Levantamento indica conteúdos mais e menos incidentes no Enem
Documento, criado pelo pré-vestibular Fleming Medicina, também explica de que maneira pontuar melhor.
• Atualizado
Finalmente, a espera pelo Enem 2020 está chegando ao fim. Ao mesmo tempo em que os estudantes tiveram mais tempo para estudar, por conta do adiamento ocasionado em razão da pandemia de Covid-19, muitos deles também enfrentaram mais dificuldade com a rotina de estudos afetada pelas suspensões de aulas presenciais. Foi preciso adaptar o dia a dia para encarar as provas que ocorrem nos próximos dias 17 e 24 de janeiro. Mesmo perto da data de aplicação do Exame, ratificada pelo Inep nesta semana, há tempo de seguir algumas dicas. Ainda que muitos elementos ocasionados pelo ano atípico que foi 2020 possam se fazer presente nas avaliações, o Enem costuma ter um padrão, ao qual os alunos podem se basear para conseguir um bom desempenho. Confira abaixo o que mais e menos costuma ser cobrado em cada uma das áreas do Exame, em levantamento organizado e atualizado anualmente pelo pré-vestibular Fleming Medicina.
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
A prova de Linguagens é uma das mais difíceis de pontuar. Isso se deve ao seu caráter fortemente interpretativo, o que reduz a dificuldade de vários itens. Mesmo assim, existem alguns assuntos que merecem maior atenção. As competências mais incidentes são a 5 (interpretação do texto literário), a 7 (texto argumentativo) e a 1 (gêneros textuais que circulam na sociedade). Somadas, correspondem a cerca de metade das questões da prova.
Conteúdos que mais aparecem:
Literatura – 16%
Argumentação – 15%
Gêneros textuais – 12%
Língua Estrangeira Moderna – 11%
Funções da linguagem, organização textual e patrimônio linguístico – 11%
Artes plásticas – 11%
Variedades linguísticas – 8%
Tecnologias de informação e de comunicação – 8%
Educação Física e saúde comportamental – 8%
O que optar em NÃO estudar: a prova até apresenta uma ou outra questão de gramática, mas as tradicionais “gramatiquices” estudadas nas escolas ficam de fora: não é necessário que o aluno saiba reconhecer e classificar orações subordinadas substantivas completivas nominais, por exemplo.
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Ao contrário do que se costuma dizer, não há uma prova de História, de Geografia ou de Filosofia e Sociologia no Enem. É claro que o conhecimento dessas áreas ajuda, mas a visão deve ser sempre integrada. Depoimentos de sociólogos podem fundamentar questões de Geografia que tratam de indicadores sociais, por exemplo.
Ainda assim, como é habitual o ensino compartimentado das Ciências Humanas, alguns aspectos devem ser reforçados nos estudos. Relações geopolíticas ao longo da História são muito exploradas, com os imperialismos sendo recorrentes. Questões sobre ética, sobre conceitos de democracia e cidadania, além da visão histórica dos direitos humanos sempre aparecem. Por isso, os momentos em que a democracia esteve em risco são frequentemente abordados: governos autoritários e totalitários ocorreram em momentos da História em que os valores da democracia e da cidadania estiveram em baixa. É tradicional que a Filosofia ocupe vários itens da prova, exigindo a comparação de pontos de vista de correntes filosóficas.
Compreender ao longo da História os fluxos populacionais ou mesmo as crises econômicas e sociais garante um bom rendimento. Outro aspecto que é muito incidente na prova são aqueles relacionados à introdução das tecnologias na vida social e no mundo do trabalho.
Conteúdos que mais aparecem:
Política, ciência e patrimônio cultural – 19%
Justiça, conflitos e movimentos sociais – 18%
Espaço, geopolítica, relações de poder e economia – 17%
Cidadania e democracia – 16%
Tecnologia e seus impactos – 15%
Sociedade e natureza – 15%
O que optar em NÃO estudar: o ensino tradicional costuma dar importância para datas e períodos (ou fases) de processos revolucionários. Não é necessário saber se determinado fato ocorreu no período da Convenção Girondina ou Jacobina, por exemplo, mas é muito importante compreender a diferença de visão entre essas duas correntes. Evite datas e nomes e concentre-se na compreensão dos processos histórico-geográficos.
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
A prova de Ciências da Natureza costuma ter um bom equilíbrio entre as questões Física, Biologia e Química, passando, às vezes, por conhecimentos interligados dessas disciplinas. Em Biologia, deve-se dar muita atenção à Ecologia, que é o conteúdo mais incidente, ao lado dos mecanismos evolutivos e da transmissão das características hereditárias. Em Química, deve-se cuidar a Química Orgânica, as forças intermoleculares e suas consequências para a propriedade das substâncias e dos compostos orgânicos e inorgânicos. Na Física, o conteúdo mais incidente é o de Mecânica, com várias questões sobre as causas dos movimentos de partículas, objetos, pessoas e corpos celestes. Outro assunto que costuma ser incidente é o dos fenômenos da ondulatória e do eletromagnetismo.
Conteúdos que mais aparecem
Química inorgânica e Físico-Química – 22%
Termologia, Ondulatória e Óptica – 14%
Química orgânica e Bioquímica – 12%
Citologia, Genética e Evolução – 10%
Ecologia, Epidemiologia e saúde humana – 9%
Mecânica – 9%
Eletricidade e Radioatividade – 9%
Seres vivos, fisiologia, biotecnologia e imunologia – 8%
Questões transdisciplinares – 7%
O que optar em NÃO estudar: embora haja alguma insinuação de conteúdos ligados à radioatividade, os assuntos de Física Moderna não são muito frequentes na prova; também não merecem maior destaque os aspectos matemáticos da Eletrostática. Modelos atômicos nunca foram explorados com muita profundidade, bem como os números quânticos.
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Em Matemática, as operações fundamentais e os aspectos práticos de sua aplicação correspondem a cerca de 40% do total da prova. Para acertar tais questões, não basta saber as quatro operações básicas: é necessário interpretar situações-problema a fim de encontrar soluções para situações comuns do cotidiano. Os conhecimentos de geometria plana e espacial são explorados sobretudo no cálculo de perímetros e áreas de superfícies planas e volumes de sólidos. O aluno também deve ter intimidade com a leitura de gráficos e tabelas.
Na parte de Estatística, é importante conhecer como se determinam médias, medianas e modas. O Enem não pedirá o cálculo de variância e de desvio-padrão, mas exigirá que o aluno compreenda tais conceitos como medidas de dispersão em distribuições. Em probabilidade, aparecem algumas das questões mais complexas da prova, junto com a Álgebra e a Geometria Analítica. Assuntos como logaritmos e funções trigonométricas não devem ter prioridade de resolução, pois tendem a ser questões de parâmetro de dificuldade mais alto: deixe-as para depois.
Conteúdos que mais aparecem
Álgebra e Geometria Analítica – 18%
Contagem, progressões, operações básicas e análise combinatória – 18%
Perímetros, áreas e volumes – 15%
Estatística e probabilidade – 13%
Noções de espaço, formas e medições – 13%
Relações de variação entre grandezas – 12%
Gráficos e tabelas – 11%
O que optar em NÃO estudar: não é necessária a resolução de sistemas lineares mais complexos (mais de duas equações) nem costumam ser abordados conceitos ligados aos números complexos, aos polinômios e às equações algébricas. Não priorize tais conteúdos em seus estudos.
COMO PONTUAR MAIS?
O segredo para uma boa pontuação no Enem é buscar aumentar a coerência pedagógica do padrão de respostas. Dessa forma, questões mais fáceis devem ter prioridade de resolução quando comparadas com questões mais difíceis. “Acertar um item difícil tendo errado os fáceis implicará baixa pontuação devido à incoerência no padrão de respostas. Acertar itens fáceis e errar os difíceis garante maiores proficiências. Isso não significa que se deva pré-classificar as questões antes de resolvê-las. Se identificar um item fácil, resolva-o. Se identificar um item difícil, pule-o, e retorne posteriormente para resolvê-lo, caso ainda haja tempo”, explica o professor Francis Madeira, do pré-vestibular Fleming Medicina.
Para se ter uma ideia de como a coerência pedagógica é mais importante do que o número de itens respondidos corretamente, basta pegar o exemplo da prova de Matemática da última edição do Enem. Com 29 acertos (de um total de 45 questões), já era possível obter 850,0 pontos de proficiência, desde que houvesse alta coerência no padrão de respostas. Alunos com 29 acertos, mas com baixa coerência, pontuaram apenas 740,0 – uma diferença de mais de cem pontos.
COMO FUNCIONA A NOTA DE REDAÇÃO?
A Redação é a mais importante prova do Enem, e isso se dá por duas razões em especial: a primeira é que a Redação não está sujeita à matemática complexa da TRI, e isso significa que o aluno não depende do comportamento dos outros candidatos para aferição de sua proficiência; a segunda é que a flutuação de sua nota é fixa, por ser a única prova cuja nota varia de 0 a 1000 pontos. A nota da Redação é determinada a partir de cinco competências, cada uma valendo 200 pontos. Na tabela abaixo, você tem algumas orientações gerais que podem ser úteis.
Competência 1: Para obter 200 pontos nessa competência, alguns erros devem estar ausentes: cuidado com a concordância com o sujeito posposto, observe as regras relativas à crase e à pontuação do texto. Erros ortográficos recorrentes impedem a nota máxima.
Competência 2: Você deve compreender bem o tema, e precisa construir um texto argumentativo: a ausência de marcadores de opinião e de tese espalhados no texto impedem a nota máxima nessa competência. Se o texto for dissertativo expositivo, com a marcação da tese apenas na proposta de intervenção, a nota máxima não será obtida.
Competência 3: A articulação do texto deve ser muito bem feita. Enfrentar a situação-problema na redação implica explicitar a tese na introdução, usar os parágrafos de desenvolvimento para elencar causas do problema levantado e encaminhar a conclusão para que a proposta de intervenção seja consequência lógica da discussão levantada. Não adianta apresentar no desenvolvimento que a causa de um problema seja a impunidade, e elaborar uma proposta de intervenção que fale em palestras em escolas. A proposta de intervenção deve ser vista como decorrência lógica da discussão trazida.
Competência 4: Para os 200 pontos nessa competência, é obrigatória a presença de mecanismos de ligação das ideias entre frases do mesmo parágrafo e entre parágrafos do texto. O uso correto dos pronomes relativos e de suas eventuais preposições também será avaliado aqui. A repetição excessiva e injustificada das palavras também impedirá a nota máxima: use pronomes, sinônimos e perífrases para evitar o excesso no uso de uma mesma palavra ou expressão.
Competência 5: A proposta de intervenção deve indicar quem deve atuar sobre o problema, o que esse agente fará, como ele fará e qual a objetivo que será alcançado com essa medida. Além disso, para os 200 pontos é fundamental detalhar os meios que serão utilizados, o que pode ser feito por meio de exemplificação.
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