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“Velha Senhora”

Após mais de uma década, Ponte Hercílio Luz recebe iluminação cênica

No último domingo (15), a “Velha Senhora”, como é conhecida a estrutura, em Florianópolis, voltou a ter sua plena iluminação cênica

• Atualizado

Redação

Por Redação

Foto: Roberto Zacarias/Secom
Foto: Roberto Zacarias/Secom

Fazia mais de uma década que a Ponte Hercílio Luz, cartão-postal de Santa Catarina, não ganhava tantas cores, brilho e iluminação. No entanto, no último domingo (15), a “Velha Senhora”, como é conhecida a estrutura, em Florianópolis, voltou a ter sua plena iluminação cênica.

Por volta das 20h20, houve a contagem regressiva e a nova decoração pôde ser vista e aplaudida pelo público. O investimento do Governo do Estado no novo sistema de iluminação da ponte foi de quase R$ 10 milhões.

“É a nossa preocupação em oferecer pras pessoas que vêm para cá mais um olhar diferenciado, uma foto bonita pra lembrança. A ponte é um um cartão de visita do estado e da capital, pela beleza dela e pela recuperação que ela que ela teve. Temos que pensar que essa iluminação é deixa-la mais bonita ainda, refletindo suas cores. Na semana, de segunda a quinta, a ponte vai ficar com luz branca e na sexta, sábado e domingo, a gente pediu para que tenha todo o jogo de luzes para que realmente dê um encanto maior para as pessoas que vão visitar Floripa. Eu não tenho dúvida que vai acrescer no nosso Natal e na estação de verão”, disse o governador Jorginho Mello.

Ao dar o comando, o sistema acionou mais de sete mil projetores (mais de 1.300 na silhueta, de 5.600 nos pendurais e de 150 nas torres), além de toda a infraestrutura necessária para o funcionamento e controle desses equipamentos, com 124 projetores LED RGB distribuídos em quatro modelos diferentes, concentrados principalmente nas duas torres, além de 5500 pontos LED RGB, de última geração.

A partir de agora, a iluminação cênica será acionada todas as noites. As cores temáticas serão definidas a partir de um planejamento mensal que será feito pela área técnica da Superintendência de Obras Civis (SOC) da SIE.

“Esse é o presente para a cidade que o Governo do Estado entrega hoje, há poucos dias do Natal e a cidade se sente de novo com a ponte totalmente iluminada e dessa vez com alta tecnologia. A ponte vai poder mudar de cor, quando for preciso quando for necessário, quando for interessante. Fora isso, ela volta a ter a sua cor tradicional com todos os pontos brancos na iluminação e vai devolver ao nosso cartão-postal essa beleza adicional. Sozinha, ela já é bonita, agora vai ficar maravilhosa”, comemorou o prefeito de Florianópolis, Topázio Neto.

Para chegar ao resultado, foi preciso desenvolver um trabalho complexo, sobre o mar e a mais de 70 metros de altura (equivalente a um prédio de 24 andares). A empresa responsável pela obra é a catarinense Quantum Engenharia, da cidade de São José. O trabalho levou cerca de um ano para ficar pronto e enfrentou condições climáticas adversas ao longo da execução, que contou com especialistas em iluminação treinados para a prática de alpinismo.

Detalhamento do Projeto

  • São mais de 7.000 projetores (mais de 1.300 na silhueta, de 5.600 nos pendurais e de 150 nas torres), além de toda a infraestrutura necessária para o funcionamento e controle desses equipamentos;
  • 124 projetores LED RGB distribuídos em quatro modelos diferentes, concentrados principalmente nas duas torres. Esses equipamentos realçarão as torres e estão parcialmente operacionais;
  • 5.500 pontos LED RGB distribuídos nos pendurais da ponte, localizados no vão central entre as duas torres, tanto na lateral norte quanto na lateral sul. Esses pontos irão destacar elementos estruturais da ponte e estão parcialmente operacionais.
Foto: Roberto Zacarias/Secom

História da Ponte Hercílio Luz

No começo do século passado, a necessidade de ligar a Ilha de Santa Catarina ao continente se intensificou. O trajeto só podia ser feito por barcos e barcaças. Bastava um vento forte ou um mar agitado para inviabilizar a travessia e isolar por completo a maior parte dos 40 mil habitantes de Florianópolis.

Além da necessidade prática, surgiam pressões para mudar a Capital de lugar, para o continente. Esses fatores levaram o então governador Hercílio Luz a buscar uma solução. E encontrou bem mais de uma. O desafio despertou a atenção de engenheiros brasileiros e estrangeiros, e diversas propostas foram elaboradas. Havia um fator em comum entre todas elas: a localização. O canal do Estreito foi escolhido por ser menor distância entre a ilha e o continente.

Inicialmente, a empresa Byington and Sundstrom havia apresentado um projeto de estrutura com viga treliçada, do tipo cantilever, bastante usada para pontes ferroviárias. A ideia até foi aceita, mas não evoluiu por dificuldades com financiamento.

Foi então que apareceu a ideia da ponte pênsil com barras de olhal. Mais viável economicamente, atendia a necessidade da época. A equipe do projeto original era coordenada pelos engenheiros Steinman e Robinson. Os desenhos de produção dos componentes e a fabricação da estrutura metálica foram realizados pelas empresas United States Steel Products Company e American Bridge Company.

Não demorou para aparecer a primeira dificuldade. O Brasil ainda não tinha produção de ferro fundido e aço em volume suficiente para construir pontes como a que seria erguida na Ilha de Santa Catarina. Por isso, o material foi todo trazido dos Estados Unidos. Quatro navios de grande porte foram necessários para trazer as peças a Florianópolis, percorrendo 9.655 quilômetros. O material chegou ao canteiro de obras em perfeitas condições.

Início da construção da “Ponte Independência”, em 1922

Estava tudo pronto para o começo da construção da “Ponte do Estreito”, que logo se tornou “Ponte da Independência”, nome dado pelo próprio governador Hercílio Luz.

As instalações utilizadas para as obras apresentaram duas frentes de trabalho. A do continente, com maior área plana, concentrou as primeiras atividades desenvolvidas. A insular serviu como base para montagem das demais partes. As instalações simultâneas permitiram a utilização de diferentes equipes de trabalho, reduzindo bastante o tempo de execução da obra.

Hercílio Luz

Em 8 outubro de 1924, com a saúde já debilitada por um câncer no estômago, o então governador Hercílio Luz inaugurou simbolicamente a ponte. Ele atravessou uma réplica de madeira, construída por uma equipe liderada pelo delegado João Grumiché especialmente para o ato simbólico. Na mesma semana, a ponte recebeu o nome de Hercílio Luz, resultado de uma proposta do então deputado Acácio Moreira, aprovada por unanimidade. O governador faleceu no dia 20 de outubro.

As obras seguiram com rapidez e, 570 dias após a morte do idealizador, a Ponte Hercílio Luz era inaugurada. Numa quinta-feira de muita chuva, a estrutura foi aberta ao tráfego total.
Os então 40 mil habitantes da Ilha de Santa Catarina tinham uma alternativa mais fácil para entrar e sair, não dependendo mais apenas das balsas para chegar ao continente.

Como se tratava de uma grande novidade, muitos moradores da capital vieram do interior da Ilha de Santa Catarina para assistir à solenidade. A inauguração surpreendeu quem não conseguiu acompanhar as obras e muitos falavam até em milagre e bruxaria. A ponte colocou a cidade entre as poucas do mundo a contar com um equipamento de última tecnologia naquela época.

A função da ponte era garantir a travessia segura dos usuários, além de permitir a passagem rápida de mercadorias e animais. Mas também havia outro objetivo: implantar um sistema ferroviário sobre a ponte, algo que nunca chegou a existir. Até 1935, um pedágio chegou a ser cobrado, inclusive de pedestres.

Os viadutos e o vão central foram projetados para comportar o tráfego de uma ferrovia funcionando em apenas dois trilhos posicionados no centro da ponte. Já a pavimentação de madeira acompanhou a ponte durante muitos anos. No entanto, ela acabou sendo substituída pelo asfalto por apresentar alguns problemas: o piso vibrava excessivamente, causando ruído quando os veículos passavam e também por ser muito escorregadia nos dias de chuva.

Por quase 56 anos, a Ponte Hercílio Luz foi um importante instrumento da mobilidade urbana em Florianópolis, mas recebeu poucos serviços de manutenção. Devido às condições precárias e à deterioração das barras de olhal, a Ponte Hercílio Luz foi interditada totalmente pelo Departamento de Estradas e Rodagens (DER) no dia 22 de janeiro de 1982, quando absorvia 43,8% do tráfego de Florianópolis. Eram mais de 27 mil veículos por dia. A Ponte Colombo Salles, aberta cerca de sete anos antes, passou a ser a única ligação entre ilha e continente.

Nos anos seguintes, a ponte chegou a ser reaberta parcialmente, mas foi novamente interditada em 1991, desta vez em definitivo e por completo. O piso asfáltico do vão central foi retirado, aliviando 400 toneladas de peso. Quase 25 anos se passaram até que o Governo do Estado decidisse recuperar a Ponte Hercílio Luz.

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