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Dias mais longos

Fim do horário de verão impactou a economia de energia? Entenda

Ao cobrarem do governo a volta do horário de verão, as entidades apontam um outro fator com o qual ele poderia contribuir: a retomada da economia.

• Atualizado

SBT News

Por SBT News

Mundo Novo Urubici. Foto: Evandro Martins, Arquivo pessoal
Mundo Novo Urubici. Foto: Evandro Martins, Arquivo pessoal

Em meio às consequências da atual crise hídrica para o setor elétrico nacional, entidades vêm pressionando o governo federal para retomar o horário de verão, que foi revogado por meio de um decreto presidencial em 25 de abril de 2019. Nas últimas semanas, afiliadas da Confederação Nacional do Turismo (CNTur) no Paraná, Bahia e Santa Catarina encaminharam em conjunto um ofício ao Executivo com o pedido, enquanto a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) mandou uma carta ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.

Diante desse cenário, brasileiros começam a se questionar se acabar com o horário de verão não teria contribuído para pressionar o sistema elétrico e tornar mais difícil a superação de períodos de escassez de chuva. Mas será que, de fato, ele precisaria ser retomado? Em entrevista ao SBT News, o pesquisador Roberto Brandão, do Grupo de Estudo do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel/UFRJ), pontuou que o adiantamento do relógio sempre representou uma economia de energia muito pequena e que, nos últimos anos, a medida perdeu o seu sentido principal, que era “diminuir a necessidade de investimento em geração, transmissão e distribuição para atender a demanda máxima”.

Segundo Brandão, o horário de verão, que vigorou da última vez entre 1985 e 2018, não havia sido instituído com o objetivo primário de que, por meio do aproveitamento da luz do dia, as pessoas fizessem uma economia significativa de energia, mas sim diminuir o tamanho do pico de consumo — então localizado no início da noite –, pois “todo o investimento do setor elétrico das redes, da geração, é feito para atender esse momento, que é o momento de maior demanda do dia”. “E, se você desloca ele mais para a tarde, em uma hora em que alguns consumos já saíram da rede, você poupa investimento”, completou.

Porém, diz o pesquisador, “ao longo dos últimos anos, mudou um pouco a situação, porque o consumo, sobretudo no verão, é mais forte à tarde do que à noite”. Um dos motivos foi a adesão crescente ao uso de ar-condicionado no período da tarde, por escritórios e shoppings centers, por exemplo. Além disso, fala Brandão, “as lâmpadas residenciais são muito mais eficientes hoje em dia”; grande parte da população substituiu a lâmpada incandescente pela de LED, de modo que, à noite, manter o chuveiro elétrico e a luz na residência ligados ao mesmo tempo passou a configurar um gasto de energia elétrica menor.

Retomada da economia

Por outro lado, ao cobrarem do governo a volta do horário de verão, as entidades apontam um outro fator com o qual ele poderia contribuir: a retomada da economia. O presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, avaliou que a medida até representaria “uma economia na energia elétrica diante da preocupação com a crise hídrica”. Mas acrescentou que “o retorno na mudança no horário beneficia as atividades ligadas ao setor, como o turismo local”.

O vice-presidente da CNTur, Fábio Aguayo, por sua vez, pontuou: “Sabemos que o horário diferenciado não reduz o consumo de energia elétrica, mas vai refletir socialmente em nosso setor”. O argumento é que, com o adiantamento do relógio, as atividades teriam mais uma hora do dia para receber turistas e clientes, melhorando sua situação financeira – afetada pela pandemia.

Procurado pelo SBT News, o Ministério de Minas e Energia (MME) disse estar estudando “iniciativas que visam ao deslocamento do consumo de energia elétrica dos horários de maior consumo para os de menor, de forma a otimizar o uso dos recursos energéticos disponíveis no Sistema Interligado Nacional”. “Neste sentido, a contribuição do horário de verão é limitada, tendo em vista que, nos últimos anos, houve mudanças no hábito de consumo de energia da população, deslocando o maior consumo diário de energia para o período diurno, no momento não identificamos que a aplicação do horário de verão traga benefícios para redução da demanda”, pontuou a pasta.

Em conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, na última 3ª feira (6.jul), o presidente Jair Bolsonaro afirmou ainda que, em relação ao horário de verão, foi comprovado não existir “ganho financeiro e a maioria [das pessoas] é contra porque mexe no relógio biológico”.


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