Aquecimento raro na Antártida pode trazer ondas de frio ao Brasil; entenda

Nos últimos dias, temperaturas superficiais em partes da Antártida subiram quase 30ºC acima do normal, gerando o que os cientistas chamam de “onda de calor” antártica. Embora o clima na região continue congelante, esse evento raro e prolongado ocorre pela segunda vez em dois anos e levanta preocupações sobre as mudanças climáticas.

Durante o inverno antártico, as temperaturas na região costumam oscilar entre -20ºC e -70ºC, com alguns locais atingindo até -80ºC. No entanto, as recentes anomalias térmicas são notáveis por sua magnitude, com várias estações registrando temperaturas 20ºC a 30ºC acima do normal por vários dias consecutivos.

Causas da “onda de calor”

O fenômeno não tem uma causa única, mas os cientistas sugerem que pode estar relacionado a mudanças na alta atmosfera, cerca de 30 quilômetros acima da superfície, na estratosfera. A estratosfera abriga o vórtice polar, uma faixa de ar frio e baixa pressão que gira em torno de cada polo. Normalmente, o vórtice polar é forte e estável durante o inverno, mas este ano, ondas atmosféricas enfraqueceram o vórtice, resultando em um fenômeno chamado Aquecimento estratosférico repentino. Esse processo elevou as temperaturas de alta altitude, desencadeando a atual onda de calor.

Impactos no Brasil

O enfraquecimento do vórtice polar e as temperaturas anormalmente altas perto do Polo Sul, juntamente com ventos mais fracos ao redor do continente antártico, têm implicações para o clima global. A Oscilação Antártica negativa está facilitando a migração de ar muito frio em direção às latitudes médias na América do Sul, África do Sul, Austrália e Oceania.

No Brasil, modelos climáticos já preveem uma incursão de ar gelado nas latitudes médias da América do Sul para o final desta semana, trazendo um resfriamento para o Sul do país. Além disso, há previsão de um segundo pulso de ar frio no início da próxima semana. Esse avanço de ar polar pode fazer com que frentes frias se desloquem mais ao Norte pelo território brasileiro, resultando em chuvas durante a estação seca em áreas do Centro-Oeste e do Sudeste, particularmente nos estados de Mato Grosso do Sul e São Paulo.

*Com informação do MetSul Meterologia

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