Colégio de Aplicação da UFSC permanece sem aulas presenciais
A justificativa é a segurança sanitária dos alunos e professores
• Atualizado
Enquanto boa parte das escolas do estado voltaram a ter aulas presenciais, nem que seja no modelo hibrido, colégio de aplicação nenhum plano de retorno foi adotado até agora. A justificativa é a segurança sanitária dos alunos e professores.
Colégio de Aplicação emite nota oficial sobre informações falsas e funcionamento durante a pandemia
A Direção do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) emitiu uma Nota Oficial nesta segunda-feira, 21, com a intenção de esclarecer informações falsas sobre a realidade do Colégio no período da pandemia.
Confira a nota na íntegra:
A pandemia alterou as formas de estudar e trabalhar em todo o mundo. Vivenciamos um momento sem precedentes para esta geração. Professores e estudantes tiveram de recriar formas de ensinar e aprender em tempo recorde. Todos nos unimos num esforço coletivo para mitigar as consequências do isolamento social, necessário para conter a propagação do novo coronavírus.
Muitos foram os desafios enfrentados pelos profissionais da educação e pelos estudantes. Não paramos, aprendemos a utilizar novas tecnologias, nos capacitamos para melhor atender às necessidades exigidas pelo novo modelo de aulas remotas, e assim, desenvolvemos às Atividades Pedagógicas Não Presenciais, após muito diálogo coletivo para desenhar a proposta pedagógica que melhor contemplaria este momento.
Professores passaram a dar aulas, todos os dias, de segunda a sexta-feira, ao vivo, em frente às câmeras, em suas casas. Essas interações consistem no trabalho síncrono, ou seja, em que estudantes e professores dividem espaços de webconferência ao vivo, conteúdos e atividades são apresentadas, explicadas e dúvidas são dirimidas. Portanto, todas as manhãs/tardes, desde julho de 2020, as aulas seguem acontecendo. Entre organização dessas atividades e seu desenvolvimento, os professores e técnicos do CA não pararam de trabalhar.
Além das atividades síncronas, são desenvolvidas atividades assíncronas, de caráter também obrigatório. Esse conjunto de tarefas, trabalhos, avaliações, ocorrem em um tempo além do horário em que o professor está presente. O estudante realiza essas atividades no horário que melhor se adequa a sua realidade e comodidade, considerando os diversos contextos presentes nos lares dos estudantes e das famílias.
Outrossim, foram mantidas todas as horas direcionadas para as recuperações de estudo, com professores disponíveis de maneira síncrona para sanar as dúvidas dos nossos estudantes. O que tínhamos no presencial, tentamos, mediados pelo uso das tecnologias, manter para nossos estudantes de forma remota.
Além das atividades obrigatórias previstas nas Atividades Pedagógicas Não Presenciais, nossa escola também ofertou grupos para acolhimento dos estudantes fora dos horários de aula, trabalhados pelas equipes de Enfermagem, Serviço Social e de Orientação Educacional da escola, para sobretudo, fortalecer os vínculos com os estudantes durante esse período de afastamento devido ao isolamento social.
Ademais, desenvolvemos diversas ações de caráter social para atender as demandas das famílias em situação de vulnerabilidade social e risco. O setor de Serviço Social do colégio, em conjunto com a Associação de Pais e Professores (APP) arrecadou e distribuiu cerca de 600 cestas básicas desde o início da pandemia até o momento, auxiliando estas famílias a manter, pelo menos, segurança alimentar em tempos tão difíceis.
Nesse período também desenvolvemos os Programas de Inclusão Digital, para as famílias que não tinham acesso a um computador ou a Internet em sua residência. Oitenta famílias foram atendidas com o auxílio de R$ 100,00, para o pagamento do pacote de internet. Mais 159 famílias foram atendidas recebendo computadores emprestados pela UFSC, entregues pelo CA, para os estudantes que não tinham equipamentos de informática para acessar as aulas remotas.
Todo esse trabalho demandou um mapeamento da comunidade escolar, ou seja, as famílias atendidas pelo Colégio de Aplicação foram mapeadas para verificar quais não tinham acesso, tanto ao computador, quanto à rede de internet para realização das APNPs. Fez-se, portanto, um grande programa social de inclusão digital, que demandou grande trabalho e mobilização dos profissionais do CA.
Além do exposto, foram desenvolvidos, através do setor de Terapia Ocupacional, grupos para auxiliar nossos estudantes na organização das rotinas de estudos em tempos de pandemia. Disponibilizamos horários de atendimento remoto através do Serviço de Psicologia Escolar para nossos estudantes.
Incessantemente, o Serviço de Orientação Educacional realizou atendimentos remotos buscando estreitar os vínculos com os estudantes e as famílias e diminuir a evasão escolar, além de auxiliar individualmente cada estudante nas suas dificuldades em relação à rotina escolar remota.
Assim sendo, toda a comunidade escolar foi acionada para realizar o trabalho remoto, pensado exaustivamente e coletivamente no interesse de melhor atender cada estudante da nossa escola.
Portanto, é falsa a acusação de que servidores docentes e técnicos e profissionais do Colégio de Aplicação estão recebendo seus salários sem trabalhar. Todos têm trabalhado, e muito, pelos estudantes que atendemos e por toda a comunidade escolar.
É fato que nada substitui as aulas presenciais.
Entretanto, ainda não foram concretizados os ciclos de imunização dos profissionais da escola. Como a grande maioria dos profissionais tomou a primeira dose da vacina entre o fim de maio e o início de junho, de acordo com o calendário da Prefeitura de Florianópolis, falta a segunda dose. Nosso município ainda não tem uma porcentagem de vacinados que garanta a segurança de todos, pais, responsáveis, profissionais e principalmente dos estudantes. Por isso, voltar às aulas presenciais na atual conjuntura é colocar profissionais, estudantes e todas as pessoas envolvidas na rotina da escola em risco.
Educadores e funcionários públicos que somos, temos responsabilidade ético-política para agir visando à segurança física, a saúde e a educação da população de nosso país. É garantida também, constitucionalmente, nossa liberdade de pensamento, de posicionamento e de participação política, seja através das entidades que nos representam, seja de maneira individual.
Temos nos manifestado quanto aos retrocessos, aos cortes, aos contingenciamentos e às perdas nos serviços públicos que ocorrem nas Universidades Federais e no Colégio de Aplicação. Esses fatores, sim, afetam a qualidade dos serviços prestados e o acesso à educação de milhares de crianças e adolescentes neste país.
Defendemos, sim, a ciência. Defendemos vacina para todos.
Lutamos por educação de qualidade e segurança alimentar para todos.
Prezamos, acima de tudo, pela vida de cada um e cada uma da nossa comunidade escolar. Pela vida de todos.
Seguiremos ao lado do conhecimento, da empatia e do respeito ao próximo, apesar de todo e qualquer ataque.
Atenciosamente,
Direção CA/UFSC
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