70% dos supermercados de sete estados enfrentam problemas de abastecimento
Apoiadores de Bolsonaro bloqueiam rodovia e impedem transporte, alimentos e combustíveis
• Atualizado
Os bloqueios de estradas e rodovias por caminhoneiros apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) já afetam o abastecimento de alimentos e combustíveis em vários lugares do país, segundo entidades do setor.
De um simples pé de alface a vacinas, os bloqueios nas rodovias acendem um sinal de alerta para a falta de produtos em todo o país. De acordo com a Associação Brasileira de Supermercados, 70% das lojas em Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal estão enfrentando problemas de desabastecimento.
As interdições trazem outros riscos além do desabastecimento, avalia o especialista Lino Marujo: “por exemplo, nós tivemos a interrupção da fabricação, da produção em montadoras, em Resende, porque os funcionários não chegaram. Nós temos o problema do fluxo das ambulâncias, das pessoas que precisam de tratamento, que precisam se deslocar”.
O receio da Associação Brasileira da Indústria Química é ainda maior. A entidade informou que as manifestações ameaçam a entrega de oxigênio líquido para clínicas e hospitais, especialmente para os pacientes em terapia intensiva.
Por pouco o Instituto Butantan não perdeu uma carga preciosa: 520 mil ovos, usados na produção de vacinas contra o vírus H3N2, da influenza. Os caminhões ficaram retidos em bloqueios perto de Jundiaí, no interior de São Paulo. Foi preciso apoio da Polícia Militar para os veículos chegarem ao Butantan — com oito horas de atraso.
Com os caminhões-tanque parados nas rodovias, existe dificuldade na entrega de combustíveis. Por isso, distribuidoras já começaram a limitar as encomendas feitas pelos postos em várias partes do país. Caso a situação não seja resolvida em breve, haverá risco de desabastecimento.
“Com a paralisação das rodovias, com três ou quatro dias vai ter problema, sim, de combustível, de abastecimento, porque não tem como não estar vindo pelas carretas. As carretas não estão passando pelas barreiras”, diz Manuel Fonseca da Costa, presidente do Sindicato Varejista de Combustíveis.
Em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, motoristas fizeram filas em postos para encher o tanque do carro. A cena se repetiu em Londrina, no Paraná.
Cenas que trazem à tona lembranças da maior greve já feita por caminhoneiros no Brasil. Em 2018, o protesto foi contra a alta no preço do diesel no governo de Michel Temer. A paralisação se estendeu por 11 dias e deu um prejuízo de mais de R$ 30 bilhões para a indústria.
Na época, Jair Bolsonaro era deputado federal e defendeu os bloqueios: “apenas a paralisação, prevista a partir da próxima segunda-feira, poderá forçar o presidente da República a dar uma solução para o caso”.
Em nota, a Confederação Nacional do Transporte (CNT) condenou os protestos desta semana e disse respeitar o direito de manifestação, desde que não prejudique a população e a economia.
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