Saiba o que é a anomalia magnética que está crescendo no Brasil
Antes de saber é preciso também entender o que é campo magnético; confira
• Atualizado
A Agência Nacional de Inteligência Geoespacial (NGA) dos Estados Unidos e o Centro Geográfico de Defesa divulgaram um relatório mostrando que a Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AAS), área que abrange parte das regiões sul e sudeste do Brasil e outros países da América do Sul, está crescendo.
Mas, afinal, o que é uma anomalia magnética? Antes de entender é preciso saber o que é o campo magnético.
Trata-se de uma região do espaço essencial para proteção da vida e da comunicação via satélite e rádio. Ele atua protegendo a Terra contra ataques de ventos solares e as partículas vindas do Sol — que quando interagem com os polos sul e norte do campo magnético, são responsáveis pela formação de dois fenômenos: aurora boreal (no hemisfério norte) e astral (no hemisfério sul).
E a anomalia é uma área do campo magnético onde existe uma falha e essa proteção fica mais fraca. Na prática, isso pode trazer problemas na comunicação via satélite da região, interferir na coleta de dados, além de causar problemas na comunicação por rádio.
Leia Mais
Por que é importante monitorar anomalias magnéticas?
O doutor em física e pesquisador do Observatório Nacional, Marcel Nogueira, disse à Agência Brasil que monitorar essas variações é importante para evitar blecautes de energia elétrica, por exemplo.
““Se gente estuda as tempestades, temos condições de melhorar o nosso sistema de distribuição de energia elétrica e protegendo, evitar esses blecautes. Porque na vida que a gente tem hoje em dia, tão dependente da tecnologia, qualquer tipo de apagão no sistema elétrico, de qualquer país, gera prejuízo de milhões ou até bilhões de dólares. É algo muito importante para nossa vida tecnológica.”, ressaltou.
Ele ressalta também que essas anomalias são monitoradas para que o funcionamento dos satélites esteja sob controle.
‘Por que as agências espaciais têm interesse na anomalia? Porque como essa região tem um campo mais enfraquecido, as partículas do vento solar entram nessa região com mais facilidade, o fluxo de partículas carregadas que passam por aquela área é muito mais intenso. Isso faz com que os satélites, quando passam por essa região, tenham que, por vezes, ficar em stand-by, desligar momentaneamente alguns componentes para evitar a perda do satélite, de algum equipamento que venha a queimar.”, explicou Marcel.
O que causa a anomalia?
A causa exata da anomalia ainda não é conhecida. No entanto, os pesquisadores observaram que ela está se expandindo e se aprofundando para o oeste. Entre 2020 e 2024, estima-se que a área da AAS tenha aumentado em aproximadamente 7%.
“Esse contorno se aproxima da região onde é mais provável que ocorram danos por radiação nos satélites”, escreveram os autores em relatório
O fenômeno é associado popularmente à lenda urbana do Triângulo das Bermudas, região situada no norte ocidental do Oceano Atlântico associada ao desaparecimento de aviões e navios que ainda está envolta em mistério e com algumas explicações: uma delas é que nesse ponto da terra os satélites sofreriam com maiores quantidades de radiação cósmica (vindas de diversas regiões do espaço) a ponto de ocorrerem danos por uma descarga elétrica, por exemplo, explicou John Tarduno, professor de geofísica da Universidade de Rochester.
Marcel, por outro lado, disse que a essa anomalia deve ser encarada como um “desafio tecnológico” e que não há conclusões que apontem riscos do fluxo das radiações cósmicas na vida humana.
>> Para mais notícias, siga o SCC10 no Twitter, Instagram e Facebook.
Quer receber notícias no seu whatsapp?
EU QUERO