Quer ajudar o Rio Grande do Sul? Saiba os cuidados necessários antes de ir

O Rio Grande do Sul já contabiliza 113 mortos devido às fortes chuvas e enchentes, segundo o último Boletim do Governo do Estado desta sexta-feira (10). Com a mobilização nacional para ajudar os sobreviventes do desastre, centenas de pessoas têm se organizado para ir às regiões afetadas e ajudar o Rio Grande do Sul. Mas é preciso tomar muito cuidado na hora de tomar esta decisão.

Para auxiliar as pessoas atingidas no Rio Grande do Sul pela tragédia das cheias, a Defesa Civil de Santa Catarina está orientando todos aqueles desejam realizar doações para o estado gaúcho.

Confira três pontos que precisam ser levados em conta no momento de ajudar:

1) autossuficiência – as equipes em apoio não devem exigir da gestão local suporte para alimentação e alojamento. Lembre-se, tudo está saturado!

2) especialização – as equipes não devem despender esforços para salvar ou capacitar voluntários. Todos que atuam devem estar preparados para ambientes de risco e hostis.

3) atendimento de acordo com a demanda – o envio de ajuda deve estar estritamente ligado às necessidades.

Desde a última sexta-feira (3), a Defesa Civil de Santa Catarina vem realizando um trabalho de orientação junto aos inúmeros cidadãos catarinenses, que estão mobilizados para ajudar as famílias que sofrem com a tragédia.

Veja o depoimento de quem foi para o RS

A motorista Gabriela Lanza, por exemplo, saiu de São Miguel do Oeste com mais dois amigos. Eles conseguiram um voo que levava mantimentos para o estado e resolveram pegar a carona para colaborar. No entanto, eles não podiam levar alimentos para vários dias, por causa do espaço do avião, e também não sabiam que local poderiam ficar.

“A gente entrou em contato com várias pessoas e eles foram nos encaminhando para pessoas diferentes. Por exemplo, era para falar com a pessoa X, e ela dizia que era preciso falar com a Y. E ninguém sabia dizer onde era para irmos.”

O grupo teve dificuldade também para encontrar onde se abrigar:

“Essa foi a maior dificuldade: encontrar onde passar a noite. Os abrigos aqui estão todos lotados. Até o pessoal daqui que está sem casa, sem nada, às vezes tem que ser realocado de um abrigo para outro, porque corre risco de inundar aquele que eles estão. Quase não tem espaço para eles, quem dirá para nós, que estamos chegando.”

Moradores de SC se mobilizam para ajudar o Rio Grande do Sul

O gaúcho Maicon Nunes mora em Florianópolis há um ano e três meses, mas sua família e seus amigos seguem morando no Rio Grande do Sul. Suas duas irmãs foram atingidas e precisaram ir até a casa da mãe em Sapucaia.

Quando soube das enchentes e enxurradas, Maicon se mobilizou imediatamente para ir, mas já sabendo que teria lugar para dormir e também alimentação.

“Eu estou na linha de frente, fazendo entregas de doações e ajudando pessoas a saírem de prédios e apartamentos bloqueados. Quando eu cheguei em Canoas, a gente já sabia o que fazer e aonde se disponibilizar. Como só saí do RS há um ano, meu vínculo ainda é muito forte, então conheço muita gente por aqui”, relata Maicon Nunes.

O advogado Lucas Braz, morador de Criciúma, fez o mesmo movimento até o bairro Matias Velho, em Canoas, com mais 11 amigos. Nesta semana, eles foram até o estado vizinho com três jet skis e dois botes infláveis e conseguiram ajudar mais de 80 pessoas, que precisavam de doação e também de resgate.

“Poucas pessoas tiveram resistência em sair de lá, porque ficou tudo muito submerso. A água chegou em muita quantidade e de forma muito rápida. Eu nunca vi nada assim. Tinha muitas pessoas de idade, por exemplo, saindo só com a roupa do corpo e mais nada.”

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