Das bruxas as benzedeiras: por onde andam as benzedeiras da Ilha da Magia?
Ao todo, 20 pessoas que executam a prática foram listadas no guia.
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O benzimento foi, por muito tempo, o único recurso de cura para quem não tinha acesso aos serviços de saúde. Em Florianópolis, a tradição ainda faz parte da vivência de muitos homens e mulheres.
Para manter vivo o saber milenar e facilitar o acesso a essas pessoas, o projeto “Benzedeiras de Florianópolis: Valorizando Saberes” mapeou 22 benzedores e benzedeiras na cidade que aceitaram participar do projeto. Ao todo, 16 mulheres e quatro homens foram listados no guia. Ainda, Auta e Dona Maria – benzedeiras já falecidas – foram homenageadas no trabalho.
“Uma forma de manter isso vivo é pelo reconhecimento desse saber. Quando a gente conhece a benzedeira, quando ela se entende num espaço de importância dentro da cidade, ela vai continuar viva aquela prática”, explica a socióloga e pesquisadora responsável pelo mapeamento, Tade-Ane de Amorim.
Confira mapa dos benzedeiros e benzedeiras de Florianópolis:
Tradição que se espalha por toda a Ilha
As benzedeiras e benzedores estão espalhados por toda Ilha. Na Barra da Lagoa, no Leste da Ilha, Dona Carmem Adriana dos Santos faz suas benzeduras. Dona Sueli, como é conhecida pela comunidade, é considerada uma das mais antigas benzedeiras aos 72 anos de idade. “A minha benzedura é pra tudo! Pra mau olhado, doença, pra tudo! As pessoas vêm me pedir oração, me ligam de São Paulo, Rio de Janeiro… Vem de longe aqui”, conta Sueli.
Carlos Carvalho, um dos quatro homens identificados no mapeamento, também conta que a procura é grande. “Todo dia a casa está cheia. Quando dá pouca gente vem umas 100 pessoas”, relata. O benzedor atua na Cachoeira do Bom Jesus, no Norte da Ilha, há mais de 30 anos.
Costumes que se reinventam
A tradição também se reinventa e adapta. Camila Gomes, considerada a benzedeira mais nova da Ilha, benze à distância utilizando os aplicativos de mensagem e redes sociais. “Sou uma benzedeira moderninha que traz essa perspectiva da ciência e do contemporâneo, mas também da reza, da espiritualidade e da introspecção”, explica Camila.
O mapeamento ainda deixou explícito a diversidade de credos na prática. “O benzimento na cidade de Florianópolis é algo extremamente diverso. A gente tem benzedeiras e benzedores espíritas, católicos, umbandistas e dentro de uma religião mais fluída”, complementa Tade-Ane. Mas, em comum, todos os benzedores e benzedeiras garantem que a prática só funciona para quem tem fé.
Confira a reportagem “Das bruxas as benzedeiras: por onde andam as benzedeiras da Ilha da Magia?” abaixo:
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