Consumo de carne no país é o menor da história
Queda foi 40% em 16 anos. No período, estudo mostra redução de 43 kg/pessoa/ano para 26 kg/pessoa/ano
• Atualizado
Nunca foi tão difícil marcar um churrasco. A não ser que sua turma aceite um corte de ponta de peito sem reclamar. Que tal linguiça e pão de alho? É que o preço da carne bovina subiu 25% entre 2021 e 2020, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísitica (IBGE).
A valorização afastou ainda mais o brasileiro do produto, que desde 2018 tem levado o consumo ao nível mais baixo de uma série histórica. A informação faz parte de um estudo inédito do Rabobank, banco holandês especializado em agronegócios.
No ano de 2021, cada brasileiro se alimentou, em média, com 26 kg. Ainda em 2018 eram 33 kg, nível com poucas oscilações desde 2007. Período em que sempre despontamos como os maiores consumidores, abaixo apenas da Argentina e dos Estados Unidos.
Antes disso, em 2006, atingimos um pico de 43kg por pessoa. Era quando ainda comíamos mais proteína vermelha do que branca. Depois os níveis se inverteram. Todos esses dados podem ser conferidos no gráfico abaixo:
Apesar de o gráfico mostrar inversão no consumo entre carne de frango e bovina, chegando a representar quase o dobro de consumo da proteína branca em relação a vermelha, “o brasileiro não vai deixar que esse fato se torne tendência”, acredita o analista Wagner Yanaguizawa, do Rabobank.
“A gente acredita em um ponto de inflexão (quando a curva do gráfico inverte o sentido). Porém, depende de quanto tempo vai durar a guerra na Europa, a indisponibilidade de petróleo, a inflação dos combustíveis e, por consequência, outros produtos”, avalia.
Além da logística mais cara, por conta do Brasil depender tanto do transporte rodoviário movido a diesel, o mercado interno também está oferecendo menos carne bovina, simplesmente, porque está valendo a pena exportar – e muito.
E nesse fator existem algumas explicações. Um deles é o interesse internacional, que cresceu. Em abril, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), nossos portos despacharam 22,1% a mais do produto na comparação com o mesmo mês do ano passado. Um recorde de faturamento com US$ 1,10 bilhão, 56,2% maior em relação a abril de 2021.
O valor cresceu mais que o volume por causa do câmbio, que é o outro motivo. O dólar alto fez com que as indústrias brasileiras conseguissem 27,9% a mais pelo produto.
Vender para fora está valendo a pena. Tanto que a produção de carne vermelha só aumenta. Em 2021 foram 9,5 milhões de toneladas, conforme a Agência Safras que projeta para 2022 mais de 9,85 milhões de toneladas. Nesse caso, sim, é tendência que o Brasil só cresça, de acordo com o Rabobank:
Para isso, pecuaristas brasileiros estão, inclusive, poupando as fêmeas do abate. Para que gerem mais bezerros. Enquanto, na mesma proporção, aumentam os abates de machos.
Para se ter ideia, em fevereiro de 2019, os abates eram quase equilibrados, com a participação de 52% de machos e 48% de fêmeas. Já em outubro de 2021 a proporção foi diferente: 71% de machos e 29% de fêmeas.
Alternativa no prato
Aquela inversão na preferência do brasileiro não pode ser explicada apenas com o que ocorreu no mercado da carne bovina. Porque assim como essa produção aumentou, a de proteína branca também cresceu. Aliás, muito mais. Ao ponto de conseguirmos, além de exportar mais, atender ao mercado interno carente da outra opção.
Em 10 anos, as granjas incrementaram a produtividade em 120,8%. Em 2001 foram 6.567 milhões de toneladas. Em 2021, 14.500 mi de ton, de acordo com o Mapa.
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