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Alice, fenômeno da internet, é educada sem telas; entenda

Conhecida por pronunciar palavras complexas, a garotinha cativa com sua inteligência

• Atualizado

SBT News

Por SBT News

Foto: Reprodução/Instagram
Foto: Reprodução/Instagram

Sucesso na internet com menos de três anos, Alice, a garotinha que bombou na internet após mostrar uma pronúncia admirável para sua idade, tem uma educação um tanto quanto diferente em um período no qual a tecnologia se faz presente em quase todos os momentos.

Filha de pais brasileiros e nascida em Londres, a pequena fez de 2021 o seu ano ao estrelar diversas campanhas e cativar um público das mais diversas idades nas redes sociais. Os pais da criança, Morgana Secco e Luiz Schiller, aceitaram o convite do SBT News e conversaram sobre a educação sem uso de telas que praticam com a filha.

Apesar de rara, a medida usada pela família tem sido mantida mesmo após os dois anos completos de Alice. Questionada sobre o que levou os dois a optarem por esse tipo de educação, a mãe, Morgana Secco, comentou que a ideia de não oferecer o acesso a celulares, televisão e telas de modo geral surgiu após a leitura de um livro de Augusto Cury, no qual o autor cita que o excesso de informação é considerado prejudicial para o desenvolvimento da criança até dois anos de idade.

A doutora psiquiatra Taíris Sampaio também discutiu o assunto com o SBT News e concordou com o posicionamento de Morgana, citando inclusive que a própria Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que crianças de até dois anos realmente não sejam expostas a telas. Sobre a importância de uma criação como a de Alice para o desenvolvimento da criança em seus primeiros anos de vida, a especialista reforçou que:

“Nesse período, entre zero a dois anos, as estruturas cerebrais sofrem amadurecimento”. “É importante brincadeiras de verdade, com brinquedos e diálogos, de preferência no chão e olho no olho.”

Conforme apontado pela especialista, um estudo divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) indica que crianças entre três e quatro anos de idade devem passar, no máximo, uma hora diante das telas. Visando auxiliar pais e responsáveis quanto ao uso da tecnologia por crianças, a Sociedade Brasileira de Pediatria elaborou um manual de orientação intitulado #MenosTelas#MaisSaúde, no qual dá dicas de como lidar com o uso da tecnologia para as crianças, reforçando que:

“O atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem é frequente em bebês que ficam passivamente expostos às telas”.

Alinhado ao raciocínio da psiquiatra e às recomendações da OMS e SBP, Morgana e Schiller também priorizam os brinquedos criativos, como é o caso do Lego, que desde muito cedo se fez presente na rotina da criança. Hoje, aos dois anos e meio, Alice verifica o manual para concluir a montagem de peças mais elaboradas.

A mãe, assim como internautas que a acompanham, ficou surpresa com a iniciativa da filha. 

“Começamos a montar na frente dela porque ela via no livrinho, mas eu nunca imaginei que ela teria a capacidade de fazer sozinha. Há poucos dias ela começou a querer montar e a gente dava a pecinha certa pra ela entender. Mas agora ela mesma olha no manual e já sabe onde colocar”, declarou.

Além de não consumir conteúdos de televisão, celular e demais tecnologias, outro diferencial na educação de Alice é a inclusão de livros como uma rotina desde os primeiros meses, variando desde gibis a livros mais incorporados. Com uma capacidade de memorização notável para sua idade, bastam três ou quatro leituras de um mesmo livro para que ela absorva e reproduza o conteúdo sem dificuldades. O interesse pela leitura surgiu de maneira natural, mas Morgana deixa claro que ela e o esposo respeitam o tempo e vontades da filha quanto aos livros, como tem acontecido nos últimos tempos diante da novidade dos legos.

A presença e participação dos pais na rotina dos filhos é de extrema importância para o desenvolvimento diário. Na visão da psiquiatra Taíris Sampaio:

“Os estímulos táteis, visuais, auditivos e olfativos promovidos nas relações familiares são fundamentais para os ciclos neurobiológicos, produção de neurotransmissores e sinapses cerebrais”.

Entretanto, cada vez mais esses estímulos oriundos do contato e apego familiar são substituídos pelo uso de telas e tecnologias, aponta Taíris Sampaio ao reforçar que o hábito tende a estar relacionado a atrasos no crescimento e desenvolvimento das crianças.

Também mãe, a especialista comenta que é muito difícil nos dias atuais a exposição zero, pois o contato acaba acontecendo em algum momento. O mesmo acontece com a família de Alice, que apesar de não oferecer e permitir o uso da tecnologia, em um momento ou outro se vê, junto à filha, observando fotos ou os próprios conteúdos produzidos para as redes sociais.

Por mais contraditório que seja, apesar de não ter acesso ao universo tecnológico e não entender quanto representa os mais de três milhões de seguidores que a acompanham no Instagram, Alice é hoje em dia um dos maiores fenômenos da internet.

Assista à entrevista de Alice e a mãe Morgana:

Por: Drielly Peniche

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