Especialista afirma que há um “congestionamento de OVNIs” no céu
A simples menção ao termo OVNI - folcloricamente lembrado quando o cinema, a literatura e até alguns meios científicos querem se referir à visitas de extraterrestres (ETs) - aguça a curiosidade do planeta inteiro
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O governo americano mandou o que tem de melhor: um avião F-22 Raptor, um caça de algumas centenas de milhões de dólares, para derrubar um balão. Este bem poderia ser o resumo do episódio de estréia da série em que se transformou a derrubada de Objetos Voadores Não Identificados (OVNIs) pelos Estados Unidos (EUA) – e em um caso com apoio do Canadá. A simples menção ao termo OVNI – folcloricamente lembrado quando o cinema, a literatura e até alguns meios científicos querem se referir à visitas de extraterrestres (ETs) – aguçou a curiosidade ao redor do planeta.
No início da série de ações militares, até foi levada a sério a teoria de que desta vez seriam ETs mesmo. Muita especulação e muitas ações militares depois, o próprio presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tratou de bater o martelo, negando que se tratasse de visitantes interplanetários.
Foi o próprio Biden quem deu a ordem. No dia 4 de fevereiro, depois de observar um OVNI sobrevoando a América do Norte durante algumas semanas, a Força Aérea americana disparou um míssil em direção a um balão chinês, que o governo de Pequim alegava tratar-se de um equipamento meteorológico. Operação derrubada de OVNI executada com sucesso. A rigor, a chance de não dar certo era praticamente desprezível. A começar pelo equipamento empregado na missão. O F-22 é o único caça de 6ª geração do mundo.
Para dar uma ideia, o Grippen de origem sueca que o Brasil recebeu no ano passado, é da geração “4,5”, dizem os especialistas: um modelo que sofreu muitas alterações ao chegar ao país. Mudanças executadas com êxito aqui mesmo, por técnicos do Centro Tecnológico da Aeronáutica (CTA) de São José dos Campos, por núcleos da Embraer Defesa e Segurança e outras equipes.
Míssil Ar-ar
Na derrubada do primeiro OVNI, o caça disparou um míssil AIM-9, um petardo metálico de precisão altíssima. Pura tecnologia teleguiada que não sai de dentro do avião por menos de US$ 140 mil o disparo. Na versões mais sofisticadas, beira os US$ 400 mil cada tiro. “O recado foi claro: uma demonstração de força e musculatura dos EUA”, aponta o jornalista de O Estado de S.Paulo e especialista em equipamentos e em estratégia militar, Roberto Godoy. “Para além do marketing super sonico, por mais que o assunto tenha recebido os mais diversos tratamentos por parte de autoridades, da população e da mídia, o governo Biden “exagerou” de propósito. Eles poderiam ter usado um avião menor, mais barato, reduzindo o custo da operação. Mas quiseram reafirmar com uma máquina de guerra de tremenda visibilidade e poder militar a posição sobre o tema de fundo: a possibilidade de o balão estar servindo aos fins de espionagem chineses.”
“Os Estados Unidos disseram ‘vejam bem com quem vocês estão mexendo’; porque você poderia abater, derrubar esse balão com um avião muito menor. Vamos dar um exemplo aqui nosso. A gente tem o melhor avião de ataque leve do mundo, reconhecido internacionalmente, que é o A-29 Super Tucano da Embraer. É um turboélice, tecnologia muito convencional, que tem sucesso porque tem um desenho moderno e ele usa uma carga eletrônica que é de última geração. Então ele tem uma capacidade digital semelhante a dos caças pesados de alto desempenho num avião muito mais barato”, garante Godoy.
Barato mesmo, pra valer, no mercado de equipamentos e estratégias de defesa nada é barato. O Super Tucano custa pouco relativamente a um F-22; “ele custa a partir de US$ 7 milhões, o Super Tucano brasileiro. E quanto custa um F-22 Raptor? US$ 330 milhões”, calcula o jornalista. O balão poderia ter sido abatido com o equivalente ao Super Tucano, os EUA tem o Troiser T-6, que é um avião parecido, custa mais ou menos a mesma coisa e eles poderiam ter usado. “Porque basta você colocar dentro dele um míssil, um míssil de grande distância, 40 km ou 20 km, e que ele poderia estar perfeitamente protegido contra um ataque de resposta e capaz de atingir o alvo, no caso o balão”, diz Godoy.
Confira a entrevista com Roberto Godoy:
SBT News: Roberto, agora falamos abertamente em OVNIs, mas não em ETs?
Roberto Godoy: Ele é exatamente o que diz o nome Objeto Voador Não Identificado. E com certeza é da terra mesmo. Essa história do ET tá mais pra ficção, mais pro filme. Há até um best-seller nas livrarias, uma novela nesse momento chamado Viagem a AlfaCentaure, que é estrela mais próxima entre os planetas que tem, teoricamente, a possibilidade de terem vida. Bom, são vinte mil anos-luz. então eu acho que vai demorar um pouquinho pr eles aparecerem por aqui, né…rs. Agora, o que os EUA fizeram, neste caso específico, eu tenho a impressão que aí foi uma demonstração de poder, de musculatura. Do tipo ‘veja a resposta foi com o que a gente tem de melhor e o que a gente tem de melhor é o melhor do mundo’Não há nada que se compare ao F-22, embora os chineses estejam o tempo todo demonstrando que tem um avião chamado J-20, que eles dizem que é equivalente ao F-22, os russos tem o Sukoy-57, que dizem que é equivalente ao F-22, mas não são. Estão alguns degraus abaixo em vários setores e o F-22 continua sendo de longe o melhor do mundo. Por isso ele foi utlizado ali, foi uma demonstração de força sem dúvida alguma. Como se dissessem olha bem com quem vcs estão mexendo’, vocês estão brincando com fogo.
SBT News: Mas não foi muita carga pra pouco alvo?
RG: Aí você imagina ‘ não era possível dar uns tiros em vez de lançar um míssil’? O míssil utilizado ali é um AIM-9 missil de baixo custo, US$ 140 mil na versão mais básica, até US$ 400 mil na mais sofiscitacada. Não é pouca coisa não. Então aí é porque com o míssil você tinha a garantia de que derrubaria. Com tiros de canhão, o canhão de bordo, ele poderia fazer uns furos, o balão cairia lentamente, talvez caisse em águas internacionais, aí teria dificuldade em resgatar, etc. Com o missil teria a garantia de que o balão seria abatido, além de dizer olha com quem vocês estão falando.
SBT News: O balão é feito de quê?
RG: O material é uma liga especial, não é à prova de bala é muito resistente, tem fios de seda, com fios de metal, mas não é um metal comum, alguns tem uma liga cerâmica e eles tem várias camadas – tô usando como referencia os balões do mesmo tipo, usados no mundo inteiro, meteorológicos. Eles tem uma resistência extraordinária, eles usam gás hélio ou hidrogêniio, pra não explodir, não são inflamáveis. Agora, o balão chinês, qual é a característica dele: ele é enorme, ele estava voando a grande altitude, cerca de 18 mil metros onde ele foi detectado, e abatido. E não é a altitude máxima onde ele é capaz de voar. Segundo o serviço de inteligência americano, ele pode ir a 37 mil metros, 40 mil metros talvez. Ele é gigantesco, ele é uma esfera, se você pensar que ele tem uma base onde ele levava os coletores de energia solar, os coletores para se abastecer de energia, daquele ponto até a outra extremidade, ele teria o equivalente a um prédio de 25 andares, pelo menos 60 metros a 70 metros. O diâmetro equivalente a três ônibus desses grandes, interestaduais, com todo conforto e etc, então ele era realmente grande, e levava a bordo, conforme os primeiros relatórios, muito material eletrônico. Os chineses insistem que ele era um equipamento para censoreamente meteorológico…bem, eu acho que isso é uma história meio ‘me engana que eu gosto’: boa parte destes sensores serviriam também para mapeamento meteorológico , mas não apenas. Havia câmeras óticas. Meteorologia nâo precisa disso. Havia sensores de densidade radiológica – você tá medindo atividade nuclear, pra que você precisa disso num equipamento meteorológico?…. E a gente tem referências no mundo. O Brasil por exemplo é dos países que mais usam balões meteorologicos. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) – que é o responsável pela grande previsão meteorológica, pelas projeções, usa sistema de balões. São grandes balões, mas não daquele tamanho. Tem uma estação em Cachoeira Paulista, interior de spaulo, que é lançadora dos balões.
SBT News: Aqui como no mundo todo?
RG: Sim, sim. O mundo todo faz isso regularmente. E há motivos pra isso: o baixo custo, a detecção eficiente e a precisão nos registros oferecida pelo balão. Hoje em dia você tem uma combinação de recursos, um mix, pra realizar esses mapeamentos. Satélites de coleta de dados para inteligência – o que é um atenuante para espionagem – que tem enorme poder de identificação. E não precisa ser um tanque de guerra no meio do deserto: a mil quilômetros de distância, identificam com precisão objetos de 60 cm de comprimento. E isso atrás das copas das árvores, em dias de tempestade. É uma tecnologia muito desenvolvida e largamente utilizada. O Brasil usou balões de rastreamento militar na Guerra do Paraguai, há 159 anos.
SBT News: Vem mais OVNIs por aí?
RG: Olha, aí é complicado, viu. Entre os objetos abatidos um era o balão, outro um triângulo, tinha um cilindro e uma meia esfera. E ninguém sabe direito quem está usando. Nos Estados Unidos então fica mais difícil. Há centenas de empresas privadas que se servem da coleta de dados meteorológicos. Empresas de energia, que usam drones para fazer acompanhamento de linhas de alta tensão e material militar. Há inúmeros outros exemplos. É um verdadeiro congestionamento de OVNIs.
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