazenda também irá suspender os efeitos dos atrasos nas chamadas obrigações acessórias.
Reforço de R$ 453,7 milhões em TEVs
O governador Jorginho Mello também anunciou no evento uma nova rodada de autorizações das Transferências Especiais Voluntárias (TEVs) para os municípios catarinenses. Serão feitos mais 302 pagamentos para 138 prefeituras. Os repasses totalizam R$ 453,7 milhões em investimentos até o início do segundo semestre de 2024.
Somando as novas autorizações com o que já vem sendo pago, o Governo do Estado deve transferir aproximadamente R$ 900 milhões em TEVs aos municípios catarinenses em apenas um ano e meio de gestão.
“As mudanças estabeleceram regras mais claras para a realização dos repasses, trazendo mais transparência ao investimento dos recursos públicos estaduais. Com as garantias deste novo modelo, conseguimos acelerar o fluxo de transferências dentro de um cronograma de pagamentos realista e em consonância com as diretrizes do nosso Plano de Ajuste Fiscal, o Pafisc”, avalia o secretário de Estado da Fazenda, Cleverson Siewert.
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