Estudos e pandemia: como anda a autoconfiança dos alunos?
A maioria dos alunos afetados não teve a oportunidade de acessar serviços, o que gerou uma certa angústia
• Atualizado
As marcas deixadas pela pandemia na saúde mental dos estudantes já foram amplamente discutidas e o impacto nas camadas mais jovens da sociedade também foi observado. A maioria dos alunos afetados não teve a oportunidade de acessar serviços ou iniciar percursos com especialistas, o que gerou uma certa angústia a respeito das consequências que essa falta de acompanhamento poderia ter na vida de cada um. Esse comportamento foi confirmado pelos usuários da Docsity, após a publicação de um guia sobre a autoestima dos estudantes.
A publicação da Docsity coletou dados de estudantes com idade entre 15 e 30 anos de todo o mundo, entre os quais 71% dos usuários declararam que a pandemia teve um impacto negativo em sua saúde mental e que quase 66% dos alunos nunca tiveram a possibilidade de ter acesso a um psicólogo (mesmo apesar da necessidade e interesse). Para mais de dois terços dos estudantes que não tiveram esse acesso, as motivações principais foram: tempo e dinheiro, muitas vezes juntos por um lado refletindo a dificuldade de superar algumas barreiras, e por outro lado a falta de alternativas acessíveis ou de baixo custo.
Outro dado evidenciado foi o percentual daqueles que iniciaram um caminho de recuperação individual após o período de pandemia: 38% dos usuários. Especificamente, alta autocrítica e perfeccionismo (30%) e baixa autoestima (28%) foram os temas que os alunos mais identificaram (dos quais quase 70% estão matriculados na universidade). Como ponto de partida, mais de 75% dos entrevistados declararam ter colocado em prática os exercícios propostos pelo guia e que deles se beneficiaram, reconhecendo-se de forma homogênea nos temas abordados.
Acesso aos recursos é um problema
Ainda segundo a publicação da Docsity, as porcentagens indicadas oferecem alguns raciocínios psicossociais, com base na idade: grupos de jovens da sociedade atual têm expressado amplamente seu sofrimento devido à pandemia ou exacerbado em decorrência dela. A falta de tempo e dinheiro torna impraticável que aproximadamente um em cada três alunos iniciem um acompanhamento especializado, na ausência de alternativas acessíveis. Este é precisamente o ponto crítico de maior atenção: a falta de soluções, por exemplo nas universidades, ou na maioria das escolas secundárias, de acesso facilitado a instalações e/ou recursos para a saúde mental dos alunos atuais.
O guia de autoconfiança publicado pela Docsity, ferramenta gratuita que já contabiliza mais de 10 mil usuários, foi escrito por especialistas do setor em saúde mental e apresenta fatores, características, riscos e segue um caminho de análise introspectiva ao final do qual há exercícios e dicas para colocar em prática, se necessário. O conteúdo do guia, esclarece Riccardo Ocleppo, CEO da Docsity, não substitui o trabalho de um especialista. ‘O objetivo deste guia é oferecer ideias e conselhos, considerando que os estudantes e jovens de hoje são a classe trabalhadora, executiva e política de amanhã, por isso devemos nos preocupar com a saúde mental deles’.
Mais informações
Neste ano de 2022, a Docsity lançou algumas iniciativas para abordar a saúde mental com o objetivo de ajudar milhares de alunos a identificar e propor soluções para qualquer problema relacionado a transtornos mentais. Essa ideia surgiu após a maioria dos estudantes registrados no site ter revelado que não teve um acompanhamento psicológico principalmente por questões financeiras e falta de tempo.
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