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“Nosso filho será livre”: cresce número de russas grávidas que optam por dar a luz na América do Sul

Argentina é o país que atualmente mais atrai mães russas

• Atualizado

SBT News

Por SBT News

Entre quatro e cinco mil russos e russas têm chegado à Argentina todos os meses em busca de uma nova nacionalidade para os filhos e uma alternativa em meio às ações de Putin.

O casal Polina e Dênis foi um dos primeiros, em maio do ano passado, nessa onda migratória provocada pela invasão russa na Ucrânia. Os dois são contra as ações de Vladimir Putin no país vizinho. “As pessoas sabem que não podem ficar na Rússia porque correm risco de serem presas. Querem se mudar para um país livre onde possam trabalhar e expressar sua opinião sem medo”, diz Denis.

O número de russos deixando o país de origem aumentou ainda mais desde setembro do ano passado, quando Putin anunciou que reservistas e civis poderiam ser convocados para lutar na Ucrânia. Com as fronteiras da Europa e dos Estados Unidos fechadas para os russos, as famílias passaram a procurar uma saída alternativa.

“Pouco antes de embarcarmos, soubemos que a Argentina não exige visto aos cidadãos Russos. Um país que não exige visto é um país livre, onde se pode obter a cidadania para uma criança. O nosso filho será uma pessoa livre aqui”, desabafa Polina.

De acordo com o Departamento de Migrações, no último ano, a Argentina recebeu mais de 22 mil russos. Meta deles, nos últimos três meses de 2022. Quase seis mil eram grávidas nos momentos finais da gestação. Atualmente, entre 20% e 30% dos nascimentos nos principais hospitais de Buenos Aires são de bebês filhos de pais russos.

Brasil

O Brasil também concede automaticamente a nacionalidade para filhos de estrangeiros nascidos em território nacional, mas a capital Argentina atrai maior interesse devido a três motivos: Buenos Aires oferece bem-estar social, acesso à medicina de qualidade e, das metrópoles latino-americanas, é a mais segura. Tudo isso com um custo de vida baixo, por causa da desvalorização de 500% do peso argentino nos últimos três anos.

Turismo de Maternidade

Não existe nada ilegal no processo de estrangeiros terem filhos na Argentina. Mas a lei foi pensada para aqueles que querem residir no país. O problema é que agências começaram a fazer dessa vantagem um grande negócio. Criaram redes que vão atrás de grávidas na Rússia para terem o bebê na Argentina. É o chamado “Turismo de Maternidade”, que pode se caracterizar como uma rede tráfico de pessoas, segundo resoluções internacionais.

Essas agências cobram até 35 mil dólares pelo serviço completo, que inclui desde a recepção no aeroporto e hospedagem até consultas com médicos e o parto. Uma das agências chega a trocar a clássica cegonha por um pinguim da Patagônia Argentina e o prêmio não é um bebê, mas um passaporte.

O advogado Christian Rubilar é o principal no país na defesa dos russos que vem à Argentina devido à guerra e denunciou penalmente essas agências. “Elas dão às russas uma informação falsa de que podem ir embora da Argentina e que, mesmo assim, vão obter a cidadania. Quando essas pessoas vão embora e depois não podem voltar devido ao tratado de vistos com a Rússia, fica caracterizada a fraude”, explica o especialista. Christian passou de dois clientes russos por mês para mais de 40 desde dezembro de 2022.

Mas a maioria dessas famílias deseja ficar na Argentina. É o que Polia e Denis buscam. “Agora estamos pensando em como criar nossos filhos aqui”, diz Denis.

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