Relógio do Juízo Final marca os segundos para o ‘fim dos tempos’; entenda
Desde terça-feira (24), o Relógio marca faltarem 90 segundos para o fim dos tempos
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Assunto que chamou a atenção dos internautas nesta semana, o Relógio do Juízo Final é um projeto que alerta as pessoas sobre o quão próximo à humanidade está de destruir o mundo com tecnologias perigosas criadas por ela própria. Desde terça-feira (24), o Relógio marca faltarem 90 segundos para o fim dos tempos
Ele consiste em uma figura representando parte de um relógio, na qual o ponteiro pode variar de pouco antes de 23h45 (15 minutos para a meia-noite) a meia-noite, dependendo de quão grande é o risco de destruição mundial. Quanto mais próximo das 24h, maior o risco.
Tem o objetivo, portanto, de fazer as pessoas lembrarem de perigos que os humanos devem enfrentar se quiserem sobreviver na Terra. A responsabilidade de alterar o ponteiro, ou seja, de determinar em qual patamar está a chance de ocorrer o fim dos tempos provocado pela humanidade é do Conselho de Ciência e Segurança da organização sem fins lucrativos Boletim dos Cientistas Atômicos.
O grupo é integrado por cientistas e outros especialistas “com profundo conhecimento em tecnologia nuclear e ciência do clima”. Ele se reúne duas vezes por ano para discutir os eventos mundiais e, com base na discussão, reajustar o Relógio. Para fazer a alteração, os integrantes também ouvem colegas em várias disciplinas e buscam opiniões do Conselho de Patrocinadores, que possui dez ganhadores do Prêmio Nobel.
O que é o Boletim dos Cientistas Atômicos?
É uma organização independente e sem fins lucrativos, criada nos Estados Unidos, em 1945, cuja missão é fornecer “ao público, formuladores de políticas e cientistas as informações necessárias para reduzir as ameaças feitas pelo homem à nossa existência”. Ela publica conteúdos online e em uma revista acadêmica homônima, que substituiu, e 1947, o boletim informativo da organização.
Foi criada por um grupo de cientistas “que viram a necessidade imediata de um acerto de contas público após os bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki”. “Uma missão era instar colegas cientistas a ajudar a moldar a política nacional e internacional. Uma segunda missão era ajudar o público a entender o que os atentados significavam para a humanidade”, fala o Boletim.
A organização reúne uma parte diversificada das vozes mais informadas e influentes “que rastreiam ameaças feitas pelo homem” e apresenta o pensamento delas ao público global.
Quando foi criado e quem criou o Relógio do Juízo Final?
Ele foi criado em 1947 pela artista norte-americana Martyl Langsdorf. O coeditor Hyman Goldsmith da revista do Boletim dos Cientistas Atômicos pediu a ela que elaborasse um design para a capa da primeira edição da publicação. Num primeiro momento, ela pensou em usar o símbolo do urânio. Porém, sendo casada com o Alexandre Langsdorf, que trabalhou no Projeto Manhattan, o programa de pesquisa e desenvolvimento que produziu as primeiras bombas atômicas na Segunda Guerra Mundial, ela ouviu os cientistas que trabalharam na tecnologia debatendo as consequências desta e a responsabilidade deles de informar as pessoas. Assim, sentiu a urgência do grupo e, então, criou a figura de um relógio para sugerir não haver muito tempo para a humanidade controlar as armas atômicas.
Que horas o Relógio original exibia?
A artista Martyl Langsdorf o criou marcando 23h53, ou seja, faltando sete minutos para a meia-noite, porque aos seus olhos “parecia bom”.
Quem define o horário do Relógio?
Até falecer, em 1973, o editor do Boletim, Eugene Rabinowitch, decidia se o ponteiro da figura deveria ser alterado. Rabinowitch era um cientista, fluente em russo e líder do movimento internacional de desarmamento. Constantemente conversava com cientistas e especialistas, de dentro ou de fora dos governos, em várias partes do mundo. Ele usava essas discussões como base para decidir qual horário o Relógio do Juízo Final deveria exibir e explicava os motivos do reajuste no ponteiro nas páginas da revista Boletim dos Cientistas Atômicos.
Quando faleceu, o Conselho de Ciência e Segurança assumiu a responsabilidade de definir o horário do Relógio. Desde então, faz reunião duas vezes por ano para discutir os eventos mundiais e, com base na discussão, reajustar o Relógio.
Como o horário é definido?
O Boletim dos Cientistas Atômicos ressalta que o Relógio do Juízo Final “não é uma ferramenta de previsão” e, com ele, não estão prevendo o futuro. “Em vez disso, estudamos eventos que já ocorreram e tendências existentes. Nosso Conselho de Ciência e Segurança rastreia números e estatísticas – observando, por exemplo, o número e os tipos de armas nucleares no mundo, as partes por milhão de dióxido de carbono na atmosfera, o grau de acidez em nossos oceanos e a taxa de elevação do nível do mar. O conselho também leva em conta os esforços dos líderes e cidadãos para reduzir os perigos e os esforços das instituições – sejam governos, mercados ou organizações da sociedade civil – para cumprir os acordos negociados”, pontua.
Quando uma mudança no horário é feita, o Boletim dos Cientistas Atômicos divulga uma declaração explicando os motivos de ter sido feito o reajuste.
Quantas vezes o horário foi reajustado?
O Relógio teve seu horário reajustado 25 vezes desde a estreia, em 1947.
Quando o ponteiro foi movido pela primeira vez?
Em 1949, após a União Soviética testar com sucesso sua primeira bomba atômica. Naquele ano, o Relógio passou a marcar faltarem três minutos para meia-noite.
Quando o ponteiro ficou mais próximo da meia-noite?
Na última alteração; desde 3ª feira (24.jan), o Relógio marca faltarem 90 segundos para a meia-noite. Ele foi reajustado de 100 segundos para 90, em grande parte, por causa da invasão russa à Ucrânia e o crescimento do risco de escalada nuclear.
Quando o ponteiro ficou mais distante da meia-noite?
Em 1991. Naquele ano, o Conselho de Ciência e Segurança do Boletim dos Cientistas Atômicos definiu o horário em 17 minutos para meia-noite. Isso porque, após o fim da Guerra Fria, os Estados Unidos e a União Soviética assinaram o Tratado de Redução de Armas Estratégicas, primeiro tratado prevendo grandes reduções nos arsenais de armas nucleares estratégicas das duas nações.
O design do Relógio já foi alterado?
Sim. Em 2007, o designer gráfico Michael Bierut reinventou a figura. Originalmente, o ponteiro menor era preto, e o maior, branco, assim com os pontos dos minutos. Desde 2007, os dois ponteiros e os pontos dos minutos são pretos.
É possível visitar o Relógio do Juízo Final?
Sim. Desde fevereiro de 2019, é possível encontrar uma versão da figura em um painel, nos escritórios do Boletim dos Cientistas Atômicos na Universidade de Chicago.
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