Ações trabalhistas por gordofobia crescem mais de 500%
Ataques gordofóbicos no mercado de trabalho cresceram exponencialmente nos últimos três anos
• Atualizado
Um preconceito cruel que atinge milhares de pessoas no Brasil. A gordofobia e a falta de respeito com pessoas que sofrem de obesidade viu um aumento impressionante de 500% no número de ações judiciais movidas por vítimas dessa discriminação nos últimos três anos.
William Silva foi uma dessas vítimas. A falta de respeito partiu de quem deveria zelar pelo bom ambiente de trabalho: uma coordenadora da empresa, que fica em Salvador (BA), deu início às ofensas após o desempenho do rapaz ser mal avaliado por um cliente.
Segundo William, que tinha 23 anos e 146 quilos na época, a mulher começou a ofendê-lo, chamando-o de “gordo fedorento” e “filhote de elefante”.
“Eu tentei ainda procurar uma ajuda na empresa, coordenadores, e ela sempre negava e disse que ia me dar justa causa”, relatou.
O rapaz passou a sofrer física e psicologicamente com a violência diária, com a coordenadora dando os apelidos e colegas dando risadas. Entre as ofensas, o choro durante o trabalho. No dia a dia, inúmeros remédios para emagrecer. Quatro meses depois, William pediu demissão.
Com a ajuda de familiares e amigos, deu início ao processo contra a empresa. No fim de 2021, a Justiça deu ganho de causa ao ex-funcionário. A vítima recebeu R$ 3 mil de indenização por danos morais. O que ele mais esperava, porém, não aconteceu: a autora das ofensas continua trabalhando normalmente.
Nos últimos três anos as ações registradas por gordofobia saltaram de 27 em 2019 para 167 no ano passado, representando um crescimento de 518%. A obesidade, uma doença, não pode ser apontada como defeito e, assim como o racismo e outros tipos de preconceito, a gordofobia é estrutural, naturalizada como uma “brincadeira”.
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