Pilotos da Voepass falaram em problema em sistema antigelo, diz Cenipa
Ainda não está claro se o sistema foi desligado pela tripulação ou se houve uma falha no equipamento
• Atualizado
O relatório preliminar do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) da Força Aérea Brasileira (FAB), divulgado nesta sexta-feira (6), revelou que os tripulantes discutiram uma falha no sistema de “de-icing” — que protege a aeronave contra a formação e o acúmulo de gelo nas asas — com base na análise do áudio do gravador de voz da cabine.
A investigação também revelou que o sistema “airframe de-icing”, que evita o acúmulo de gelo nas asas, foi ligado e desligado várias vezes. Ainda não está claro se o sistema foi desligado pela tripulação ou se houve uma falha no equipamento.
“Existiram duas vezes nos gravadores de voz. Na primeira delas, o piloto comenta que houve uma falha no sistema de airframe. Em um segundo momento, o co-piloto comenta exatamente esta frase: ‘Bastante gelo'”, disse o tenente-coronel aviador Paulo Mendes Fróes, investigador-chefe da Comissão de Investigação.
De acordo com o Cenipa, durante o voo, havia alta umidade e temperatura abaixo de 0°C, condições que favoreceram a formação severa de gelo, desde o centro-norte do Paraná até São Paulo.
Os investigadores confirmaram que a aeronave estava em condições adequadas para voar em situações de gelo, com manutenção regular e tripulação qualificada. Além disso, as informações meteorológicas disponíveis antes da decolagem já indicavam a possibilidade de formação de gelo severo na rota. A tripulação não declarou emergência aos órgãos de controle ou a aeronaves próximas durante o voo.
“É importante destacar que não existe um fator único para um acidente, mas diversos fatores contribuintes. No caso do PS VPB [a aeronave da Voepass], a perda de controle da aeronave ocorreu durante o voo sob condições favoráveis à formação de gelo, mas não houve declaração de emergência ou reporte de condições meteorológicas adversas”, explicou o tenente-coronel Paulo Mendes Fróes.
O Cenipa também informou que a aeronave envolvida no acidente estava registrada na Categoria de Transporte Aéreo Público Regular (TPR) e era certificada para operar em condições ambientais adversas, incluindo a formação de gelo.
Relatório Final
O Cenipa anunciou que a investigação seguirá três linhas principais: fator humano — para avaliar o desempenho da tripulação; fator material — para verificar a condição da aeronave, com foco em sistemas anti-icing e de-icing; e fator operacional — para analisar o ambiente operacional relacionado ao acidente.
“As informações disponíveis no Reporte Preliminar podem sofrer atualizações à medida que novos dados factuais forem obtidos. O nosso objetivo é entregar o relatório final no menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade da ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes”, afirmou o brigadeiro do ar Marcelo Moreno, chefe do Cenipa.
A aeronave ATR 72, do voo 2283, partiu de Cascavel (PR) às 11h58 com destino a Guarulhos. O voo estava normal até as 13h20, quando a aeronave perdeu contato com o Controle de Aproximação de São Paulo (APP-SP) às 13h21 e colidiu com o solo um minuto depois.
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