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Denúncia

“Humilhada”: Advogada denuncia que policial mediu sua saia e a hostilizou em presídio em SC

A advogada relata que a policial chegou a pedir para que as imagens das câmeras de seguranças fossem enviadas à direção para impedir que ela entrasse no presídio de Joinville

• Atualizado

Redação

Por Redação

Foto: @milenatomelin / Reprodução
Foto: @milenatomelin / Reprodução

Advogada Milena Tomelin utilizou as redes sociais para relatar que teria sido hostilizada e teve a roupa medida por uma policial penal, dentro da sala da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SC), no presídio de Joinville, no Norte de Santa Catarina, nos últimos dias. Após a denúncia da advogada, a Corregedoria da Secretaria de Administração Prisional e Socioeducativa (SAP) abriu uma investigação para apurar o caso.

“Ao longo dessa semana, fui abordada por uma Policial Penitenciária Mulher, questionando minha vestimenta, alegando que eu não entraria nem no fórum vestida desse jeito e fazendo uma série de comentários sexistas. (Roupa azul) da foto”.

Advogada Milena Tomelin, em texto nas redes sociais

A policial penal teria questionado e chegado a hostilizar Milena por conta do conjunto azul, de blazer com bermuda, que ela usava quando estava visitando um cliente.

Segundo o relato, na visita do dia seguinte, a policial penal teria abordado novamente Milena. “A mesma fez questão de me avisar que havia capturado na câmera a minha vestimenta, e que levou ao chefe de segurança para que eu não pudesse mais entrar utilizando ‘esse tipo de roupa’.”, relata a advogada em texto.

Após a visita no presídio, a advogada conta que a policial teria ido até a sala da OAB, espaço destinado aos advogados que precisam ir até o presídio a trabalho. A policial teria chegado a medir o comprimento da roupa que Milena e sua colega estavam utilizando.

“Ao concluir meu trabalho, na saída, fui abordada novamente pela mesma agente, dentro da Sala da OAB, onde fui covardemente atacada verbalmente, ofendida e hostilizada. A Policial alegou que eu a teria desacatado, que faria o registro, tentando dar a entender que me prenderia. Além de medir o tamanho da minha saia e o vestido da advogada que estava ao meu lado”.

Advogada Milena Tomelin

As ofensas teriam cessado quando um colega advogado conseguiu que a policial fosse retirada: “Pedi inúmeras vezes para os outros dois agentes que ali estavam que a retirassem. Afinal, a sala da OAB é um local inviolável. A situação apenas se acalmou quando um colega de profissão que presenciava a lamentável cena, levantou e solicitou a retirada da policial do local”.

Milena acionou a OAB, que enviou a Comissão de Prerrogativas dos advogados da OAB, para apurar o ocorrido com a equipe do presídio.

Fui humilhada, hostilizada, tive meu direito de fala ceifado, e tudo isso dentro da sala da OAB, por uma policial mulher!

Advogada Milena Tomelin

Conforme a advogada, a confusão teria ocorrido somente por conta das roupas que ela estava usando durante a visita. Milena gravou um vídeo em suas redes sociais onde agradece pelo apoio que recebeu e se emociona ao lembrar a situação, que classificou como “desagradável”.

Após a repercussão do caso, outras advogadas relataram que já sofreram: “muitas delas relataram constrangimentos ao exercer suas profissões, situações semelhantes a que passei”.

“Quando acabou a situação, eu só consegui pedir desculpas”, conta advogada no vídeo. Ela diz que após conversar com colegas, entendeu que não havia pelo que se desculpar e que havia sido a vítima da situação.

Ela conta que após a direção do presídio ser informada da situação, recebeu apoio: “Não estou falando de todos que trabalham lá”. A advogada conta que continua bastante abalada.

OAB pede providências

A presidente da OAB/SC, Cláudia Prudêncio, conversou diretamente com o secretário de Segurança Pública sobre o caso, e foi comunicada que já foram adotadas providências com relação à servidora, com encaminhamento de procedimento administrativo.

O secretário também destacou que se trata de um fato isolado no atendimento à advocacia. A Seccional segue prestando apoio à advogada, na defesa incondicional de suas prerrogativas profissionais, e acompanhando o caso em conjunto com a Subseção de Joinville.

SAP repudia discriminação

A Secretaria de Administração Prisional e Socioeducativa (SAP) informou por meio de nota que além de ter enviado o caso para apuração em sua corregedoria, repudia também “qualquer forma de discriminação por parte de seus servidores” e que após a investigação “se necessário, serão adotadas medidas cabíveis.“.

Os comportamentos descritos na denúncia não estão alinhados com as orientações da SAP para seus servidores, representados atualmente por mulheres em importantes cargos da pasta, como a secretária adjunta, e a diretora do Departamento de Polícia Penal, dentre muitas outras servidoras que repudiam veementemente qualquer tipo de discriminação.

Nota oficial da SAP

NOTA OFICIAL

A Secretaria de Administração Prisional e Socioeducativa reafirma seu repúdio a qualquer forma de discriminação por parte de seus servidores e informa que a Corregedoria da SAP está conduzindo uma investigação rigorosa em relação aos fatos denunciados e, se necessário, serão adotadas medidas cabíveis.

Comprometemo-nos a seguir estritamente as normas e princípios que regem nossas atividades, assegurando a confiança da sociedade em nossas instituições. Os comportamentos descritos na denúncia não estão alinhados com as orientações da SAP para seus servidores, representados atualmente por mulheres em importantes cargos da pasta, como a secretária adjunta, e a diretora do Departamento de Polícia Penal, dentre muitas outras servidoras que repudiam veementemente qualquer tipo de discriminação.

É importante destacar que as unidades prisionais são regularmente visitadas por órgãos de controle externo, como o Ministério Público, Poder Judiciário e a Ordem dos Advogados do Brasil. A Secretaria de Administração Prisional e Socioeducativa mantém constante contato com essas instituições, sempre atendendo às demandas com ética e respeito.

Confira o relato da advogada

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