Lobo-marinho em reabilitação em SC elimina plástico pelas fezes
Por sorte, o animal se recupera bem, mas os resíduos poderiam ter levado o animal a óbito
• Atualizado
Na Semana do Lixo Zero, uma reflexão: como um resíduo sólido descartado de modo inadequado pode impactar a vida marinha? A questão pode ser respondida de diferentes maneiras, mas uma delas foi presenciada na R3 Animal, com um lobo-marinho.
Um lobo-marinho-do-Sul (Arctocephalus australis) resgatado por meio do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) e em reabilitação, eliminou pelas fezes vários pedaços de plásticos de diversas texturas, tamanhos e cores. Por sorte, o animal se recupera bem, mas os resíduos poderiam ter levado o animal a óbito.
A veterinária e responsável técnica do PMP-BS/Florianópolis Marzia Antonelli explica quais os riscos para o animal ao ingerir lixo plástico.
“Dependendo da quantidade ou do tamanho dos resíduos, isso pode levar à obstrução gastrointestinal. O material fecal endurecido (fecaloma) pode ficar retido no intestino e levar a uma infecção bacteriana, podendo evoluir a um quadro de infecção generalizada e levar o animal a óbito”, exemplifica Marzia.
“Além disso, dependendo do tipo de material plástico, isso pode levar a uma lesão no trato gastrointestinal, como úlceras, perfurações, e até mesmo irritações, que prejudiquem a qualidade de vida do animal, a ingestão de alimento e a sua recuperação”, complementa.
Repense seu consumo
Evite usar materiais descartáveis, tais como canudos de plástico, cotonetes, talheres, garrafas, pratos e copos plásticos, opte por materiais reutilizáveis; troque as sacolas plásticas por ecobags, seja um canal de informação sobre novos hábitos de consumo e o impacto do lixo na natureza. Tudo está interligado e se cada um fizer a sua parte contribuiremos para a preservação ambiental.
Sobre o lobo-marinho
Esse lobo-marinho-do-Sul é um indivíduo juvenil e foi resgatado na Praia Mole, no dia 19 de outubro, pela nossa equipe de campo, que foi acionada por moradores via telefone 0800 642 3341. Ao chegar ao local, urubus já sobrevoavam o animal.
Ele deu entrada no Centro de Pesquisa, Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos (CePRAM/R3 Animal) extremamente desidratado e caquético.
Ele foi medicado, hidratado e alimentado com papa de peixe, respondendo bem ao tratamento. No dia seguinte, houve a primeira eliminação de plástico pelas fezes. Dois dias depois, defecou mais uma pequena quantidade de resíduos plásticos. Felizmente, o exame de raio-x mostrou que não há obstrução no trato gastrointestinal.
Cinco dias após iniciado o tratamento, foram observadas fezes sólidas e o animal foi transferido para o recinto com piscina para passar o dia. Desde então, ele tem se recuperado bem.
Estamos na expectativa para que ele recupere o peso normal para a espécie e os exames complementares apontem que esteja apto para ser devolvido à natureza.
>> Para mais notícias, siga o SCC10 no Twitter, Instagram e Facebook.
Quer receber notícias no seu whatsapp?
EU QUERO