Água de Balneário Camboriú já apresentou 12 substâncias danosas à saúde
Das 12 substâncias encontradas, seis delas apresentam maiores riscos de causar doenças crônicas no ser humano
• Atualizado
Segundo a organização Mapa da Água, a água de Balneário Camboriú apresentou, ao menos uma vez, no período de 2018 e 2020, 12 substâncias danosas à saúde acima do limite permitido. Dessas 12, seis têm maiores riscos de causar doenças crônicas e as outras seis geram riscos à saúde.
As substâncias encontradas no município, que oferecem risco de causar doenças crônicas, são Arsênio, Cádmio, Chumbo, Cromo, Níquel e Selênio. Elas são classificadas como substâncias inorgânicas provavelmente cancerígenas para humanos pela IARC (Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, da Organização Mundial da Saúde).
As outras seis substâncias que causam riscos à saúde são Trihalometanos Total, Antimônio, Bário, Cobre, Mercúrio e Urânio. Elas são classificadas como substâncias que oferecem risco por órgãos internacionais e pelo Ministério da Saúde.
Esses componentes causam riscos à saúde do ser humano se estiverem acima da concentração máxima estabelecida pelo Ministério da Saúde. Quando esse limite é ultrapassado, a água passa a ser considerada como imprópria para o consumo.
A Emasa (Empresa Municipal de Água e Saneamento de Balneário Camboriú), responsável pela distribuição de água no município, declarou, por nota, que em 2018 houve um erro no registro de dados por parte da Vigilância Sanitária, que era responsável por repassar os dados na época e que, mesmo se houvesse substâncias acima do permitido na água, a reportagem não menciona que foi apenas em um dos relatórios de 2018. A nota ainda afirma que “a Emasa assegura que a água captada, tratada e distribuída aos consumidores, apresenta-se de acordo com os padrões de qualidade e potabilidade estabelecidos pela atual Portaria de Potabilidade n°888/2021 do Ministério da Saúde”.
A Repórter Brasil também mostrou que, entre 2018 e 2020, ao menos 763 cidades brasileiras ultrapassaram o limite permitido na água que é fornecida à população.
Na capital
Segundo dados levantados pela organização Repórter Brasil, foram encontradas na água de Florianópolis substâncias acima do limite permitido durante três anos consecutivos: 2018, 2019 e 2020. Neste período, a capital apresentou 26 testes com substâncias danosas à saúde acima do limite.
O Nitrato e os Ácidos Haloacéticos são as substâncias que foram encontradas na água da capital durante os três anos.
O Nitrato é uma substância inorgânica classificada como provavelmente cancerígena para humanos pela IARC. Normalmente o componente é usado na fabricação de fertilizantes, medicamentos e conservantes de alimentos.
O conjunto de ácidos (dicloroacético, tricloroacético, bromoacético e dibromoacético, formados quando o cloro é adicionado à água para desinfecção) também é classificado como possivelmente cancerígeno pela IARC e pode causar problemas no fígado, testículos, pâncreas, cérebro e sistema nervoso.
A CASAN (Companhia Catarinense de Águas e Saneamento), responsável pela distribuição de água em Florianópolis, pronunciou, em nota, que “vem investindo para aperfeiçoar seu atual sistema integrado de qualidade para reduzir o tempo das ações corretivas, tomando as devidas providências nos casos pontuais de desconformidade. As substâncias questionadas na reportagem possuem um aparecimento pontual e sazonal, acompanhando estiagens rigorosas e recorrentes, como as enfrentadas em Santa Catarina nos últimos 5 anos. A Companhia mantém-se em alerta e já está tomando providências para que o mesmo não ocorra novamente”.
Leia a nota da Casan na íntegra
A CASAN vem a público tranquilizar a população sobre a qualidade da água distribuída no estado. A equipe técnica da CASAN realiza um controle constante da água conforme os planos de monitoramento definidos pela Portaria de Potabilidade com aprovação das Vigilâncias Sanitárias municipais. Santa Catarina ocupa a 6ª posição em número de cidades por estado no Brasil e a terceira posição em monitoramento da qualidade no país, sendo a CASAN a empresa com maior contribuição e preocupação nesse assunto no estado.
Cabe destacar que a grande maioria dos municípios no Brasil não executa a vigilância no controle de qualidade como deve ser executada em sua total amplitude e frequência, o que por sua vez deixa o banco de dados do portal do SISAGUA incompleto. Deste modo, as companhias e estados que fazem o monitoramento de maneira constante acabam identificando, o que não ocorre em outros locais, como é possível identificar no número de testes feitos em cada estado apresentado na reportagem.
A CASAN vem investindo para aperfeiçoar seu atual sistema integrado de qualidade para reduzir o tempo das ações corretivas, tomando as devidas providências nos casos pontuais de desconformidade. As substâncias questionadas na reportagem possuem um aparecimento pontual e sazonal, acompanhando estiagens rigorosas e recorrentes, como as enfrentadas em Santa Catarina nos últimos 5 anos. A Companhia mantém-se em alerta e já está tomando providências para que o mesmo não ocorra novamente.
Quando são identificados resultados com valores acima do VMP (Valor Máximo Permitido), a CASAN procura, de maneira rápida, agir com medidas a curto prazo. As primeiras são ações praticadas na rede de distribuição, como as descargas para limpeza das tubulações e troca da água presente em seu interior, por exemplo. Além disso, a equipe técnica a CASAN faz uma avaliação, verificação e investigação no local a partir dos dados obtidos alertando os setores responsáveis sobre medidas operacionais que podem mitigar os problemas, como o uso de carvão ativado no tratamento e correções nas dosagens de cloro utilizadas, por exemplo.
Faz parte da política da CASAN e de sua rotina operacional a busca constante de melhorias nos sistemas de abastecimento de água e no controle de qualidade. Um exemplo foi a alteração do coagulante na maior estação de tratamento de água da Companhia, a ETA Cubatão, com utilização do Cloreto de Polialumínio (PAC) em substituição ao sulfato de Alumínio. Além disso, a Companhia vem inovando na implementação de sistemas de automação no monitoramento operacional das Estações de tratamento de Água que permitem uma ação momentânea nas dosagens dos produtos utilizados no tratamento de maneira adequada e precisa, como é o caso do monitor de coagulante online, para controle automático do ponto de coagulação e sistemas de monitoramento operacional automatizado e on-line de cloro, turbidez, flúor, cor e pH.
A CASAN também vem desenvolvendo um programa de vigilância e segurança da água, o qual irá permitir uma avaliação dos problemas que são identificados e definir as melhores estratégias e tomadas de ações para correções em todos o estado de Santa Catarina, tornando seu trabalho ainda mais confiável e transparente. Além disso, destacamos o constante processo de melhoria de qualidade da Rede de Laboratórios da Companhia, que já conta com acreditação do INMETRO conforme requisitos da ISO 17.025/2017 na unidade de Chapecó, sendo que vem trabalhando para expandir esse reconhecimento também para as demais unidades. Dessa forma, a CASAN vem atuando para atender a legislação vigente e prestar sempre serviços de qualidade à população.
Por fim, é importante destacar que a CASAN está em alerta constante em relação as substâncias “potencialmente cancerígenas” que possam estar presentes na água seguindo com o monitoramento da água distribuída, água tratada e dos mananciais de abastecimento e em conjunto desenvolvendo novas ações e políticas para garantir a entrega de água segura aos cidadãos de Santa Catarina.
Confira a nota da EMASA na íntegra
Sobre os dados em reportagem veiculada pela Agência Pública/ Repórter Brasil nesta segunda-feira, 7 de março, mencionando a presença de produtos químicos e radioativos na água da torneira de 763 cidades brasileiras – entre 2018 e 2020 – a Empresa Municipal de Água e Saneamento (Emasa) esclarece:
1. Com base na reportagem veiculada que traz o “MAPA DA ÁGUA” no Brasil, a situação de Balneário Camboriú apresentou 12 substâncias acima do Valor Máximo Permitido (VMP), das quais são com maior risco: Arsênio, Cádmio, Chumbo, Cromo, Níquel e Selênio; e menor risco: Trihalometanos, Antimônio, Bário, Cobre, Mercúrio e Urânio;
2. Ao ser verificado esses dados, já que a presença de muitas dessas substâncias na água do Município não apresentam uma relação com as características do manancial e da bacia do Rio Camboriú, observou-se que em todos esses parâmetros apontados foram identificadas inconsistências entre o que há de informação do ano de 2018 dentro do sistema SISAGUA, do Ministério da Saúde, e os resultados encaminhados a Vigilância Sanitária Municipal, que era responsável até o ano de 2018, por incluir as informações dentro do sistema do Governo Federal;
3. Como desde 2018, a referida reportagem vem apontando e informando a população em geral, sobre tais inconsistências entre a qualidade da água distribuída e os limites da legislação, os órgãos de fiscalização estaduais identificaram as mesmas inconsistências, passando então, a orientação de acordo com a Resolução Normativa n.002 – DIVS.SES/2019, de que as Companhias de Saneamento Básico Estaduais ou Municipais, passassem a inserir as informações diretamente no Sistema Sisagua. Sendo assim, todos os dados a partir de 2019 inseridos dentro do sistema Sisagua, apresentam consistência com as análises executadas, os resultados gerados e interpretados, não sendo, portanto, verídica a informação de que existem parâmetros cujos resultados estão acima do valor máximo permitido pela legislação vigente até 2020;
4. Vale ressaltar, que a reportagem menciona apenas a presença das substâncias, sem quantificar nos dados o percentual existente, e principalmente, informar que foram detectados em apenas uma das análises – realizada no 2º semestre de 2018. Nos demais anos (2019 e 2020), os dados das análises não apontam a presença das referidas substâncias;
5. Ademais, ressalta-se que os dados que apresentam valores quantificáveis e abaixo do VMP pela legislação, não apresentam continuidade, isto é, para que o risco se confirme a exposição deve ser acima do VMP de forma contínua e prolongada. Como os dados mencionados pela reportagem foram apurados e configuram uma inconsistência entre o resultado real e o que está no sistema, logo é possível assegurar que não há qualquer risco de contaminantes que estejam acima do VMP da legislação vigente, sendo assim, está garantida a qualidade da água tratada e distribuída em nosso município;
6. Portanto, a Empresa Municipal de Água e Saneamento de Balneário Camboriú (Emasa), assegura que a água captada, tratada e distribuída aos consumidores, apresenta-se de acordo com os padrões de qualidade e potabilidade estabelecidos pela atual Portaria de Potabilidade n°888/2021 do Ministério da Saúde. Esclarece ainda, que a Autarquia segue todas as determinações estabelecidas pela referida Portaria, onde indica que os estudos referentes ao manancial, água tratada e água distribuída devem ser realizados com frequência semestral, trimestral, bimestral, mensal, semanal e diária.
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