Boto-cinza é encontrado morto com roupa íntima feminina presa às nadadeiras em Itapoá
Além da lesão aparente, o animal apresentou sinais de debilidade crônica como magreza, pneumonia severa e grande quantidade de parasitas
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No último domingo (16), a equipe do PMP-BS/Univille foi acionada na praia do Pontal, em Itapoá (SC) para resgatar o corpo de um boto-cinza (Sotalia guianensis) morto. O animal, uma fêmea juvenil de 1,4 metros de comprimento e pesando 32,2 quilogramas, apresentava uma tira de pano presa em ambas as nadadeiras peitorais de forma profunda, a nível cutâneo e ósseo.
Durante a realização da necropsia, constatou-se que era uma roupa íntima feminina, uma calcinha. Segundo a médica veterinário Giulia Gaglianone, provavelmente o boto deve ter se “enroscado” no tecido quando ainda mais jovem e conforme foi se desenvolvendo, o tecido foi cortando a pele de tal forma que a pele cresceu sobre a tira de pano. Quando as bordas da pele se tocaram, iniciaram o processo de cicatrização, mas a presença do pano manteve as lesões fistuladas, ou seja, abertas.
Além da lesão aparente, o animal apresentou sinais de debilidade crônica como magreza, pneumonia severa e grande quantidade de parasitas em bulas timpânicas e pulmões. Exibia ainda, marcas sugestivas de ter se enroscado em rede de pesca ao redor do rosto e do orifício respiratório (espiráculo). Amostras foram coletadas para análises complementares para confirmação da causa da morte.
“Este fato retoma a reflexão sobre o descarte incorreto de lixo e itens pessoais, como roupas, calçados, escovas de dente e todos os tipos de utensílios que chegam ao fim de sua vida útil”, destacou a equipe do PMP-BS/Univille. Estima-se que 170 mil toneladas de resíduos têxteis são geradas por ano, no Brasil. E segundo dados do Sebrae, 80% deste total vai parar em lixões e aterros sanitários.
E o processo de decomposição de tecidos é lento. No caso de tecidos naturais, como o algodão, o linho, a seda podem durar meses e tecidos sintéticos, como o poliéster chega à centena de anos. Nos oceanos, os tecidos agem como “redes de pesca”, capturando incidentalmente, emalhando e matando diversas espécies marinhas.
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