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Perda para a música brasileira

Carlos Lyra, um dos maiores nomes da bossa nova, morre aos 90 anos

Parceiro de Vinícius de Moraes, o cantor e compositor é autor de obras como Coisa Mais Linda, Minha Namorada e Primavera

• Atualizado

SBT News

Por SBT News

Foto: Reprodução.
Foto: Reprodução.

O cantor e compositor Carlos Lyra morreu, aos 90 anos, na madrugada deste sábado (16), no Rio de Janeiro, após ser internado, na quinta-feira (14), com quadro de febre, no Hospital da Unimed, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Os exames detectaram uma bactéria, mas a causa da morte ainda não foi confirmada pelos médicos.

O falecimento foi confirmado na conta oficial do Instagram do cantor. “É com imensa tristeza que comunicamos a passagem do compositor Carlos Lyra, nessa madrugada, de forma inesperada. A todos, agradecemos o carinho”, diz o comunicado.

Parceiro de composições de Vinícius de Moraes, o artista foi um dos maiores nomes da bossa nova e compôs grandes sucessos da música brasileira, como Minha Namorada, Primavera, Coisa Mais Linda e Você e Eu. O músico foi um dos melodistas mais inspirados da música brasileira de todos os tempos.

Carreira

Carlos Eduardo Lyra Barbosa nasceu no bairro de Botafogo, no Rio, no dia 11 de maio de 1939. Ele é o filho mais velho de José Domingos Barbosa, oficial da Marinha, e de Helena Lyra Barbosa.

Em 1954, compôs sua primeira canção, Quando Chegares, mas a notoriedade na música começou com Menina, interpretada no mesmo ano pelo ícone Geraldo Vandré, durante o Festival da Canção, produzido pela TV Rio.

No ano seguinte, Menina foi gravada por Sylvinha Telles e lançada em disco 78 rpm pela gravadora Odeon. O disco é considerado um marco da bossa nova.

Com o sucesso nas composições, em 1956 começou sua carreira profissional como músico, tocando violão elétrico no conjunto de Bené Nunes e escreveu várias músicas, como Maria Ninguém. Ainda em 1956, seu samba Criticando, precursor de Influência do Jazz, foi gravado pelo grupo vocal Os Cariocas.

A carreira de Carlos Lyra continuou em ascensão. Em 1957, começou a compor em parceria com Ronaldo Bôscoli, que resultou em canções como Lobo Bobo e Se é Tarde Me Perdoa. Em 1958, compôs Quem Quiser Encontrar o Amor e Aruanda com Vandré, que interpretou Menina pela primeira vez.

Conheceu Vinicius de Moraes, seu maior parceiro de composições, em 1960. Com Moraes, escreveu sucessos como Coisa Mais Linda, Você e Eu, Primavera e Minha Namorada.

Em 1961, foi um dos fundadores do Centro Popular de Cultura da UNE (CPC), onde atuou como diretor musical. No ano de 1963, participou de um concerto em Washington, capital dos EUA, promovido pelo embaixador Roberto Campos. Ele cantou e tocou ao lado de outros ícones como Tom Jobim, João Gilberto e Luiz Bonfá. No mesmo ano, lançou pelo CPC da UNE a Canção do Subdesenvolvido no disco O Povo Canta.

Há uma semana foi lançado o álbum Afeto em homenagem aos 90 anos de Carlos Lyra, interpretado por 14 artistas: Caetano Veloso, Djavan, Edu Lobo, Fernanda Abreu, Gilberto Gil, Ivan Lins, Joyce Moreno, Leila Pinheiro, Lulu Santos, Mônica Salmaso, Ney Matogrosso, Paula Morelenbaum, Roberto Menescal e Wanda Sá, João Donato e Marcos Valle com a esposa Patricia Alvi.

Além dos cantores, foram escolhidos cinco arranjadores: Antonio Adolfo, Gilson Peranzzetta, Jaques Morelenbaum, João Donato e Marcos Valle. O tributo foi Idealizado e produzido por Regina Oreiro.

Personalidades lamentam morte de Carlos Lyra

O cantor e compositor Gilberto Gil se disse triste com a partida do colega, “que nos deixa aos seus 90 anos com um legado extraordinário”. “Um forte abraço em toda a família e amigos”, escreveu na rede social X (antigo Twitter).

Gil também compartilhou um vídeo interpretando Saudade fez um Samba, composição de Lyra e Ronaldo Bôscoli.

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), celebrou o legado “imenso” deixado pelo artista. “Suas composições na bossa nova marcaram várias gerações ao redor do mundo. Lyra foi fundamental na construção da identidade carioca e brasileira”, disse.

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) falou que “o Brasil amanheceu menos musical hoje”. “O compositor foi um dos artífices da bossa nova e um entustiasta e divulgador de artistas como Cartola, Nelson Cavaquinho e Zé Keti”, lembrou.

“Fez música para teatro e cinema e aplicou consciência social em diversas de suas canções. Seu nome está escrito na história da música popular brasileira”, disse a parlamentar.

Roberto Freire, ex-deputado, ex-senador e ex-ministro da Cultura, escreveu que Lyra foi “um dos mais importantes representantes do culturalmente belo e marcante da nossa nacionalidade, o movimento musical da bossa nova”.

Érika Kokay (PT-DF) falou que o músico “foi um dos nossos grandes artistas e ícone da bossa nova”. “Dono de melodias inesquecíveis, também emprestou seu talento à luta política, sendo autor do hino da UNE. Deixa uma grande obra!”, lamentou.

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