Estudantes estão mais ansiosos, aponta pesquisa
A percepção de jovens e adolescentes mais ansiosos é percebia nas escolas
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De acordo com a pesquisa realizada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em parceria com a organização da sociedade civil Viração Educomunicação, dos mais de 7,7 mil jovens entre 15 e 17 anos entrevistados, 35% disseram-se ansiosos e 50% deles já sentiram a necessidade de pedir ajuda em relação à saúde mental, porém 40% não recorreram a ninguém. Entre os motivos destacados por aqueles que não buscaram ajuda, estão a insegurança (29%), a desistência de buscar ajuda (26%), o medo de julgamento (17%) e a falta de informação sobre quem procurar (10%).
A percepção de jovens e adolescentes mais ansiosos é percebida nas escolas. Por serem consideradas etapas formativas, é comum que os quadros de ansiedade e depressão tenham início na infância e adolescência. “Esses transtornos psiquiátricos são bem recorrentes nessa faixa etária, pois nela se vivencia um desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial intenso e complexo. Esse processo é influenciado por fatores orgânicos, temperamentais e sociais e pode sim trazer repercussões à saúde mental”, esclarece a psicóloga da Paraná Clinicas, Liliam Stange Rezende.
O neurologista do Hospital Santa Cruz, Leonardo Pagnan, também explica que a ansiedade é uma reação fisiológica do corpo humano, assim é necessário estar atento à intensidade e a duração que podem caracterizar um transtorno.
“Casos de ansiedade que não são tratados adequadamente são capazes de causar manifestações no corpo todo, como sintomas gastrointestinais ou um maior risco cardiovascular. Já na parte neurológica, a questão cognitiva é uma das principais, uma vez que a ansiedade descompensada pode ocasionar alterações na atenção e até mesmo na memória. Em crianças e adolescentes isso é preocupante, pois pode resultar em uma dificuldade de aprendizado”, informa o médico
Ao ampliar o debate acerca da saúde mental, as escolas podem ajudar a prevenir incidentes como a crise de ansiedade coletiva que aconteceu na Escola Professor Mardônio de Andrade Lima Coelho, localizada na Zona Norte do Recife, em maio deste ano. Na ocasião, mais de 20 estudantes precisaram de atendimento médico por causa de crises de choro e falta de ar e desmaios. Contudo, para que essas discussões sejam efetivas, é preciso que a família e a escola trabalhem juntas. Segundo a psicóloga do Colégio Stella Maris, unidade Juvevê- Curitiba, também da Inspira Rede de Educadores, Débora Gasparello: “A família e os professores, em muitos casos, são os primeiros a notar as mudanças de comportamento. Dessa forma eles precisam estar atentos aos sinais de alerta como isolamento, tristeza, sudorese e as demais evidências desses transtornos”. Para a profissional o diálogo é a chave para desconstruir os estigmas criados ao redor do tema. “É importante manter o diálogo com as famílias para acompanhar o desenvolvimento emocional dos alunos, porém também é preciso trazê-los para essa conversa. Priorizar os vínculos ajuda a construir um ambiente de acolhimento em que os estudantes com esses comportamentos não sejam segregados, mas incentivados a desenvolver habilidades sociais que foram perdidas no período de isolamento”, justifica.
Estar habituado ao diálogo, exercendo um trabalho em conjunto é indispensável, uma vez que a orientação da família e escola fazem parte do tratamento. “Para sintomas ansiosos transitórios apenas o reasseguramento e suporte dos pais pode ser suficiente. No entanto, na existência de prejuízos significativos ao funcionamento, existe a indicação de um tratamento específico. Os tratamentos com maior suporte científico e, portanto, indicados são a psicoterapia e o uso de medicações. A psicoterapia cognitivo-comportamental, junto a orientação dos cuidadores e da escola têm o maior suporte como formas de intervenção psicossocial. A farmacoterapia, por sua vez, pode ser utilizada de forma isolada ou em combinação com a psicoterapia em quadros mais sintomáticos, sendo que a terapia combinada atualmente mostra as melhores evidências”, reforça a psicóloga Liliam Stange Rezende.
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