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30 anos de saudade

Ayrton Senna: tricampeão mundial voou além das pistas de corrida e foi aos céus

Senna tirou licença para pilotar helicóptero com a ajuda do piloto, instrutor e amigo Nelson Loureiro, que relembra com carinho a vida do tricampeão

• Atualizado

Vitória Hasckel

Por Vitória Hasckel

Foto: Nelson Loureiro | Arquivo Pessoal
Foto: Nelson Loureiro | Arquivo Pessoal

Trinta anos se passaram desde que o mundo perdeu Ayrton Senna. Três décadas depois, a memória do piloto e pessoa que o tricampeão da Fórmula 1 em 1988, 1990 e 1991 foi continua viva e sua influência ainda é sentida tanto pelos brasileiros quanto por amantes do automobilismo e pilotos. Sua trajetória de vida é marcada por uma determinação inabalável e uma paixão incomparável pelo automobilismo.

Desde os primeiros dias em que pisou em um kart até sua ascensão à Fórmula 1, Senna se destacou pelo talento e pela busca incessante pela perfeição dentro das pistas e fora delas. Uma das paixões do piloto era pela aviação.

A curiosidade do piloto, uma marca dele desde a infância, fez Senna querer aprender mais sobre aviação. Das perguntas curiosas enquanto viajava, à decisão de comprar aeronaves, fez a relação com Nelson Loureiro, piloto, instrutor, se aprofundar e os dois viraram amigos. Foi Nelson quem auxiliou Senna na compra de aeronaves assim como quem ensinou o tricampeão a pilotar helicópteros.

“Ele era muito curioso e tinha sensibilidade para pegar as coisas. Eu me lembro de uma vez, durante um voo de helicóptero, ele apontou uma pequena oscilação que eu mesmo, como piloto, não havia notado. Isso mostra como ele tinha essa sensibilidade aguçada”, relembra. A relação de Senna com helicópteros e aviões não se limitava apenas à curiosidade. Ele estava determinado a dominar o céu tanto quanto dominava as pistas de corrida. Com a orientação de Nelson, Senna conquistou sua licença de piloto de helicóptero.

“Ele ficou cada vez mais empolgado para tirar uma licença. Naquela época, o curso era três meses e não podia faltar. E ele não podia fazer porque tinha os compromissos. E na época consegui para ele uma Banca Especial. E sentamos e estudamos para a prova e ele passou”, conta Nelson, que guardava em casa o brevê de Ayrton. Brevê ou brevete é um documento que dá ao seu titular a permissão para pilotar aviões.

  • Ayrton Senna tricampeão mundial voou além das pistas de corrida e foi aos céus (3)
  • Ayrton Senna tricampeão mundial voou além das pistas de corrida e foi aos céus (3)

Histórias vividas

Nelson relembra com carinha as histórias vividas ao lado de Senna. Em um dia, Senna pediu para que o comandante levasse Adriane Galisteu, namorada do piloto, de helicóptero para um trabalho fotográfico. Neste dia, o piloto foi responsável por fazer um correio elegante aéreo para o casal.

“No caminho Adriane disse que estava com saudade dele e eu falei para ela escrever um bilhete que eu levava para ele. Quando eu entreguei ele disse que precisava responder e eu teria que levar de volta”, conta Nelson.

Nos anos que passou viajando com Senna, Loureiro viu o coração enorme do piloto, que doava, sem se identificar e divulgar, para hospitais. “Ayrton não era apenas um piloto excepcional, mas também um ser humano incrível. Ele se preocupava genuinamente com os outros e usava sua influência para fazer a diferença na vida das pessoas. Seu legado vai muito além das pistas de corrida”, afirma.

Ayrton Senna tricampeão mundial voou além das pistas de corrida e foi aos céus (3)
Nelson montou uma sala em homenagem à Ayrton Senna. Foto: Nelson Loureiro | Arquivo Pessoal

Ayrton Senna voou em caça da FAB

Em 29 de março de 1989, logo após ganhar o seu primeiro título mundial, Senna embarcou na aeronave de caça Mirage III, da Força Aérea Brasileira (FAB), e realizou um voo supersônico, que quebrou a barreira do som.

Amanhecia dentro das instalações do Esquadrão Jaguar (1º GDA), localizado na Base Aérea de Anápolis (BAAN). Mas não era apenas um dia normal. Dois Mirage III do Esquadrão decolavam com o intuito de interceptar e conduzir a aeronave PT-ASN, matrícula que referenciava as iniciais de Ayrton Senna, até o pouso seguro na BAAN. A bordo, o então campeão mundial da Fórmula 1. Naquele dia, o piloto conheceu as instalações da unidade e embarcou a bordo do Mirage III, onde realizou um voo no supersônico, inspirando brasileiros em uma data lembrada com carinho até hoje.

Ayrton Senna havia sido campeão mundial pela primeira vez em 1988. Ele estava no início da temporada de 1989 da Fórmula 1, protagonizada pelo seu duelo com Alain Prost dentro e fora das pistas. Até o precoce fim de sua carreira na categoria, ainda conquistaria mais dois títulos mundiais (1990 e 1991) e obteria números impressionantes, que fazem com que muitos especialistas o considerem, até hoje, o melhor piloto que já passou pela categoria.

O Coronel Alberto de Paiva Côrtes, hoje militar da reserva, lembra detalhes do voo que fez com Senna em 1989. “Eu quero sentir a velocidade”, contou o militar sobre o pedido do ídolo das corridas antes do voo. 

Em 1987, Ayrton Senna já havia voado nas asas da FAB. Daquela vez, em um caça F-5 do Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1º GAVCA), sobrevoou o hoje extinto Circuito de Jacarepaguá.

Medalha Mérito Santos Dumont

Ayrton Senna também foi condecorado pela Força Aérea Brasileira com a Medalha Mérito Santos Dumont, em 1987, e com a Medalha da Ordem do Mérito Aeronáutico, Grau Cavaleiro, em 1993.

A Medalha Mérito Santos Dumont é destinada a militares e civis, brasileiros ou estrangeiros, que hajam prestado ou prestarem destacados serviços à FAB, e para distinguir aqueles que, por suas qualidades ou valor em relação à Aeronáutica, forem julgados merecedores dessa condecoração.

A Ordem do Mérito Aeronáutico é destinada a premiar os militares da Aeronáutica Brasileira que tenham prestado notáveis serviços ao País ou se hajam distinguido no exercício de sua profissão, assim como para reconhecer assinalados serviços prestados à Aeronáutica por personalidades civis e militares, brasileiras ou estrangeiras e, ainda, por Organizações Militares e Instituições Civis, nacionais ou estrangeiras.

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