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Pesquisa sugere que pequenos produtores de pinhão tenham atividade protegida

O estudo indica que essa proteção deve ocorrer a partir de políticas públicas, pensando nas mudanças climáticas

• Atualizado

Redação

Por Redação

Foto: Mario Tagliari/Divulgação/Agecom/UFSC
Foto: Mario Tagliari/Divulgação/Agecom/UFSC

Uma pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) propõe que a atividade de pequenos produtores extrativistas de pinhão seja protegida a partir de políticas públicas que pensem na resistência diante das mudanças climáticas dos últimos tempos. O estudo foi publicado no periódico internacional Climatic Change, com base no cruzamento de uma série de dados e de entrevistas.

A pesquisa considera que os efeitos das mudanças climáticas se propagam do organismo para os biomas, influenciando os sistemas. Para realizar a avaliação, a equipe entrevistou 97 pequenos produtores e analisou o que seria o seu conhecimento ecológico tradicional – cuja sigla em inglês é TEK. Dados com projeções sobre mudanças climáticas e também do impacto socioeconômico do comércio da semente de pinhão de araucária também foram utilizados.

O pesquisador Mario Tagliari explica que o estudo inovou na metodologia justamente por tentar projetar a perda do conhecimento tradicional dos pequenos produtores, já que as estimativas sobre as mudanças climáticas em médio e longo prazo estão, de alguma forma, registradas pela literatura.

“Estudos distintos chegaram a conclusões semelhantes de que, no futuro, a gente vai ter uma perda potencial de áreas climáticas favoráveis para a floresta de Araucária – entre 50% e 70% de perda de áreas climáticas favoráveis”, explica.

A equipe usou esses resultados projetando cenários para 2050 e 2070 e elaborou uma média da perda potencial. Depois, extraiu-se um gráfico que projeta também a perda do conhecimento tradicional dos pequenos produtores. Isso se deu pois o conhecimento tradicional e a forma como tais grupos interagem com as florestas é visto como um fator de preservação.

A pesquisa traz à tona ainda que a perda potencial da floresta causada pelo clima vai diminuir a safra e a colheita do pinhão, impactando a atividade da qual dependem os grupos tradicionais. Por sua vez, esses grupos se tornariam cada vez mais raros – e essa raridade, com a inevitável perda de conhecimento tradicional – também impactaria na preservação das florestas.

“A gente projetou que essa perda potencial da área climática da Araucária provavelmente vai interferir na produção de pinhão, que vai interferir na renda dessas famílias. Esse conhecimento pode acabar sendo perdido”, diz Tagliari. O estudo também encontrou evidências de que evitar a destruição das florestas de araucárias é fundamental para valorizar os detentores do conhecimento tradicional e manter a interação socioecológica histórica protegida.

Impacto das mudanças climáticas

Segundo a média de perda calculada, em 2050, a redução das áreas adequadas da floresta deve ser de 49%. Além disso, não mais do que 10% da distribuição projetada será coberta por áreas protegidas. “Esses grupos dependem da floresta em pé para ter recursos, então, se a mudança climática realmente acontecer, se as previsões que estão sugerindo essa perda se confirmarem, muita gente vai ser afetada” comenta o pesquisador.

Esses números também foram confrontados com uma base de dados (SIDRA/IBGE) que indica a importância financeira da Araucária a partir de métricas do IBGE: na atividade, foram colhidas quase 15.000 toneladas de pinhão em 2021, com indicativo de um aumento do valor comercial desde 2010 e uma tendência crescente no futuro. “E isso exclui o mercado indireto, daquelas pessoas que vendem em beira de estradas ou para atravessadores”, pondera Tagliari.

Por isso, ressalta, é importante garantir que esses grupos e seu conhecimento acumulado no dia a dia do manejo não se percam. “É importante pensar na necessidade de valorizá-los. Há poucas famílias nessa posição. Geralmente, são famílias vulneráveis. Se desaparecer ou diminuir drasticamente o recurso das quais elas dependem, conforme indicam as projeções, a tendência é que os próprios grupos desapareçam”.

>>> Informações da Agecom/UFSC

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