Dimas Covas diz que Brasil poderia ter sido primeiro país a começar a vacinação
Esse é o décimo depoimento na comissão no Senado Federal
• Atualizado
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou nesta quinta-feira (27), à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, que “o Brasil poderia ter sido o primeiro país do mundo a começar a vacinação”, se o governo federal tivesse fechado o contrato com o órgão ainda em outubro do ano passado. À época, o até então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, havia assinado o termo de intenção da aquisição da vacina. Mas, no dia seguinte, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), vetou a compra da CoronaVac.
“O mundo começou a vacinação no dia 8 de dezembro. No final de dezembro, o mundo tinha aplicado mais de 4 milhões de doses. Tínhamos, no Butantan, 5,5 milhões de doses prontas, mais 4 milhões em processamento, sem contato com o ministério. Poderíamos ter iniciado a vacinação antes do que começou? Nós já tínhamos as doses, estavam disponíveis, e eu, muitas vezes, declarei, de público, que o Brasil poderia ser o primeiro país do mundo a começar a vacinação”, disse Covas. Produzida pelo Butantan, a CoronaVac foi fruto de uma parceria do órgão com a farmacêutica chinesa Sinovac.
Segundo Covas, a negativa do Ministério da Saúde causou muita “frustração”, porque se tornaria mais difícil a produção dos imunizantes, uma vez que a pasta seria a principal cliente do instituto. “A inexistência de um contrato com o ministério, que é o nosso único cliente, colocava, de fato, uma incerteza em termos de financiamento, e nós já tínhamos contratado a Sinovac, um impacto importante desse projeto”, completou.
Após a falta de investimento do Executivo, o governador de São Paulo, Joao Doria (PSDB), “deu todo apoio” à produção da CoronaVac, explicou Covas. “Imediatamente, outros estados também. Outros estados procuraram o Butantan, outros municípios. Na realidade, 17 estados fizeram termos de intenção da aquisição da vacina e muitos municípios do Brasil”, explicou.
A primeira oferta feita pelo instituto ao ministério foi em julho do ano passado, informou Covas. Um ofício foi enviado à pasta em 30 de julho oferecendo 60 milhões de doses que poderiam ser entregues no último trimestre de 2020. O governo, no entanto, ignorou a proposta.
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