Cotidiano Compartilhar
Dia da adoção

“Essa foi a decisão mais forte dos meus 46 anos de vida”, diz pai que adotou 5 filhos

Neste Dia da Adoção, o Portal SCC10 conta a história de Francisco, que adotou quatro crianças e um adolescente em épocas diferentes

• Atualizado

Mariana Pedrozo

Por Mariana Pedrozo

Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação
Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação

Por longos anos, ser pai estava relacionado a levar o sustento para casa e prover a família. No entanto, a relação passou por muitas mudanças durante o tempo e transformou as configurações de família, em especial a conexão entre pais e filhos. Afinal, o mais importante de tudo isso é o amor. 

A família monoparental é um perfeito exemplo disso. Formada por apenas um dos pais, essa “nova” configuração tem se tornado muito conhecida, principalmente por causa do número de crianças que estão disponíveis para adoção. 

Atualmente, no Brasil há cerca de cinco mil crianças e adolescentes aptos a serem adotados. Desses, em Santa Catarina, segundo o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA),  há 186 registros. E a maioria está na faixa etária entre 12 e 18 anos de idade. 

Mesmo que para muitas pessoas a adoção possa ser colocada com diversos empecilhos, para o empresário Francisco Luis Koch, homossexual, de 46 anos, ela é vista como a oportunidade de construir uma família com muito amor. Morador de São José, na Grande Florianópolis, ele adotou quatro crianças e um adolescente em épocas diferentes. 

Para o Dia Nacional da Adoção, celebrado nesta quinta-feira (25), o Portal SCC10 conversa com Francisco, que conta a sua história de adoção monoparental e os principais desafios de ser um pai solo. Confira!

Família completa: a decisão mais forte da vida 

A história de Francisco com a adoção ocorre em dois momentos diferentes. O primeiro em 2012, com a adoção de Cristiano e Cristiny e depois em 2019, com a família ficando completa com a chegada de Andriw, Mayara e Iago. 

“Eu queria muito ser pai, eu estava com o instinto paternal muito aguçado, então em 2011 entrei com o processo de adoção, que foi relativamente rápido no meu caso. No perfil eu coloquei que poderia ser de 0 a 18 anos, com deficiência física ou mental, sem limitação de idade, gênero, raça e religião”, explica o empresário. 

Ele conta ainda que o fato de participar de trabalhos voluntários foi mais um dos motivos que causou a vontade de ser pai, no primeiro processo de adoção. “Essa foi a melhor decisão da minha vida. Como empresário, eu estou acostumado a tomar decisões difíceis, mas essa foi a mais forte que tomei nesses meus 46 anos”, relata. 

Já no segundo caso, Francisco explica que foi convidado pela Justiça de Santa Catarina a reabrir novamente o processo de adoção. “A assistente social Ligou aqui para a empresa durante a noite, dizendo que tinha um convite para me fazer: você já pensou em adotar novamente? É que você foi convidado a reabrir o processo de adoção”. 

Como ele achou o processo da primeira adoção muito tranquilo, decidiu reabrir o processo novamente. Momento em que Andriw, Mayara e Iago chegaram à família. 

Principais desafios 

Para Francisco, todos os desafios na criação dos cinco filhos foram abordados com muito amor e paciência. 

As crianças te testam o tempo todo, pois elas estão naquela inércia de abrigo e de fantasia da família biológica. Os meus filhos todos já tinham passado pelo processo de devolução, por isso tinham muita resistência para saber se realmente aquilo daria certo ou voltariam pro abrigo novamente. Fácil, não foi. E para ficar leve dependeu muito de mim”. 

Ele contou com a ajuda da terapia para uma melhor adaptação dos filhos à sua rotina. “Participar de um grupo de apoio te fortalece muito, a troca de experiência com outras pessoas que passam pela mesma situação é muito boa. Você acha um caminho para todos os desafios”. 

Segundo ele, uma solução que ajudou na adaptação foi não mudar a rotina dos filhos.

“Eu não mudei o sistema educacional. Eles estudavam em escola pública e continuaram. Jogavam bola, continuaram jogando bola. Nada foi mudado drasticamente, afinal a adoção já exige uma mudança drástica”. 

Segundo a experiência de Francisco, todo o processo da adoção envolve muito sofrimento para a criança e o adolescente e, se pudesse, mudaria um fator na vida deles. “Eu amo tanto eles, que se eu pudesse mudar algo na vida dos meus filhos, seria que eles não saíssem da família biológica. Eu como pai não posso mudar o passado, mas posso mudar o presente”, afirma. 

Amor de pai 

O empresário costuma dividir histórias divertidas e emocionantes sobre o cotidiano da família e explica que é egresso em causas sociais para evitar que histórias como a de seus filhos se repitam. “Eu brigo para que não aconteça mais isso com outras famílias, então tento ajudar pais que estão com dificuldades e em situação de rua, por exemplo”. 

Francisco fala que a ligação com seus filhos é tão grande, que ele guarda memórias de quando eles ainda não estavam com ele. 

“Eu tenho memórias de todos eles. De levar na escola quando pequenos, por exemplo. Eu sei que não existiu aquilo comigo de fato, mas as memórias vêm a todo momento”, diz. 

Para ele, a melhor parte de ser pai é poder fazer a diferença e mudar a história dos filhos. E por fim, deixa uma mensagem para que outras pessoas que estão passando pelo processo não percam a esperança de também conquistarem suas famílias. “Esperem, pois a paciência vem antes do amor. Confie no sistema, mesmo que ele diga que você não está apto. Acredite sempre!”. 

>> Para mais notícias, siga o SCC10 no TwitterInstagram e Facebook.

Quer receber notícias no seu whatsapp?

EU QUERO

Ao entrar você esta ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

Fale Conosco
Receba NOTÍCIAS
Posso Ajudar? ×

    Este site é protegido por reCAPTCHA e Google
    Política de Privacidade e Termos de Serviço se aplicam.