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Com bloqueios nas estradas, crianças com câncer perdem sessões de quimioterapia em Florianópolis

Há relatos de doentes que, por causa dos bloqueios, perderam atendimentos que demoraram meses para conseguir agendar

• Atualizado

Estadão Conteúdo

Por Estadão Conteúdo

Manifestações de apoiadores de Jair Bolsonaro na última semana foi dispersada pela PRF | Foto: Kaíky Goede/SCC SBT
Manifestações de apoiadores de Jair Bolsonaro na última semana foi dispersada pela PRF | Foto: Kaíky Goede/SCC SBT

As manifestações que impedem o tráfego em rodovias de todo o País já causam prejuízo para pacientes que precisam se deslocar para consultas, exames e tratamentos de alta complexidade, como cirurgias oncológicas, quimioterapia e hemodiálise. Há relatos de doentes que, por causa dos bloqueios, perderam atendimentos que demoraram meses para conseguir agendar.

As manifestações atrapalham ainda a entrega de medicamentos e insumos para hospitais, laboratórios e clínicas, que já observam queda nos estoques, além de dificultar a chegada de profissionais da saúde aos seus locais de trabalho.

Em Florianópolis, crianças com câncer perderam sessões de quimioterapia por ficarem presas nas estradas de Santa Catarina, um dos Estados mais afetados pelas manifestações antidemocráticas. Segundo relato feito pela oncologista pediátrica Amanda Ibagy nas redes sociais, as crianças não conseguiram chegar a tempo na segunda-feira (31), e só puderam comparecer na terça (01), ao “provarem” para os manifestantes que tinham câncer.

“Hoje (terça-feira) elas conseguiram (chegar), mas tiveram que sair muito cedo, ficaram presas nos bloqueios. Só deixaram passar porque elas tinham uma cartinha nossa, dizendo que elas têm câncer. Uma inclusive teve que tirar a touquinha para mostrar que a criança era careca. Isso tudo é muito triste porque, além de ter que lidar com a dor dos procedimentos, ainda tem essa incerteza se vão chegar ou não para o tratamento da criança”, disse a médica, em sua página no Instagram.

Ao jornal O Estado de S. Paulo, a médica contou que o paciente que mostrou a careca para conseguir autorização para passar no bloqueio é um menino de quatro anos que enfrenta uma leucemia. De acordo com a oncologista, a família mora em Lages, na Serra Catarinense, e saiu às 2 horas da madrugada de casa para conseguir chegar na manhã de terça em Florianópolis. Foram seis horas na estrada em um trajeto que costuma demorar pouco mais de três horas.

“As mães entravam em contato com a gente desesperadas pedindo uma carta para provar que as crianças estavam indo para tratamento oncológico. Os pacientes que estavam em carros de secretarias da saúde até conseguiam passar, mas as que estavam com carro particular tinham dificuldade”, relatou Amanda.

Uma das mães de paciente pediu que a equipe médica enviasse o documento detalhado para ela reconhecer a autenticidade em cartório para mostrar aos manifestantes e à Polícia Rodoviária Federal nos dias das próximas sessões de quimioterapia.

Ainda em Santa Catarina, a Prefeitura de Navegantes informou que profissionais da saúde não estavam conseguindo chegar aos postos de saúde. Ao menos três Unidades Básicas da Saúde (UBS) do município estavam sem médico na manhã de terça.

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