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Mulheres estão mais sobrecarregadas nas novas rotinas devido à pandemia

Segundo o Instituto UFSC, em decorrência disso, as contribuições das mulheres em atividades profissionais estão diminuindo

• Atualizado

Viviane Abreu

Por Viviane Abreu

Foto: Reprodução Pexels
Foto: Reprodução Pexels

Durante o isolamento social, as mulheres ficaram sobrecarregadas com as tarefas diárias, principalmente aquelas com filhos, já que a divisão das atividades se torna desigual em relação aos homens. Segundo informações levantadas pelo Instituto de Estudos de Gênero (IEG) da UFSC, pesquisas internacionais indicam que as mães – tanto as que estão trabalhando remotamente quanto as em trabalho presencial e as desempregadas – assumem pelo menos 50% a mais dos cuidados das crianças, além de assumirem entre 10 e 30% a mais das atividades escolares virtuais em comparação com os pais.

Uma pesquisa realizada pelo instituto Datafolha no início de julho, com 700 mulheres paulistanas, detectou um aumento da participação masculina nas tarefas domésticas. Porém, também constatou que 63% das mulheres tiveram aumento de tarefas em casa e que 55% delas estavam cozinhando mais.

A desigualdade já existia e se acentuou. “De acordo com pesquisa de 2019 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mulheres que trabalhavam fora de casa dedicavam 8,2 horas por semana a mais a tarefas domésticas que homens também ocupados. Hoje, esse número chega a 12 horas, segundo estudo do Boston Consulting Group em países europeus..

Por conta desses fatores, a participação das mulheres em atividades profissionais estão diminuindo. O número de trabalhos acadêmicos de autoria de mulheres nas universidades baixou, enquanto as submissões de trabalhos produzidos por homens aumentaram. Com o aumento dos níveis de estresse essa sobrecarga também está tendo impacto na saúde mental das mulheres.

Tradicionalmente, as mulheres já assumem a maioria das tarefas de cuidado com idosos, doentes e pessoas com necessidades especiais. “Nesse momento de isolamento e trabalho remoto, há uma reconfiguração dos trabalhos de cuidados (de crianças, idosos e doentes), que passam a ser demandados em tempo integral pelas mães, pais ou cuidadores e se estende, no caso de pessoas com filhos em idade escolar, no acompanhamento das atividades escolares virtuais”, diz um trecho de carta do IEG dirigida à comunidade universitária da UFSC evidenciando a situação especial desse grupo na retomada das atividades de ensino de forma não presencial.

“O trabalho das mulheres é crucial para o funcionamento da universidade, mas ele é invisibilizado. Se ela não escrever 50 livros, é considerado que ela ‘não produziu’ academicamente”, constata Miriam Grossi, professora titular do Departamento de Antropologia da UFSC e uma das coordenadoras do IEG. “Todo o trabalho relacional, algo que as mulheres aprendem culturalmente, é feito na vida profissional, e não é computado, nem reconhecido, nem entendido como trabalho, mas é o que estrutura a universidade”, diz a pesquisadora.

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